05 de Outubro de 2024 • 16:55
No inverno aumenta a incidência de casos de doenças do aparelho respiratório, dobrando o número de atendimentos em prontos-socorros. O número de óbitos também é alto. Na Baixada Santista, as doenças respiratórias matam mais de mil pessoas por ano, conforme levantamento da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), feito no período de 2002 a 2005. Ao todo morreram 4.629 pessoas durante os quatro anos. Em todas as cidades, a maior incidência de notificações foi na faixa etária de pessoas com mais de 60 anos de idade e entre a população masculina.
Em 2005, 1.127 pessoas morreram de complicações por doenças do aparelho respiratório, na Região Metropolitana. No ano anterior, foram notificados 1.200 falecimentos. Nos anos de 2003 e 2002 foram registradas 1.152 e 1.147 mortes, respectivamente. Santos foi a Cidade que registrou o maior número de óbitos no período analisado: 1.803. A segunda cidade com o maior número de mortes registradas é São Vicente, com 872 casos. Já Bertioga contabilizou 77 óbitos ao longo dos quatro anos do período analisado, o menor índice da Região. Porém, os prontos-socorros de Santos absorvem também a demanda de pacientes de municípios vizinhos.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Santos, os atendimentos nos prontos-socorros da Cidade crescem até 50% durante o inverno. Este ano a estação mais fria do ano começará no dia 21 deste mês, às 15h08. Entre as principais ocorrências verificadas em Santos estão doenças alérgicas, infecciosas e respiratórias como resfriados, bronquite e meningite.
O médico pneumologista, Rui Coelho Pereira, esclarece que a prevenção é a melhor forma de combater as doenças respiratórias. O médico orienta que é necessário evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas, onde aumenta o risco de contágio, uma vez que, segundo ele, a maioria das moléstias respiratórias são infecto-contagiosas. “As mães não devem mandar seus filhos para as creches ou escolas quando estiverem doentes e nos asilos os idosos devem ser afastados dos outros”.
De acordo com o pneumologista, crianças e idosos são mais vulneráveis a essas enfermidades, por isso ele recomenda maiores cuidados para as pessoas nestas faixas etárias. A observação do especialista é confirmada pelo levantamento da Fundação Seade. Conforme a pesquisa Santos teve o maior índice de mortalidade na terceira idade, nos anos de 2002 a 2005. Em quatro anos, morreram 856 pessoas com mais de 80 anos e 231, a partir de 60 anos. Já o município de Guarujá registrou a maior mortalidade infantil da Região: 54 óbitos na faixa de 0 a 4 anos.
“Se a tosse e a coriza persistirem por mais de duas semanas, o doente deve procurar um médico, mas crianças e idosos devem ser levados ao posto de saúde, se os sintomas prevalecerem por mais de 4 dias”, orientou o médico. Entre os sexos, o levantamento revela que no período tabulado morreram 2.453 homens, contra 2.176 mulheres.
Coelho ressaltou que a evolução da pneumonia ou da broncopneumonia — complicações que acometem os pulmões e podem levar à morte — depende do sistema imunológico do doente, contudo enfatizou que é preciso ficar atento aos sintomas. “A secreção (coriza ou catarro) transparente, branca, é normal, mas se o aspecto for amarelado ou esverdeado, o doente deve procurar o médico”.
Já os sintomas da meningite — doença que em sua forma mais grave pode ser fatal em questão de horas — são tosse, rigidez no pescoço, vômito e sonolência, de acordo com o médico. A doença pode ser causada por vírus, fungos e bactérias. As crianças são mais propícias a contraírem a doença e devem ser levadas imediatamente ao médico se apresentarem os sintomas.
Brasil
As doenças que comprometem o aparelho respiratório figuram entre as principais causas de morte no país. Em 2004, entre um milhão de óbitos registrados no Brasil, 102.168 tiveram como causa enfermidades respiratórias, o equivalente a 9,97%. Os dados são da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Antibióticos
O pneumologista, Rui Coelho Pereira, alerta para os riscos da automedicação por antibióticos. “As consequências são gravíssimas para o próprio doente e para os outros. Hoje existem antibióticos para diversos tipos de bactérias. Quando a pessoa toma um tipo de antibiótico por conta própria, além de não fazer efeito vai gerar bactérias mais resistentes tornando mais difícil combatê-las, dificultando também a recuperação do doente, além do risco de transmissão para outras pessoas”, explicou o médico.
Coelho descarta qualquer risco na ingestão de analgésicos e antitérmicos para aliviar os sintomas da gripe e resfriados como febre, coriza e mal estar. “Esses medicamentos podem ser administrados sem problemas, mas os antibióticos, em hipótese nenhuma”.
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