Saúde

Dados da OMS projetam 35,5 milhões de novos casos de câncer em 2050

As estimativas apontam a desigualdade global no impacto da doença e alertam para pressão crescente sobre sistemas de saúde

Giovanna Camiotto

Publicado em 28/11/2025 às 00:25

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O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil / Jairo Marques/PMPG

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a incidência de novos casos de câncer no mundo passará de 20 milhões em 2022 para 35,3 milhões em 2050, aumento de 77%. As estimativas globais revelam grande desigualdade da distribuição da doença, com maiores aumentos previstos para países de baixa e média renda, despreparados para enfrentar a explosão de diagnósticos.

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Os dados foram divulgados pela diretora da Agência Internacional para Pesquisa de Câncer da OMS, Elisabete Weiderpass, no seminário Controle do Câncer no século XXI: desafios globais e soluções locais, promovido pela Fiocruz nesta quinta-feira (27). O encontro marca o Dia Nacional de Combate ao Câncer.

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“São 10 milhões de mortes por câncer no mundo por ano. O câncer de pulmão foi o mais diagnosticado representando 2,5 milhões de novos casos, ou um câncer em cada oito, seguido pelo câncer de mama e colorretal. O câncer de pulmão é a principal causa de mortalidade no mundo representando 1,8 milhão de mortes”, disse Elisabete.

Segundo a diretora, o câncer é uma doença global, mas distribuída de forma desigual entre regiões. “A Ásia, com 60% da população mundial, representa cerca de 50% de todos os casos de câncer no mundo e 56% das mortes de câncer no mundo, indicando problemas estruturais em prevenção, diagnóstico e tratamento”, afirmou.

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Ela também destacou o peso econômico: a perda de produtividade por morte prematura de câncer, considerando 36 tipos da doença em 180 países, custa US$ 566 bilhões, o equivalente a 0,6% do PIB global. “Um terço das mortes [situa-se] no Leste Asiático, em seguida a América do Norte e a Europa Ocidental. Mas quando a gente compara a proporção da perda de PIB, as regiões mais afetadas são as Áfricas Oriental e Central”, detalhou.

No Brasil, o Inca estima 700 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025. A OMS calcula que o número chegará a 1,150 milhão em 2050, aumento de 83% em relação a 2022. As mortes devem alcançar 554 mil, quase o dobro do registrado em 2022. “É um aumento massivo. Sem dúvida, isso vai estrangular o sistema de saúde e tem que ser discutido agora”, alertou Elisabete.

Em vídeo exibido na abertura do evento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou: “Precisamos nos mobilizar para enfrentar duas ações que exigem cooperação, que é o acesso às novas tecnologias e o enfrentamento aos produtos nocivos à saúde, como o tabaco e o consumo de alimentos ultraprocessados”.

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O diretor-geral do Inca, Roberto Gil, reforçou que o câncer tende a se tornar a principal causa de mortalidade no país. “A gente tem uma população envelhecendo. Temos falado de combate ao câncer, mas essa palavra deveria ser trocada por controle ao câncer. É uma doença crônica que precisa ser controlada”, afirmou. Ele destacou ainda que populações vulneráveis seguem mais expostas a riscos, “influenciadas por fatores como gênero, raça e econômicos”.

Para o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, o câncer é “fruto de uma determinação social”. Ele defendeu políticas públicas inclusivas diante do cenário de desigualdade, ao lembrar que a doença, embora crônica, tem cura e prevenção.

O seminário é coordenado por José Gomes Temporão e Luiz Antonio Santini, pesquisadores do projeto Doenças Crônicas e Sistemas de Saúde – Futuro das Tecnologias de Diagnóstico e Tratamento do Câncer, do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz.

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