Se imaginarmos nosso corpo como uma orquestra, para que a música saia perfeita é fundamental tudo estar afinado / Reprodução
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No mundo contemporâneo, o estresse é cada vez mais comum. O que pouca gente sabe é que esse mal-estar, tão corriqueiro em nossos dias, pode se transformar em algo que impacta na fertilidade, sobretudo em relação ao ciclo feminino. Há décadas, estudiosos têm se debruçado sobre o assunto e já nas pesquisas iniciais era considerada a possibilidade de um evento estressor ser capaz de trazer alterações à função reprodutiva, como irregularidade menstrual, amenorreia (ausência de menstruação) e infertilidade.
Se imaginarmos nosso corpo como uma orquestra, para que a música saia perfeita é fundamental tudo estar afinado, cada instrumento alinhado, dialogando com o outro, dentro da harmonia. É o que explica a ginecologista e obstetra, especialista em Reprodução Humana e integrante da Famivita, Dra. Malu Frade. "Assim é a função reprodutiva, ela deriva de diferentes mecanismos, que contemplam desde o sistema nervoso central, a hipófise e os ovários, passando por outras estruturas endócrinas e órgãos. E, para que ocorra ciclagem menstrual, é necessário que haja uma função ovulatória regular. Isso vai depender, além da questão anatômica de diversos elementos do eixo reprodutivo, de uma sincronia entre as interações deles", enfatiza.
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A Dra. Malu pontua que a presença do estresse tem o potencial de ativar o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano e, com isso, a menstruação pode cessar de modo temporário, resultando em infertilidade transitória. Nessa engrenagem, destacam-se vários sistemas regulatórios, tendo como alguns dos atores principais os hormônios, as conexões nervosas e os neurotransmissores. Relacionados a isso há estudos, inclusive, apontando que quanto maior o nível de ansiedade, menor a chance de gravidez em mulheres submetidas à inseminação artificial.
"Referente às mulheres tentando engravidar, por exemplo, às vezes o nível de estresse é tão alto, naquela fase em que está havendo a busca pela gestação, que pode resultar na paralisação do ciclo por um tempo, o que vai dificultar ainda mais a concepção", explanou. Ela esclarece, contudo, que na prática é difícil estabelecer com precisão esse elo entre estresse e ciclo, afinal, cada organismo é único, diferindo, obviamente, a resposta de cada mulher a um mesmo evento enxergado como estressor.
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Mas não é só isso que afeta o ciclo e, por tabela, a saúde reprodutiva feminina: perda excessiva de peso, anorexia e exercícios físicos extenuantes também figuram entre os fatores, conforme acrescenta a Dra. Malu. A respeito disso, ela adverte que se a menstruação atrasar por mais de três ciclos seguidos, é essencial procurar um médico para saber o motivo. "Excluída a hipótese da gravidez, é preciso ter em mente que a amenorreia é um dos sintomas de diferentes condições clínicas, a exemplo da síndrome dos ovários policísticos, menopausa precoce, doenças uterinas, entre outras causas", assinala.
A Dra. Malu destaca, por outro lado, a necessidade da infertilidade conjugal ser observada sob uma ampla perspectiva, posto que é um problema não apenas de natureza médica, mas também de caráter psicológico e social. “Abrange, ainda, vale enfatizar, tanto a fisiologia feminina como a masculina”, finaliza.
Mais sobre a Famivita e Dra. Malu Frade
A Famivita é uma empresa especializada em saúde feminina, com uma experiência de 10 anos no tema fertilidade. Em sua origem, em 2012, figura o blog Trocando Fraldas - um dos maiores portais sobre o assunto, ele foi fundado por uma “tentante” (como se costuma chamar as mulheres que estão tentando engravidar), a Patrícia Amorim. Atualmente, o Trocando Fraldas conta com mais de 2 mil artigos, recebendo mensalmente até 3 milhões de usuários. Para se ter uma ideia, desde que foi lançado, ele já recebeu mais de 500 milhões de visualizações e 180 milhões de usuários únicos: isso quer dizer que todas as mulheres do Brasil visitaram o portal pelo menos uma vez, na última década.
A Dra. Malu Frade Martins é graduada pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tem residência médica em Ginecologia Obstetrícia, e Reprodução Humana, ambas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Dispõe, ainda, do título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia, e do título de atuação na área de Reprodução Assistida, reconhecidos pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). É membro também da Clínica Frade Said.
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