Canção foi o centro de uma disputa histórica que quase destruiu o grupo / Divulgação
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Você provavelmente já ouviu a melodia melancólica de "First of May" embalando ceias de Natal ou especiais de fim de ano. Mas o que poucos sabem é que essa canção, além de não ter sido escrita para o Natal, foi o estopim de uma das maiores crises na carreira dos irmãos Gibb.
O que nasceu como um lamento sobre o fim da infância em 1969, acabou "adotado" pelo espírito natalino décadas depois, tornando-se uma presença constante e emocionante nas celebrações de dezembro.
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Diferente de músicas que falam de papai noel ou trenós, "First of May" toca em um ponto sensível da experiência humana: a perda da inocência.
No início da letra, Barry Gibb canta: "When I was small, and Christmas trees were tall" (Quando eu era pequeno, e as árvores de Natal eram altas).
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Ao avançar para o refrão, a perspectiva muda: "Now we are tall, and Christmas trees are small" (Agora somos altos, e as árvores de Natal são pequenas).
Essa metáfora visual é avassaladora. Para uma criança, a árvore de Natal é um monumento gigante e mágico; para o adulto, ela é apenas um objeto que cabe na sala.
Essa percepção de que o tempo passou e o mundo "encolheu" é o que faz a música ressoar tão forte em dezembro, época em que todos ficamos mais reflexivos.
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Lançada originalmente no ambicioso álbum Odessa (1969), a canção foi o centro de uma disputa histórica que quase destruiu o grupo. O líder Barry Gibb e o empresário Robert Stigwood insistiram que ela fosse o lado A do single.
O problema? Isso significava deixar para trás "Lamplight", uma composição de Robin Gibb. A decisão feriu profundamente o ego de Robin, que se sentiu subestimado e chegou a deixar o grupo por quase dois anos. Ironicamente, a música que causou o racha — com sua icônica metáfora das macieiras que crescem enquanto o amor diminui — tornou-se uma das marcas registradas da genialidade de Barry.
Embora o título remeta explicitamente ao dia 1º de maio (primavera no hemisfério norte), a atmosfera da música sempre flertou com a solenidade. Mas sua transformação oficial em um standard natalino deve muito ao mundo da ópera e do crossover clássico.
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A virada de chave aconteceu no concerto "Christmas in Vienna V". A soprano Sarah Brightman apresentou a canção ao lado de lendas como Plácido Domingo e Helmut Lotti. A roupagem orquestral em um contexto estritamente natalino mudou para sempre a percepção do público: "First of May" não era mais apenas um pop dos anos 60; era uma prece de inverno.
Em 2008, Sarah Brightman selou esse destino ao incluir a música no álbum A Winter Symphony. Com a adição de sinos e arranjos voltados para o clima de fim de ano, a obra deixou de ser um sucesso das rádios para se tornar um hino de reflexão para a ceia. Ouça abaixo:
Especialistas apontam que o segredo está na nostalgia. O Natal é o período oficial de balanço emocional. O contraste entre "o que éramos" e "o que somos hoje" — tema central da letra — ressoa profundamente com quem se reúne com a família e sente o peso do tempo.
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Hoje, seja na voz aveludada dos Bee Gees ou nas interpretações líricas, a canção é um lembrete de que certas melodias permanecem eternas, mesmo quando as árvores crescem e os anos passam.
1969: Lançamento original e a saída de Robin Gibb da banda.
1998: A estreia triunfal no universo natalino com Sarah Brightman e Plácido Domingo.
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2008: Inclusão definitiva no cancioneiro de inverno com o álbum A Winter Symphony.