O filme "Abequar" teve sua primeira exibição no último sábado (8) com 13 indígenas presentes / Divulgação
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O filme “Abequar” teve sua primeira exibição no último sábado (8) com ingressos esgotados no Cinemark do Shopping Cidade São Paulo. A sessão foi marcada por forte emoção ao reunir 13 indígenas da Aldeia Guarani do Rio Silveira, localizada entre Bertioga e São Sebastião, que assistiram pela primeira vez a um filme em uma sala de cinema.
Dirigido por Jaya Vitali, o longa-metragem conta a história de Abequar, um menino indígena que, por curiosidade, entra acidentalmente em um avião de contrabandistas e aterrissa na capital paulista. Longe de sua aldeia, Abequar, cujo nome em tupi-guarani significa “homem que voa”, precisa enfrentar os paradoxos da vida do homem branco e buscar na sabedoria ancestral de seu povo a força para continuar.
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A obra poética propõe um diálogo entre a tradição indígena e a modernidade, convidando o espectador a refletir sobre o verdadeiro sentido de progresso e pertencimento.
O diretor Jaya Vitali explica a intenção do projeto: “O filme nasce do desejo de aproximar universos que raramente se escutam. Queremos provocar uma reflexão sobre como a desconexão com a natureza afeta não só o planeta, mas também o espírito humano”.
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Filmado parcialmente na Aldeia Guarani do Rio Silveira, o filme foi produzido de forma “proto independente”, com um orçamento de cerca de R$ 80 mil, mas sustentado pelo envolvimento direto da comunidade indígena.
Os protagonistas são indígenas: Kwaray Djaaka interpreta Abequar criança, Abrão Mayoruna Raoni em Aruanas da Globoplay vive o personagem jovem e adulto, e Djagwa Tukumbó, escritor, artesão e ativista, dá vida ao Abequar ancião.
Para Djagwa Tukumbó, participar do filme foi uma experiência transformadora. “A sensação é uma das melhores. Ver que o público entendeu a mensagem do filme é muito importante pra nós. Essa obra traz um despertamento, e convida as pessoas a voltarem à origem, à natureza, que é nossa verdadeira casa”, afirmou o autor e intérprete.
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O ator Abrão Mayoruna também celebrou o sucesso da estreia e a presença do público: “Foi muito emocionante ver a sala cheia, tocando o coração das pessoas. É um filme que quebra barreiras e mostra que o diálogo entre os mundos é possível”. Veja algumas imagens abaixo.
Entre os convidados da aldeia, o indígena Gil, que participou das gravações, descreveu a sessão como inesquecível. “Foi a primeira vez que vi um filme no cinema. Fiquei muito feliz, porque o filme mostra nossa realidade, sem mentiras. É o começo de uma história que ainda tem muito pra contar”.
A psicóloga Fabiana Morillo, presente na sessão, destacou a carga emocional do longa. “Eu me emocionei bastante. Realmente o filme traz uma reflexão sobre as origens de cada um, que muitas vezes nós perdemos na correria em que vivemos e nessa grande cidade que é São Paulo. Assim como Abequar, nós também precisamos resgatar e respeitar as nossas origens”.
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O diretor Jaya Vitali revelou ainda que a ideia de Abequar começou em 2017 como uma ópera rock. “A ideia surgiu da pergunta: que tipo de civilização é essa que chega ao auge da tecnologia e ainda vive em guerra e fome? A partir daí, pensei que talvez os únicos capazes de propor uma nova forma de viver sejam os povos que ainda preservam sua conexão com a natureza”.
Após a estreia, Abequar segue para o circuito de festivais no Brasil e no exterior. A equipe planeja novas sessões em São Paulo devido à forte procura. “A parceria com o Cinemark foi incrível. Ver a aldeia se assistindo na tela pela primeira vez é algo que não tem preço”, concluiu Vitali.