11 de Outubro de 2024 • 15:00
No último dia 15 de novembro, a primeira religião brasileira celebrou 102 anos. No entanto, mais de um século depois, a Umbanda ainda é vista com preconceito, confundida com religiões de matrizes africanas e nem mesmo é reconhecida como religião por uma parcela da população.
“A Umbanda é uma religião brasileira”, afirmou o presidente da União Espírita Santista, Pai Marcio de Ogum, em resposta à declaração que o comerciante de artigos religiosos de matrizes africanas Nilo Monteiro deu à reportagem do DL.
Na última edição especial do DL de 26/27 de dezembro, Nilo declarou que: “Não considero a Umbanda como uma religião, e sim, uma crença”, ao que Pai Marcio de Ogum rebateu indignado e surpreso: “Isso é um desrespeito à religião. Uma bomba”!
Segundo Pai Marcio de Ogum, a religião do Povo de Aruanda é reconhecida oficialmente. Inclusive os casamentos ministrados na Umbanda são reconhecidos. “Nós, os pais-de-santo, somos ministros religiosos e os casamentos que realizamos são reconhecidos até por juízes”, afirmou o ministro umbandista.
Pai Marcio de Ogum esclareceu que a Umbanda não é classificada como religião de matrizes africanas devido ao sincretismo com a Igreja Católica e sua origem na miscigenação das raças branca (européias), africanas, indígenas e orientais. “A Umbanda é uma religião cristã”, enfatizou o religioso.
Pai Marcio de Ogum disse ainda que a Umbanda não cultua o mal, nem faz adivinhações. “A Umbanda oferece, por meio da incorporação de guias espirituais (caboclos, pretos-velhos, exús, etc), auxílio espiritual para tentar aliviar o sofrimento das pessoas.
A Umbanda promove o equilíbrio entre o espírito e à matéria”, explicou. “A Umbanda é paz, caridade, amor, união dos povos, respeito às religiões e às diferenças”, declarou Pai Marcio de Ogum.
Segundo ele, somente em Santos a Umbanda tem 40 mil seguidores e mais de 100 templos. Além disso, ele lembrou a valorização da religião na realização das “grandes festas” realizadas nas cidades de Praia Grande e Guarujá em culto à Iemanjá, que reúnem milhares de pessoas, no fim do ano.
Criação da Umbanda
A Umbanda foi criada no dia 15 de novembro de 1908, quando o médium espírita Zélio Fernandino de Moraes incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, em Niterói (RJ), anunciando a criação da religião. Zélio era seguidor da doutrina decodificada de Allan Kardec.
Com uma doutrina voltada às energias da natureza representadas nos orixás, a Umbanda consolida o sincretismo com a Igreja Católica na figura de Jesus Cristo — Oxalá na Umbanda. A Umbanda não cultua sacrifícios de animais.
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