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Nave alienígena? James Webb revela a verdadeira (e estranha) face do cometa 3I/ATLAS

A coloração incomum pode estar ligada à presença de níquel e ferro vaporizados no coma do cometa.

Nathalia Alves

Publicado em 18/12/2025 às 22:45

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Especialistas analisam como a radiação solar reage com elementos metálicos liberados pelo cometa. / NASA/ESA/UCLA/STScI

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Desde a sua descoberta em 1º de julho de 2025, o cometa interestelar 3I/ATLAS tem alimentado tanto a imaginação do público quanto a curiosidade científica. A origem extrassolar do visitante, além do nosso Sistema Solar, levanta questões sobre o que ele pode revelar sobre regiões distantes do cosmos.

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Até um artigo preliminar, não revisado por pares, chegou a levantar a hipótese de que o objeto seria um artefato alienígena camuflado. A proposta foi prontamente rejeitada pela comunidade científica, sendo considerada especulativa e fora dos padrões metodológicos.

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No entanto, observações reais realizadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) trouxeram descobertas genuinamente surpreendentes.

Em um estudo preliminar publicado no repositório Zenodo, pesquisadores usando o espectrômetro NIRSpec do Webb revelaram que a coma do cometa, a nuvem de gás e poeira ao seu redor, é dominada por dióxido de carbono (CO).

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A proporção é inédita, cerca de oito vezes mais CO do que água, superando em mais de seis vezes a variação típica observada em cometas do nosso Sistema Solar.

Essa composição rica em CO sugere que o 3I/ATLAS se formou em um ambiente muito diferente do nosso, possivelmente mais frio ou sob condições químicas distintas.

Imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS captada pelo Hubble em 21 de julho de 2025 revela um invólucro de poeira com formato de lágrima envolvendo o núcleo gelado, quando o objeto estava a cerca de 446 milhões de quilômetros da Terra / NASA/ESA/UCLA/STScI
Imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS captada pelo Hubble em 21 de julho de 2025 revela um invólucro de poeira com formato de lágrima envolvendo o núcleo gelado, quando o objeto estava a cerca de 446 milhões de quilômetros da Terra / NASA/ESA/UCLA/STScI
O cometa interestelar 3I/ATLAS aparece em destaque no registro feito pela câmera pancromática L'LORRI, da sonda Lucy, em 16 de setembro de 2025, evidenciando sua coma difusa e a cauda de gás durante a aproximação de Marte, a 386 milhões de quilômetros da espaçonave / NASA/Goddard/SwRI/JHU-APL
O cometa interestelar 3I/ATLAS aparece em destaque no registro feito pela câmera pancromática L'LORRI, da sonda Lucy, em 16 de setembro de 2025, evidenciando sua coma difusa e a cauda de gás durante a aproximação de Marte, a 386 milhões de quilômetros da espaçonave / NASA/Goddard/SwRI/JHU-APL
Em 2 de outubro de 2025, a câmera HiRISE, a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, observou o cometa interestelar 3I/ATLAS quando ele estava a aproximadamente 0,2 unidade astronômica, cerca de 30 milhões de quilômetros da espaçonave / NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
Em 2 de outubro de 2025, a câmera HiRISE, a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, observou o cometa interestelar 3I/ATLAS quando ele estava a aproximadamente 0,2 unidade astronômica, cerca de 30 milhões de quilômetros da espaçonave / NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
O Telescópio Espacial Hubble voltou a registrar o cometa interestelar 3I/ATLAS em 30 de novembro, utilizando a Wide Field Camera 3, ampliando o acompanhamento do objeto durante sua passagem pelo Sistema Solar / NASA/ESA/STScI/UCLA/Observatório de Xangai; processamento: J. DePasquale
O Telescópio Espacial Hubble voltou a registrar o cometa interestelar 3I/ATLAS em 30 de novembro, utilizando a Wide Field Camera 3, ampliando o acompanhamento do objeto durante sua passagem pelo Sistema Solar / NASA/ESA/STScI/UCLA/Observatório de Xangai; processamento: J. DePasquale
Registro sutil do cometa interestelar 3I/ATLAS obtido pela missão SOHO entre 15 e 26 de outubro de 2025 mostra o objeto como um leve brilho no centro da imagem / Observatório Lowell/Qicheng Zhang
Registro sutil do cometa interestelar 3I/ATLAS obtido pela missão SOHO entre 15 e 26 de outubro de 2025 mostra o objeto como um leve brilho no centro da imagem / Observatório Lowell/Qicheng Zhang
Uma composição em ultravioleta capturada pela sonda MAVEN em 28 de setembro de 2025 destaca átomos de hidrogênio ao redor do cometa interestelar 3I/ATLAS, visível como um ponto tênue à esquerda, distinto das emissões de Marte e do hidrogênio interplanetário / NASA/Goddard/LASP/CU Boulder
Uma composição em ultravioleta capturada pela sonda MAVEN em 28 de setembro de 2025 destaca átomos de hidrogênio ao redor do cometa interestelar 3I/ATLAS, visível como um ponto tênue à esquerda, distinto das emissões de Marte e do hidrogênio interplanetário / NASA/Goddard/LASP/CU Boulder

Por que o cometa fica verde?

O brilho esverdeado do 3I/ATLAS ocorre devido à liberação de gases quando o cometa é aquecido pela radiação solar. À medida que o gelo do núcleo sublima, compostos orgânicos ricos em carbono são liberados e quebrados pela luz ultravioleta do Sol, formando o carbono diatômico (C).

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Esse composto, ao absorver energia, reemite luz em comprimentos de onda verdes, produzindo a coloração característica observada ao redor do núcleo do cometa.

O efeito costuma ser mais intenso na coma, já que o C se dissocia rapidamente à medida que se afasta, enquanto a cauda, composta principalmente por poeira, reflete a luz solar e tende a apresentar tons mais claros ou amarelados.

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