Apenas nos Estados Unidos, mais de 6,5 milhões de pessoas convivem atualmente com o Alzheimer / Freepik
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A relação entre alimentação e saúde cerebral ganhou novas evidências com um estudo realizado nos Estados Unidos. Pesquisadores da Wake Forest University School of Medicine observaram que a dieta cetogênica mediterrânea modificada pode contribuir para reduzir fatores ligados ao risco de Alzheimer, doença neurodegenerativa que preocupa especialistas em todo o mundo.
O impacto é significativo diante dos números: apenas nos Estados Unidos, mais de 6,5 milhões de pessoas convivem atualmente com o Alzheimer.
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No Brasil, a estimativa é de 1,2 milhão de casos, com cerca de 100 mil novos diagnósticos todos os anos. Esses dados reforçam a necessidade de estratégias que possam auxiliar tanto na prevenção quanto no tratamento da doença.
A chamada dieta cetogênica mediterrânea une dois estilos alimentares em um só: de um lado, a ênfase da dieta cetogênica no consumo elevado de gorduras boas e na limitação rigorosa de carboidratos; de outro, os princípios da dieta mediterrânea, baseada em itens frescos e naturais, como azeite extravirgem, peixes ricos em ômega-3, hortaliças com baixo amido e oleaginosas.
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Nesse modelo, o foco principal é cortar açúcares, cereais e leguminosas, dando prioridade a gorduras monoinsaturadas, diferentes fontes de proteínas e vegetais variados, que compõem a base das refeições.
A pesquisa acompanhou 20 adultos, sendo nove diagnosticados com comprometimento cognitivo leve (CCL) e 11 com cognição preservada.
Eles foram submetidos, em períodos alternados de seis semanas, a dois tipos de dieta: uma versão modificada da cetogênica mediterrânea, com baixo teor de carboidratos, e outra com baixo teor de gordura e maior presença de carboidratos.
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Entre as etapas, houve uma pausa de seis semanas, chamada de “washout”, para garantir que os resultados não fossem influenciados por efeitos da dieta anterior.
Ao longo do processo, os cientistas coletaram amostras de fezes no início e no fim de cada fase, além de após a conclusão da segunda etapa, com o objetivo de analisar mudanças no microbioma intestinal.
Os participantes com comprometimento cognitivo leve que seguiram a dieta cetogênica mediterrânea apresentaram níveis reduzidos de ácido gama-aminobutírico (GABA) e dos microrganismos que produzem essa substância.
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Em contrapartida, houve aumento de bactérias reguladoras de GABA, indicando uma modulação benéfica desse neurotransmissor.
O GABA, responsável por funções inibitórias no sistema nervoso central, tem papel importante na saúde cerebral.
Alterações em sua atividade estão associadas a diversas condições neuropsiquiátricas, entre elas o Alzheimer. Segundo os pesquisadores, os achados mostram como a alimentação pode interferir no microbioma intestinal e, indiretamente, na proteção cognitiva.
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Embora os resultados sejam promissores, os cientistas ressaltam que novos estudos, com amostras maiores, são necessários para confirmar o impacto da dieta em pacientes com diferentes estágios de comprometimento cognitivo.