Imagine olhar para o céu durante uma tempestade e, em vez de gotas d'água, ver bilhões de pequenos diamantes caindo ao seu redor. / Freepik
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Imagine olhar para o céu durante uma tempestade e, em vez de gotas d’água, ver bilhões de pequenos diamantes caindo ao seu redor. Parece ficção científica, mas essa é uma possibilidade real, pelo menos em alguns cantos exóticos do nosso Sistema Solar.
Em mundos bem diferentes da Terra, onde a atmosfera é densa, fria e química o suficiente, elementos comuns podem se transformar em verdadeiros tesouros.
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É o caso de planetas onde cientistas acreditam que pode literalmente chover diamantes.
A ideia pode parecer absurda à primeira vista, mas tem base científica. Essa "chuva" não se forma como a água que conhecemos, com vapor se condensando em nuvens. Ela envolve um processo muito mais extremo, e fascinante.
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Tudo começa com o metano, um gás rico em carbono, presente em grandes quantidades na atmosfera de alguns planetas. Quando tempestades violentas ocorrem nesses planetas, os relâmpagos quebram as moléculas de metano, liberando átomos de carbono.
Esses átomos, ao caírem pelas camadas densas da atmosfera, enfrentam pressões e temperaturas tão absurdamente altas que acabam se transformando em cristais de diamante. Sim: granizo de diamante sólido, caindo por quilômetros em direção ao interior do planeta.
Embora a teoria já tenha sido sugerida para Júpiter e Saturno, os astros mais promissores são os dois gigantes gelados do Sistema Solar: Urano e Netuno.
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Esses planetas, mais distantes do Sol, têm atmosferas densas, ricas em metano e pressões internas altíssimas, os ingredientes perfeitos para a formação dos diamantes. Simulações em laboratório, como as realizadas no SLAC National Accelerator Laboratory, conseguiram recriar esse processo usando lasers de altíssima potência.
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Os cientistas observaram a formação de nanodiamantes a partir de materiais semelhantes ao metano, o que deu credibilidade à hipótese da chuva de diamantes nesses planetas.
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Netuno, em especial, é considerado o principal candidato: sua composição atmosférica e as altíssimas pressões internas tornam o ambiente ideal. Já Urano também apresenta condições semelhantes, embora se saiba menos sobre seu interior.
Quanto a Saturno e Júpiter, a presença de carbono existe, mas as pressões ideais podem ocorrer em camadas muito mais profundas, o que dificulta a confirmação do fenômeno por enquanto.
Além do espetáculo imaginativo de imaginar diamantes caindo do céu, essa descoberta tem grande relevância científica. Entender como esse processo ocorre ajuda os cientistas a desvendar como planetas gigantes se formam e funcionam por dentro.
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Mais do que isso: conforme os diamantes caem em direção ao núcleo, geram calor por atrito, e esse aquecimento interno pode explicar um velho mistério sobre Netuno, o planeta emite mais que o dobro da energia que recebe do Sol. A “chuva de diamantes” pode ser um dos motores que mantém esse calor.
Estudar esse fenômeno também ajuda na ciência dos materiais aqui na Terra. Ao entender como o carbono se comporta sob pressões extremas, cientistas podem desenvolver novos materiais, tecnologias e aplicações na indústria.
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