Variedades

Entre a mata e a viola: a origem dos nomes de Chitãozinho & Xororó

Os nomes fazem referência a duas espécies de inhambus bastante conhecidas no Brasil e eternizadas na música caipira

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário do Litoral

Publicado em 24/12/2025 às 12:37

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O inhambu-chintã, inspiração para o nome de Chitãozinho. Suas penas traseiras lembram o padrão do tecido de chita, o que deu origem ao seu apelido popular / Wikimedia Commons
O inhambu-chintã, inspiração para o nome de Chitãozinho. Suas penas traseiras lembram o padrão do tecido de chita, o que deu origem ao seu apelido popular / Wikimedia Commons
Discreto e difícil de fotografar, o inhambu-chororó prefere ambientes abertos. Na música sertaneja, sua voz se tornou símbolo da vida no campo e batizou o cantor Xororó / Dario Sanches/Wikimedia Commons
Discreto e difícil de fotografar, o inhambu-chororó prefere ambientes abertos. Na música sertaneja, sua voz se tornou símbolo da vida no campo e batizou o cantor Xororó / Dario Sanches/Wikimedia Commons
José de Lima Sobrinho adotou o nome artístico Chitãozinho. Curiosamente, assim como a ave que o inspira é ligeiramente maior que a do irmão, o cantor também é o mais alto da dupla / Sérgio (Savaman) Savarese/Wikimedia Commons
José de Lima Sobrinho adotou o nome artístico Chitãozinho. Curiosamente, assim como a ave que o inspira é ligeiramente maior que a do irmão, o cantor também é o mais alto da dupla / Sérgio (Savaman) Savarese/Wikimedia Commons
Durval de Lima, o Xororó. O nome faz referência a uma das aves mais emblemáticas da fauna brasileira, conhecida por ser mais ouvida do que vista em meio à vegetação / Sérgio (Savaman) Savarese/Wikimedia Commons
Durval de Lima, o Xororó. O nome faz referência a uma das aves mais emblemáticas da fauna brasileira, conhecida por ser mais ouvida do que vista em meio à vegetação / Sérgio (Savaman) Savarese/Wikimedia Commons
União entre natureza e arte: a dupla mais longeva do Brasil buscou nas raízes da fauna nacional a identidade que os imortalizou nos palcos / Divulgação
União entre natureza e arte: a dupla mais longeva do Brasil buscou nas raízes da fauna nacional a identidade que os imortalizou nos palcos / Divulgação
A homenagem aos inhambus começou com a canção de Athos Campos e Serrinha e se transformou em um legado que une a música caipira à preservação da história natural brasileira / Divulgação
A homenagem aos inhambus começou com a canção de Athos Campos e Serrinha e se transformou em um legado que une a música caipira à preservação da história natural brasileira / Divulgação

Os nomes fazem referência a duas espécies de inhambus bastante conhecidas no Brasil e eternizadas na música caipira. / Divulgação

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Uma das duplas mais importantes e longevas da música brasileira, Chitãozinho & Xororó teve seus nomes artísticos inspirados em aves típicas da fauna nacional. Os nomes fazem referência a duas espécies de inhambus bastante conhecidas no Brasil e eternizadas na música caipira.

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Chitãozinho

O nome Chitãozinho tem origem no inhambu-chintã (Crypturellus tataupa), ave de hábitos terrestres encontrada desde o Nordeste brasileiro até a Argentina, onde é conhecida como perdiz del monte ou perdiz del hogar. A espécie mede cerca de 21 centímetros de comprimento e aproximadamente 15 centímetros de altura.

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Relativamente comum em grande parte do Brasil, o inhambu-chintã apresenta boa resistência às alterações provocadas pela ação humana. Habita capoeirões, espigões de mata secundária, áreas de plantações degradadas inseridas em ambientes de mata nativa primitiva, além de áreas agrícolas.

O nome chitã ou chitão tem origem no desenho das penas traseiras, que, no imaginário popular antigo, lembrava um “pano de chita”.

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A reprodução ocorre, geralmente, entre setembro e dezembro, período em que a ave bota de três a cinco ovos de coloração rosada. A incubação é feita pelo macho e dura, em média, 19 dias.

O inhambu-chintã foi imortalizado na composição de Athos Campos e Serrinha, interpretada por Tonico e Tinoco, música que acabou inspirando a origem do nome artístico da dupla Chitãozinho & Xororó.

Curiosamente, assim como ocorre entre as aves que deram origem aos nomes, José de Lima Sobrinho (Chitãozinho) é mais alto que o irmão Durval de Lima (Xororó). No litoral paulista, a espécie já foi registrada em municípios como Caraguatatuba e Peruíbe.

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Xororó

O nome Xororó faz referência ao inhambu-chororó (Crypturellus parvirostris), espécie encontrada em quase todo o território brasileiro, além de países como Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina.

Com cerca de 19 centímetros de comprimento, a ave prefere ambientes abertos ou em regeneração, como campos “sujos”, capoeiras, divisas de pastos e áreas agrícolas, incluindo plantações de milho, sorgo, algodão e café.

Trata-se de uma ave mais facilmente ouvida do que vista, o que dificulta seu registro fotográfico. Assim como o inhambu-chintã, o inhambu-chororó também foi citado na composição de Athos Campos e Serrinha, nas vozes de Tonico e Tinoco, reforçando sua ligação cultural com a música sertaneja raiz.

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Sua alimentação é variada e inclui pequenas sementes, insetos, vermes, artrópodes e moluscos encontrados no tapete de folhas em decomposição. Para se alimentar, a ave revira folhas secas e pedaços de madeira apodrecida com o bico.

A espécie bota de quatro a cinco ovos por ninhada, com período de incubação que varia entre 19 e 21 dias. Não há registros desta espécie no site WikiAves, para o litoral paulista.

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