Origem do termo "cobreiro" está ligada a crenças populares que associavam lesões de pele ao toque de animais como aranhas, cobras ou sapos / Divulgação/GovernoSP
Continua depois da publicidade
Você já ouviu alguém dizer que encostar em uma aranha dá cobreiro? Apesar de muito difundida, essa crença não tem base científica.
Segundo o Instituto Butantan, a condição conhecida popularmente como cobreiro é causada por herpes-zóster, uma infecção viral, e não tem relação alguma com aranhas.
Continua depois da publicidade
A herpes-zóster é provocada pelo vírus varicela-zoster, o mesmo que causa a catapora. Ele pode permanecer inativo no organismo por anos e, geralmente, se manifesta novamente em pessoas com o sistema imunológico fragilizado, como idosos.
Quando reativado, o vírus provoca lesões na pele, acompanhadas de ardência, dor intensa, coceira e formigamento, que se concentram em um lado do corpo, como nas costas, tórax ou pescoço.
Continua depois da publicidade
A origem do termo “cobreiro” está ligada a crenças populares que associavam lesões de pele ao toque de animais como aranhas, cobras ou sapos. Entre elas, a caranguejeira — grande, peluda e imponente — tornou-se o principal alvo dessa confusão.
Essas aranhas, da família Theraphosidae, possuem cerdas urticantes que são usadas como mecanismo de defesa.
Quando se sentem ameaçadas, elas liberam esses pelos no ar, que podem causar irritações alérgicas em contato com a pele. A pessoa pode apresentar vermelhidão, coceira intensa, dor leve e até pequenas bolhas.
Continua depois da publicidade
Segundo o aracnólogo Paulo Goldoni, do Instituto Butantan, essas reações podem lembrar os sintomas do cobreiro, o que contribui para a confusão.
No entanto, ele destaca que não existe qualquer ligação entre o contato com aranhas e a ativação do vírus herpes-zóster.
As lesões causadas por herpes-zóster costumam surgir de forma mais agressiva e profunda, com bolhas doloridas que seguem o trajeto de nervos, provocando ardência e até febre.
Continua depois da publicidade
Já a reação alérgica causada por caranguejeiras se limita ao local de contato com os pelos da aranha e, na maioria dos casos, desaparece com uso de anti-histamínicos ou pomadas.
Além disso, a herpes-zóster exige tratamento com antivirais, enquanto as reações às cerdas urticantes não requerem uso de soro, pois não envolvem veneno.
Apesar da aparência, caranguejeiras não são agressivas e costumam fugir do contato com humanos.
Continua depois da publicidade
O veneno que possuem não é perigoso para seres humanos, e a maioria dos acidentes ocorre quando alguém tenta tocar ou capturar esses animais.
Por isso, se você encontrar uma aranha caranguejeira, o melhor a fazer é simplesmente deixá-la seguir seu caminho.
Sim. Existe uma vacina contra herpes-zóster disponível na rede privada de saúde, especialmente recomendada para pessoas acima dos 50 anos.
Continua depois da publicidade
Além disso, a vacina tetravalente viral, oferecida gratuitamente na rede pública, previne a catapora em crianças a partir de 15 meses, reduzindo as chances de manifestação do vírus na fase adulta.