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Descoberta surpreendente: Titã pode não ter oceano subterrâneo, dizem cientistas

Nova análise dos dados da sonda Cassini desafia a hipótese de um oceano global sob o gelo da lua

Nathalia Alves

Publicado em 18/12/2025 às 14:39

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Descoberta muda a forma como cientistas avaliam o potencial de habitabilidade da lua de Saturno. / Reprodução/Space today

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Um novo estudo publicado na revista Nature em dezembro de 2025 desafia a ideia de que Titã, a maior lua de Saturno, possui um oceano global sob sua superfície gelada.

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Segundo a pesquisa liderada por Flavio Petricca, do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, a lua provavelmente abriga bolsões de água líquida isolados, formados em uma camada de gelo de alta pressão próxima ao ponto de fusão.

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Titã, maior que o planeta Mercúrio e a maior das 274 luas de Saturno, sempre despertou interesse dos cientistas devido à sua complexidade. Durante 13 anos de exploração pelo sistema de Saturno, entre 2004 e 2017, a missão Cassini realizou 124 sobrevoos da lua, usando radar e outros instrumentos para mapear sua superfície através da densa névoa atmosférica.

O interior da lua

A sonda revelou rios, lagos e mares de metano e etano, dunas de areia orgânica, montanhas de gelo e vastas planícies — tornando Titã o único corpo do Sistema Solar além da Terra com líquidos estáveis na superfície, embora esses líquidos sejam hidrocarbonetos, e não água.

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Até agora, uma das hipóteses mais fascinantes sugeria a existência de um oceano subterrâneo de água líquida, baseado nas deformações da lua sob as forças gravitacionais de Saturno. No entanto, a nova análise dos dados de gravidade coletados pela Cassini indica que a intensa dissipação de energia de maré no interior de Titã é incompatível com a presença de um oceano global.

Titã, a maior lua de Saturno, pode não ter um oceano subterrâneo como se acreditava até agora/Space Today
Titã, a maior lua de Saturno, pode não ter um oceano subterrâneo como se acreditava até agora/Space Today
Nova análise de dados da missão Cassini indica a presença de bolsões isolados de água líquida sob o gelo/Space Today
Nova análise de dados da missão Cassini indica a presença de bolsões isolados de água líquida sob o gelo/Space Today
Durante 13 anos, a sonda Cassini realizou mais de 120 sobrevoos e revelou um mundo surpreendentemente complexo/Space Today
Durante 13 anos, a sonda Cassini realizou mais de 120 sobrevoos e revelou um mundo surpreendentemente complexo/Space Today
Titã é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, com rios e mares estáveis na superfície  feitos de metano/NASA
Titã é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, com rios e mares estáveis na superfície feitos de metano/NASA
O calor gerado pelas forças de maré pode manter regiões internas parcialmente derretidas/NASA
O calor gerado pelas forças de maré pode manter regiões internas parcialmente derretidas/NASA
A missão Dragonfly deve investigar a superfície de Titã e ajudar a responder se a lua pode abrigar vida/NASA
A missão Dragonfly deve investigar a superfície de Titã e ajudar a responder se a lua pode abrigar vida/NASA

Hipótese do oceano subterrâneo

A pesquisa utilizou técnicas avançadas de processamento de dados, incluindo algoritmos de compressão de fase para rastreio por rádio, que reduziram o ruído em até 30%, permitindo medir pela primeira vez a energia dissipada no interior da lua.

Os resultados mostram que Titã dissipa cerca de 3 a 4 terawatts (TW) devido às forças de maré, um valor muito superior ao calor gerado por elementos radioativos em seu núcleo.

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O modelo proposto pelos cientistas descreve Titã com uma camada externa de gelo Ih de aproximadamente 170 km, dividida em regiões condutiva e convectiva.

Abaixo, o gelo se transforma em formas de alta pressão, gelo III, V e VI, totalizando cerca de 378 km de espessura. É nesta camada que ocorre a maior parte da dissipação de energia, tornando possível a formação de bolsões de água líquida ou de uma lama parcialmente derretida.

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Mesmo pequenas frações de fusão poderiam criar volumes de água equivalentes ao Oceano Atlântico ou ao Mar Mediterrâneo, representando nichos crioecológicos únicos.

O calor gerado também pode transportar nutrientes e compostos orgânicos através do gelo, criando ambientes dinâmicos potencialmente habitáveis, semelhantes aos ecossistemas de gelo marinho da Terra. Essa descoberta muda a perspectiva sobre a habitabilidade de Titã, focando em oásis líquidos escondidos em vez de um oceano global.

A atmosfera de metano

Além disso, o estudo oferece explicações para a persistência da atmosfera de metano, que deveria ter desaparecido há bilhões de anos. A presença de uma camada de clatratos de metano acima do gelo de alta pressão poderia liberar lentamente o gás, sustentando a atmosfera densa de Titã por eras.

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Comparações com Ganimedes, lua de Júpiter, mostram que mundos semelhantes podem ter evoluções internas muito diferentes. Enquanto Ganimedes possui um oceano subsuperficial mantido por calor de maré e isolamento térmico, Titã evoluiu de forma distinta, com dissipação de maré intensa, mas suficiente para impedir a fusão generalizada de seu interior.

O futuro da exploração

A missão Dragonfly da NASA, programada para explorar a superfície de Titã, promete fornecer novos dados sobre sua geografia, química e potencial de vida, permitindo aos cientistas entender melhor os complexos processos internos e a habitabilidade da lua.

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