ENTREVISTA

Dinho Ouro Preto revela expectativa por show de 40 anos do Capital Inicial em SP: 'Vai ser único'

Em entrevista ao Diário, o vocalista relembrou trajetória, assumiu erros e se disse na expectativa de apresentar show comemorativo na Capital

Natália Brito*

Publicado em 20/01/2024 às 09:13

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Capital Inicial encerra a turnê comemorativa de 40 anos com um show especial / Leo Aversa/Divulgação

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A banda Capital Inicial encerra a turnê comemorativa de 40 anos com um show especial. Intitulada "Capital Inicial 4.0", a turnê já passou por mais de 60 cidades brasileiras, com ingressos esgotados, em apresentações que trazem hits repaginados, novidades e lados B. A banda, que teve início nos anos 1980 em Brasília, encerra a turnê comemorativa em São Paulo, no dia 29 de junho.

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Em entrevista ao Diário, o vocalista Dinho Ouro Preto falou sobre a trajetória do Capital Inicial, os altos e baixos durante a carreira e também a expectativa para esse último show em São Paulo. “É na capital que o Capital é mais ouvido, é a nossa casa. Esse show vai ser único, singular, inesquecível.”

O Capital Inicial teve início durante os últimos anos do regime militar no Brasil, no começo dos anos 1980, marcando a cena musical ao lado de Paralamas do Sucesso, Titãs e Legião Urbana. Depois de anos de um regime autoritário, a juventude de classe média de Brasília, mais especificamente estudantes da UnB (Universidade de Brasília), tinham o desejo de experimentar o novo. O surgimento do movimento punk rock no exterior também foi um start para algo semelhante no País.

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“As bandas de Brasília começaram durante o governo Figueiredo. Naquele momento havia no ar uma sensação sufocante, mas também mobilizante. Havia esperança que o regime poderia cair, que a ditadura militar poderia e deveria ser contestada. Nós, numa mistura de ingenuidade e pretensão, achávamos que estávamos contribuindo para esse fim. Lembro de achar que o que estávamos fazendo era historicamente importante e subversivo”, relembrou Dinho. 

O cantor, que começou muito cedo na música, relembrou que não tinha projeção de chegar a tantos anos de carreira e observou as grandes mudanças no cenário musical durante esses anos.

“Tudo era muito espontâneo e nada calculado. Não passava pela minha cabeça que sequer iríamos gravar discos. De lá para cá tudo mudou, tanto na indústria da música quanto na forma que ela é consumida. As gravadoras não detêm mais o monopólio que antes tinham. Hoje é possível construir uma carreira independente, sua banda pode vir a gravar com qualidade e disponibilizar sua música em todas as plataformas diferentes. Existem mais possibilidades para seguir em frente", disse.

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"Tudo isso me parece um derivado, uma consequência, dos smartphones. Plataformas de streaming democratizaram o acesso ao público. É claro que o outro lado da moeda é que existe um oceano de informação a disposição de todos. É muita gente. São muitos artistas. No meio desse ruído todo é complicado se destacar", analisou.

O que começou de forma espontânea, entre amigos, logo tomou uma proporção enorme e conquistou o público. Dinho falou da surpresa quando a banda estourou e o que se seguiu a partir disso, como várias turnês, discos e prêmios.
 
“Me surpreendi ao ver tudo se tornado mais profissional. O primeiro disco e logo em seguida vários outros. Como nada havia sido planejado ou calculado, foi tudo uma imensa surpresa. Pessoalmente, tive dificuldade em lidar com essa repentina exposição, era como aprender a andar de bicicleta com ela em movimento. Quando essa ficha caiu para mim, tudo mudou e comecei a me divertir mais. Tivemos vários bons momentos. Conheci muita gente, fiz muitos amigos.”

Dinho Ouro preto relebra altos e baixos da carreiraDinho Ouro preto relebra altos e baixos da carreira (Manuela Ventura/Divulgação)

Uma carreira com grandes sucessos e anos de estrada também reservou alguns arrependimentos. Chegar ao marco de 40 anos de trajetória não só traz satisfação, mas também uma reflexão sobre os caminhos que foram trilhados. 

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“Sei que é inútil e eu deveria estar em paz com meu passado, já que não há nada nele que possa ser mudado. Mas sim, se eu pudesse eu mudaria várias coisas. Em alguns discos eu deveria ter tomado mais cuidado. Em vários momentos eu tropecei na minha língua. Falei demais ou me expressei mal. Eu gostaria de ter tentado fazer carreira fora do Brasil. Em outros momentos acho que deveríamos ter nos arriscado mais.”

A expectativa é grande para o encerramento da comemoração de quatro décadas de carreira. O vocalista ressaltou a mistura de sentimentos que é chegar tão longe e fazer parte da história da música do Brasil.

"É uma mistura de realização e surpresa. Uma das maiores realizações do Capital, na minha opinião, é ver um público de todas as idades indo aos shows. O que demonstra que conseguimos encontrar ressonância com diferentes gerações, o que entendo como um caminho para seguir em frente. A turnê também foi bem em todas as regiões do País o que ajuda a consolidar essa longa aventura. Mas, como eu respondi em uma das perguntas anteriores, é preciso tomar cuidado e não se carregar pela autoindulgência e excesso de confiança. Foi tudo superbacana, mas é sempre bom ser o crítico mais severo de você mesmo".

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Dinho falou ainda sobre a satisfação que é realizar os shows de comemoração dessa trajetória, mas ressaltou que esse marco é só mais um e revela os planos futuros pra banda. 

"É uma realização. Mas também um momento de olhar para trás e tentar entender o que nos aconteceu. Avaliar os acertos, os erros e nos prepararmos para o futuro. O Capital é uma parte grande de mim e uma grande da vida dos nossos fãs também. Essa experiência foi uma como um prêmio, um troféu para nós e para eles. A turnê foi ótima, mas nossa carreira não acaba com ela. Estamos para começar um disco novo. E minha cabeça já está completamente envolvida com nosso próximo passo."

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Por último o artista falou da escolha de realizar o último show em São Paulo, cidade que hoje é morada dos integrantes da banda.

"O último show vai ser no epicentro do nosso fã clube. Há décadas atrás escolhemos morar em São Paulo por acharmos mais a nossa cara. Hoje somos percebidos como uma banda meio paulistana. De Brasília, mas paulista também. É na capital que o Capital é mais ouvido, é onde temos nosso maior público. É de onde construímos essa história. É onde nossos filhos nasceram. É a nossa casa. Esse show vai ser único, singular, inesquecível."

*Assistente de redação, sob supervisão

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