Manter um padrão de sono alternativo pode ser desafiador / Pexels/Acharaporn Kamornboonyarush
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Dormir oito horas seguidas à noite ou tirar sonecas ao longo do dia? A resposta para essa dúvida comum não é tão simples quanto parece. Pesquisas realizadas pelo Laboratório de Investigação Médica do Sono da Faculdade de Medicina da USP indicam que não existe um único padrão de sono ideal para todos.
O professor Geraldo Lorenzi Filho, que coordena os estudos, destaca que o sono é algo muito individual e que, embora o modelo monofásico – dormir direto à noite – seja o mais fácil de seguir na sociedade atual, outras formas de descanso também podem funcionar, desde que respeitem o equilíbrio do corpo.
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A evolução dos padrões de sono ao longo da vida mostra que nossa biologia aceita diversas formas de repouso.
Recém-nascidos, por exemplo, dormem de maneira polifásica, com vários cochilos ao longo do dia. Na infância, o padrão passa a ser bifásico, com o sono noturno acompanhado de sonecas diurnas.
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Já na idade adulta, o hábito monofásico se consolida. Mas, com o avanço da idade, os cochilos diurnos tendem a retornar, caracterizando novamente um padrão polifásico.
Antes da eletricidade, os humanos costumavam ter dois períodos de sono à noite, separados por um intervalo de vigília usado para atividades sociais ou vigilância.
Esse comportamento mostra como fatores culturais e ambientais influenciaram os ciclos de descanso ao longo da história.
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Na sociedade moderna, no entanto, manter um padrão de sono alternativo pode ser desafiador. O sistema circadiano – que regula nosso sono com base na liberação de hormônios e na temperatura corporal – impõe horários naturais para dormir.
Fugir desses horários pode causar estresse ao organismo, principalmente entre quem trabalha em turnos noturnos ou tem rotinas irregulares.
As consequências podem ser sérias: distúrbios metabólicos, problemas cardiovasculares, diabetes e alterações de humor são algumas das condições associadas à má qualidade do sono.
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Há casos extremos de adaptação, como o do navegador Amyr Klink, que conseguiu manter um padrão de cochilos de 15 minutos a cada hora durante travessias polares. No entanto, essas situações são raras. A maioria das pessoas sofre quando tenta contrariar seu relógio biológico.
Mesmo assim, os cochilos diurnos podem ser aliados da saúde, desde que sejam breves. Dormir por cerca de 20 minutos ao longo do dia pode ajudar a restaurar a atenção, melhorar o humor e complementar o sono da noite.
Ultrapassar esse tempo, porém, pode levar ao sono profundo e dificultar o despertar, causando ainda mais cansaço.
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Encontrar o equilíbrio ideal entre as necessidades fisiológicas e as demandas do dia a dia é o verdadeiro desafio.
Para muitos, manter o sono noturno contínuo será a melhor opção. Para outros, incluir cochilos estratégicos pode ser o segredo para um bom funcionamento físico e mental. O mais importante é garantir que o descanso seja de qualidade e realmente reparador.