Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer, neste ano, deverão haver 66 mil novos casos de câncer de mama e cerca de 17 mil mortes / Freepik
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O Centro de Informação e Epidemiologia da Fundação Oncocentro de São Paulo registrou aumento nas taxas de mortalidade por câncer de mama e de colo do útero no estado de São Paulo.
Segundo os registros, é a primeira vez, desde o início dos anos 2000, que esses números apresentam alta.
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Até 2008, os óbitos por essas doenças sofriam queda consistente. Houve então um período de redução menos intensa no caso de câncer de colo do útero e estabilidade no de mama. Porém, em 2016, esses números voltaram a subir.
Em 2019 foi constatado que, a cada 100 mil mulheres, houve 3,2 mortes por câncer cervical e 13,8 por câncer de mama no estado de São Paulo.
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O câncer de mama é o que mais acomete e mata mulheres no Brasil. Já o de colo de útero é o terceiro em incidência e quarto em óbitos na população feminina.
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer, neste ano, deverão haver 66 mil novos casos de câncer de mama e cerca de 17 mil mortes.
Confira mitos e verdades sobre o câncer de mama.
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Os fatores que alteraram o quadro epidemiológico dessas doenças em São Paulo ainda estão sob estudo.
Uma hipótese seria a mudança no comportamento sexual das mulheres, que estariam se infectando com maior frequência pelo vírus do HPV.
Esse vírus pode ser transmitido pelo ato sexual e eleva a incidência de câncer cervical.
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Além disso, as mulheres estão integrando cada vez mais jovens a população economicamente ativa, tendo menos tempo livre e mais dificuldade em rastrear essas doenças.
O aumento nas curvas de mortalidade estaria ligada às falhas nas atuais práticas de rastreamento e diagnóstico precoce.
Atualmente o rastreamento predominante do país é o oportunístico, que ocorre quando a mulher procura uma unidade de saúde para consulta e aproveita para fazer os exames preventivos.
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Porém, o número de mulheres buscando esses exames tem diminuído, Entre 2009 e 2020, foram observadas quedas nos percentuais de cobertura dos testes de citologia.
É necessário ser implementado um sistema de rastreio organizado, com busca ativa de mulheres na faixa etária-alvo para a realização dos exames e acompanhamento dos resultados.
Um estudo publicado na revista Cancer Epidemiology analisou registros de 4.300 mulheres com mais de 25 anos no estado de São Paulo.
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Essas mulheres foram analisadas em 2010 e foi constatado que elas tinham uma lesão de alto grau no colo do útero.
O estudo apontou que uma em cada três pacientes que receberam diagnóstico não apareceram para fazer investigação complementar nos três anos seguintes ao exame.
Outro dado preocupante foi o tempo médio gasto entre a suspeita e a confirmação de diagnóstico. A média do estado de São Paulo é de 190 dias, com variações entre a capital, a região metropolitana e o interior.
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O tempo médio de tratamento foi de 81 dias. O que vai contra a 'Lei dos 60 dias', que defende que todas as pessoas diagnosticadas com câncer devem receber o primeiro tratamento em até 60 dias após o diagnóstico confirmado.
Segundo estudo da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, essa demora no início do tratamento não é exclusividade de países pobres ou de pessoas de renda média. Os Estados Unidos também possuem o mesmo problema no sistema de saúde.
O artigo comparou o atendimento de pacientes com câncer de mama em três hospitais públicos de São Paulo e Rio de Janeiro e dois do Texas.
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O tempo médio entre diagnóstico e primeiro tratamento foi bem próximo, 9,9 semanas no eixo Rio-São Paulo e 9,4 semanas no Texas.
A questão por trás dessa demora seria a desorganização dos sistemas de saúde públicos. Isso gera atraso no rastreio, diagnóstico e início de tratamento.
A pandemia do Covid-19 gerou sobrecarga dos serviços públicos, o que dificulta o controle e combate do câncer.
Durante a pandemia, foram realizados cerca de 1,9 milhão a menos de exames e procedimentos do que o previsto, além da redução de 25% na taxa de início de tratamento de câncer de mama em estágios iniciais.
Outro dado preocupante foi em relação ao câncer cervical. Foram diagnosticados 156 casos a mais, em comparação com o período pré-pandemia, em estado paliativo.