Como manter seus rins jovens o maior tempo possível; confira algumas regras de ouro / Ilustração/ Alberto Ruggieri
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Eles trabalham horas extras sem nunca reclamar, muitas vezes dobrando a jornada sem pedir descanso. Não estamos falando de funcionários exemplares, mas dos nossos rins: pequenos soldados incansáveis que cumprem silenciosamente funções vitais para o corpo, assumindo responsabilidades muito mais importantes do que imaginamos, e raramente dando sinais de cansaço, até que estejam exaustos.
Essa “resistência” é sua maior força, mas também sua principal fraqueza. Os rins conseguem amortecer danos por muito tempo e, não à toa, temos dois, um pode assumir parte do trabalho do outro em caso de falha.
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O problema é que, quando surgem complicações, os sintomas só aparecem em estágios avançados, quando até 80% da capacidade funcional já pode ter sido perdida.
De acordo com o Estudo da Carga Global de Doenças, a insuficiência renal afeta, em diferentes graus, até 10% da população adulta mundial. Por isso, especialistas reforçam que o caminho está na prevenção e no diagnóstico precoce, fundamentais para preservar a função renal.
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A receita para manter os rins saudáveis não difere muito das recomendações gerais de bem-estar: não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool, praticar atividades físicas e manter uma alimentação equilibrada, com pouco sal e açúcar. Essas medidas também ajudam a controlar obesidade, diabetes e hipertensão, três dos maiores inimigos da função renal.
Com o passar dos anos, é natural que ocorra um declínio progressivo da função renal. Em idosos, episódios de desidratação no verão ou após uma gripe podem causar insuficiência renal aguda. Isso ocorre porque os rins envelhecidos têm menor capacidade de reter água e sal, favorecendo a queda da pressão arterial.
Por isso, é recomendável que idosos consomem um pouco mais de sal em situações de calor intenso ou febre — sempre com orientação médica — e evitem o uso excessivo de anti-inflamatórios não esteroides, que podem sobrecarregar os rins.
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O envelhecimento também dificulta a detecção de hiperfiltração renal, um estágio inicial de sobrecarga que antecede doenças graves, especialmente em diabéticos. Nesses casos, o excesso de glicose no sangue danifica os rins, que passam a trabalhar em ritmo acelerado até entrarem em colapso, levando muitas vezes à necessidade de diálise.
Reconhecer essa condição em rins já comprometidos pela idade é um desafio. Segundo estudos, apenas 10% a 20% das pessoas com doença renal crônica sabem que a possuem, justamente porque os sintomas são inespecíficos, como cansaço, inchaço leve ou pressão alta. Quando os sinais aparecem, metade da capacidade renal pode já ter sido perdida.
Detectar o problema cedo é essencial. O primeiro passo é um exame de urina para medir a albuminúria, que indica se proteínas estão “vazando” pela urina, algo que ocorre quando o sistema de filtração renal está comprometido.
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Além disso, exames de sangue podem avaliar a filtração glomerular (a eficiência dos rins) e identificar anemia, outro possível indicativo de mau funcionamento renal.
Por serem exames simples e baratos, muitos especialistas defendem que o rastreamento da doença renal crônica seja feito na atenção primária, pelos médicos de família.
A proposta é que pacientes entre 55 e 75 anos com fatores de risco (como diabetes, obesidade, hipertensão ou doenças cardíacas) realizem testes regulares de albumina, creatinina e hemoglobina.
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Esse rastreamento precoce permitiria diagnósticos antecipados e encaminhamento rápido a nefrologistas, ajudando a combater o paradoxo atual: uma doença comum e letal, mas ainda subdiagnosticada.
Cada rim contém cerca de um milhão de néfrons, pequenas unidades responsáveis por filtrar o sangue continuamente. Doenças como diabetes e hipertensão, além de infecções urinárias e problemas urológicos, podem destruir parte desses filtros.
Mesmo condições tratáveis, como cálculos renais “esquecidos” por não causarem dor, podem evoluir para insuficiência renal se negligenciadas.
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Por isso, quanto mais cedo a função renal for preservada, melhor será a qualidade e a expectativa de vida. O ultrassom preventivo, indicado especialmente para pessoas com histórico familiar da doença, é um aliado importante para identificar anomalias antes que se tornem graves.
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