Boneca, batizada de "Alice" em homenagem à idosa, foi personalizada com traços que remetem à infância de Maria Alice / Reprodução/Arquivo Pessoal
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Uma técnica terapêutica que utiliza bonecas hiper-realistas, conhecidas como bebês reborn, tem proporcionado acolhimento emocional e alívio de sintomas para pacientes com Alzheimer. Em Aracaju, Maria Alice, de 90 anos, vivencia os benefícios dessa abordagem não farmacológica graças à iniciativa da filha, a economista Rai Lima, de Curitiba.
Desde 2018, quando surgiram os primeiros sinais da doença, Rai buscava alternativas para melhorar a qualidade de vida da mãe. Diante da evolução do Alzheimer, que trouxe agitação e dificuldades de interação, ela descobriu a terapia com bonecas reborn — prática que vem ganhando destaque em centros geriátricos pelo mundo.
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A boneca, batizada de "Alice" em homenagem à idosa, foi personalizada com traços que remetem à infância de Maria Alice, como olhos claros e nariz delicado, fortalecendo o vínculo afetivo. “Ela segura a boneca com firmeza e não quer soltá-la. A conexão é imediata”, conta Rai ao portal de notícias Mix Vale. O resultado foi surpreendente: a paciente passou a demonstrar mais tranquilidade, afeto e menos episódios de ansiedade.
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A terapia com bonecas não é apenas uma ação simbólica — ela tem embasamento científico. Estudos indicam que a técnica pode reduzir o uso de medicamentos em pacientes com demência, além de amenizar sintomas como agressividade, apatia e inquietação. Em muitos casos, a presença do bebê reborn oferece uma sensação de propósito e proteção, especialmente para idosos que foram pais ou cuidadores no passado.
Segundo informações da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), a resposta emocional que essas bonecas provocam pode ser poderosa, principalmente em fases moderadas da doença. A organização ainda destaca que, embora os bebês reborn não substituam o tratamento médico, eles agregam uma dimensão emocional essencial ao cuidado.
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No dia a dia de Maria Alice, a boneca já é parte da rotina: cuidadoras integram a “Alice” às atividades com naturalidade, evitando apresentá-la como brinquedo. A adaptação foi tranquila, em parte porque a idosa sempre teve perfil maternal. Esse tipo de abordagem respeitosa e gradual é recomendada por especialistas para garantir aceitação.
A técnica, originada em casas de repouso no Reino Unido e Austrália, tem ganhado espaço no Brasil por sua simplicidade e eficácia. Os bebês reborn são criados com detalhes impressionantes — desde o peso até a textura da pele — o que facilita a conexão emocional dos pacientes.
A história de Maria Alice ilustra como recursos simples podem transformar o cuidado com idosos. Ao promover bem-estar e diminuir a necessidade de intervenções medicamentosas, os bebês reborn surgem como aliados poderosos na luta contra os efeitos devastadores do Alzheimer.
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A experiência vivida por Rai Lima e sua mãe reforça a importância de terapias humanizadas, que consideram não apenas os sintomas físicos, mas também os aspectos emocionais de quem enfrenta a doença.