Saúde
Os números mostram uma lacuna crítica no sistema de saúde, deixando milhares sem o suporte necessário. A situação se agrava significativamente com o avanço da idade
Pesquisa britânica revela que 9 em cada 10 adultos no espectro podem estar sem suporte adequado / Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
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Um estudo britânico revelou que a grande maioria dos adultos autistas vive sem um diagnóstico formal. A pesquisa aponta que nove em cada dez pessoas no espectro acima dos 40 anos podem não ter sido identificadas.
Os números mostram uma lacuna crítica no sistema de saúde, deixando milhares sem o suporte necessário. A situação se agrava significativamente com o avanço da idade.
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De acordo com a pesquisa publicada na Annual Review of Developmental Psychology, a taxa de subdiagnóstico é alarmante. Entre os adultos de 40 a 59 anos, 89,3% não possuem diagnóstico. Esse número salta para 96,5% entre as pessoas de 60 a 70 anos. Em contraste, apenas 23,3% dos menores de 19 anos estão nessa situação.
Os cientistas analisaram dados do sistema de saúde do Reino Unido (NHS), que já registra mais de 200.000 pessoas na fila por uma avaliação. Esse cenário cria uma barreira enorme para o acesso ao diagnóstico.
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E ainda sobre este tema, conheça a solução criada por um brasileiro reduz o diagnóstico de autismo e TDAH de 1 ano para 2 semanas.
Os especialistas envolvidos no estudo expressam grande preocupação. Eles argumentam que a falta de diagnóstico priva os adultos de suporte fundamental, tornando-os mais vulneráveis.
O Dr. Gavin Stewart, principal autor do estudo, foi direto ao ponto: "essas estimativas muito altas de subdiagnóstico sugerem que muitos adultos autistas nunca foram reconhecidos como autistas e não receberam o apoio adequado."
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Consequentemente, essas pessoas ficam mais suscetíveis a problemas sérios. A pesquisa associa a falta de suporte a um maior risco de isolamento social, problemas de saúde mental e até condições físicas, como doença de Parkinson e artrite.
O estudo também destacou uma diferença significativa de gênero. Entre adultos de 40 a 59 anos, 91,5% dos homens e 79,4% das mulheres não foram diagnosticados. A explicação, segundo os especialistas, está na "camuflagem social".
Muitas meninas e mulheres conseguem mascarar seus sintomas – consciente ou inconscientemente – para se encaixarem. Essa camuflagem pode envolver imitar sinais sociais e suprimir comportamentos, tornando os traços autistas muito mais difíceis de detectar pelos profissionais.
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Os pesquisadores fazem uma autocrítica importante. Eles admitem que os estudos científicos “sistematicamente ignoraram uma grande proporção da população autista”. Isso distorce a compreensão sobre o envelhecimento dessa comunidade e cria lacunas em políticas públicas.
A professora Francesca Happé, coautora do estudo, reforça a urgência: "Compreender as necessidades das pessoas autistas à medida que envelhecem é uma preocupação urgente de saúde pública global." Ela defende uma abordagem que integre cuidados personalizados e expanda os apoios sociais para garantir uma vida saudável e feliz para os idosos autistas.
Portanto, o estudo serve como um alerta global. Reconhecer e diagnosticar o autismo em adultos é um passo crucial para construir uma sociedade mais acolhedora e com suporte adequado em todas as fases da vida.
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