Saúde

Dor nas costas que piora à noite pode ser sintoma de Espondilite Anquilosante

A espondilite anquilosante também pode afetar outras articulações importantes, como quadris e joelhos

Da Reportagem

Publicado em 12/09/2018 às 17:50

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A espondilite anquilosante geralmente se manifesta entre os 15 e 30 anos de idade / Divulgação

Continua depois da publicidade

Dor nas costas. Quem nunca teve um episódio levante a mão! As causas são variadas, como má postura, hérnia de disco, carregar coisas pesadas, excesso de atividade física, entre outras. Porém, quando a dor é na região lombar, piora à noite e melhora com atividade física, por mais de três meses, pode ser uma manifestação de uma doença reumatológica crônica, chamada de Espondilite Anquilosante (EA).
 
A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória crônica, que pertence ao grupo das espondiloartropatias. Mas, de onde vem esse nome tão diferente? O nome vem do grego ankylos, que quer dizer dobrado/curvado, spondylos, que significa vértebra e itis que significa inflamação.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Assim, didaticamente, a espondilite anquilosante é uma doença que causa inflamação crônica nas articulações da coluna, que por sua vez leva à rigidez e à falta de amplitude de movimento das vértebras da coluna, podendo causar ao longo do tempo sérias deficiências físicas, devido ao encurvamento da coluna (cifose).
 
A doença também pode afetar outros órgãos e sistemas do corpo, como olhos levando a quadros de uveíte, e intestino, na presença de doenças inflamatórias intestinais, como a colite. Outra característica é aparecer concomitantemente a outras patologias crônicas, como a psoríase, artrite psoriática e artrite idiopática juvenil. A espondilite anquilosante também pode afetar outras articulações importantes, como quadris e joelhos.  
 
Homens jovens são principais vítimas

Continua depois da publicidade

Segundo o neurocirurgião Dr. Iuri Weinmann, especialista em medicina da coluna, a inflamação das vértebras presente na espondilite anquilosante leva a um processo de fusão entre as estruturas articulares da coluna, chamado de anquilose. “As vértebras vão se fundindo umas às outras. Isso leva a perda gradativa do movimento das articulações, que por sua vez gera rigidez, perda da mobilidade e encurvamento da coluna, chamada de cifose, ou popularmente conhecida como corcunda”,  
 
Porém, como é uma doença que costuma afetar pessoas jovens, em especial homens, a lombalgia pode passar despercebida. A espondilite anquilosante geralmente se manifesta entre os 15 e 30 anos de idade. “O sintoma inicial é a dor lombar que surge à noite, se instala aos poucos e que, em vez de melhorar com o repouso, melhora com exercícios. Outro sintoma é a rigidez matinal. Como é uma doença de natureza insidiosa, ou seja, que surge e progride lentamente, é comum haver atraso no diagnóstico, que pode variar de 8 a 10 anos”, diz Dr. Iuri.
 
Causas são multifatoriais

A causa exata da espondilite anquilosante é desconhecida. Porém, uma das explicações é a presença de um marcador genético, chamado de HLA-B27. Em 60% dos casos no Brasil, os pacientes são portadores deste antígeno. Entretanto, 40 anos após essa descoberta, não é claro porque o HLA-B27 aumenta a predisposição para desenvolver a doença e porque algumas pessoas com este marcador nunca terão espondilite anquilosante. Cerca de 10% da população mundial tem o marcador, mas só 1% desenvolve a doença.
 
A herança genética, por outro lado, é uma causa bem conhecida. Filhos de pais que têm a doença apresentam risco aumentado. Por último, há os fatores ambientais, como o estresse, que podem ser gatilhos para desenvolver a doença.
 
Tratamento pode envolver cirurgia

Continua depois da publicidade

A espondilite anquilosante é uma doença crônica, ou seja, não tem cura. O tratamento visa manter a capacidade funcional e melhorar a qualidade de vida do paciente. Entre os principais objetivos estão a redução da dor e da rigidez, a preservação da função articular e a prevenção de deformidades.
 
“O que ocorre nesses pacientes é uma maior predisposição para ter fraturas na coluna e deformidades, que podem precisar de correção cirúrgica. Com o tempo, alguns pacientes desenvolvem a cifose (corcunda). Quando a cifose está em um estágio em que o paciente só consegue enxergar o solo, é preciso fazer uma osteotomia. Trata-se de uma cirurgia de grande porte em que iremos corrigir a fusão das vértebras, colocando materiais para fixar os ossos e melhorar a postura”, comenta Dr. Iuri.
 
Mas, vale lembrar que o diagnóstico precoce e o tratamento com medicamentos biológicos melhoram de forma considerável os sintomas e atuam na progressão da doença.

“Por isso, é preciso procurar um médico ao apresentar um quadro crônico de lombalgia, sem causa aparente. Quando há histórico familiar de outras doenças reumatológicas ou autoimunes, a atenção deve ser redobrada”, finaliza o médico.

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software