A pesquisa identificou que o estresse modifica a forma como o corpo lida com os alimentos e a energia / Unsplash/Claudia Wolff
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Uma vida agitada, marcada por cobranças, contas a pagar e tensão constante, pode pesar muito além do emocional. De acordo com um estudo publicado no American Journal of Epidemiology, o estresse crônico está diretamente associado ao ganho de peso.
A pesquisa foi conduzida pelo médico norte-americano Jason Block ao longo de nove anos e acompanhou 1.355 adultos entre 25 e 74 anos.
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O trabalho, intitulado Psychosocial Stress and Change in Weight Among U.S. Adults, revelou que a pressão emocional altera o comportamento alimentar e o funcionamento do organismo, especialmente em pessoas com tendência ao sobrepeso.
Situações comuns, como conflitos familiares, instabilidade financeira e problemas no ambiente de trabalho, são gatilhos para o aumento de peso, especialmente entre as mulheres. Nos homens, a sobrecarga surge mais ligada à perda de autonomia e dificuldades profissionais.
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A pesquisa identificou que o estresse modifica a forma como o corpo lida com os alimentos e a energia. Além de desencadear compulsões alimentares, que levam ao consumo excessivo de carboidratos refinados, gorduras trans e alimentos pobres em nutrientes, o estresse também provoca alterações fisiológicas importantes.
Entre os principais impactos, está o aumento nos níveis de cortisol – hormônio que, em excesso, favorece o acúmulo de gordura abdominal e a perda de massa muscular.
Além disso, o corpo passa a produzir mais grelina, substância responsável pelo aumento do apetite, enquanto reduz a produção de leptina, hormônio que ajuda a controlar a saciedade e o gasto energético em repouso.
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O estudo identificou ainda que os gatilhos emocionais que levam ao ganho de peso variam conforme o gênero. Mulheres tendem a engordar em resposta a conflitos familiares, dificuldades financeiras, depressão e ansiedade.
Já os homens são mais afetados quando se sentem impotentes em posições de decisão ou pressionados por exigências do mercado de trabalho.
No entanto, os efeitos são mais evidentes em pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) mais elevado.
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Participantes com IMC no limite do sobrepeso relataram maior ganho de peso quando expostos ao estresse, enquanto aqueles com IMC mais baixo não apresentaram as mesmas alterações.
Em muitos casos, o ganho de peso associado ao estresse não é percebido de imediato. O comportamento compulsivo pode se instalar de forma sutil, levando ao consumo exagerado de alimentos como uma tentativa de compensar o desconforto emocional.
Segundo a nutricionista Joana Lucyk, durante esses períodos o corpo recebe menos vitaminas e minerais e mais calorias vazias, contribuindo para o desequilíbrio metabólico.
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O estudo também reforça a importância de estratégias de enfrentamento que vão além da dieta.
Identificar as causas emocionais do ganho de peso, buscar suporte psicológico e adotar práticas de redução do estresse, como atividade física, meditação e flexibilidade no ambiente de trabalho, são formas eficazes de lidar com o problema de forma mais completa.
A pesquisa de Jason Block aponta ainda para a necessidade de programas corporativos voltados à saúde mental. Medidas como horários mais flexíveis e incentivo à prática de atividades físicas podem reduzir os níveis de estresse entre trabalhadores e, por consequência, ajudar a prevenir o ganho de peso.
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Compreender a ligação entre estresse e obesidade é um passo importante para promover não apenas o bem-estar emocional, mas também a saúde física, especialmente em tempos de rotinas aceleradas e pressões constantes.