Na primeira versão, exibida há 36 anos, Odete Roitman interpretada por Beatriz Segall foi assassinada dez capítulos antes do final / Reprodução/Globo
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A atriz Beatriz Segall, eternizada como a vilã Odete Roitman na novela "Vale Tudo" (1988), manifestou em várias ocasiões seu desconforto com a decisão dos autores de assassinar sua personagem. Ela deixou claro que embora valorizasse muito o papel, não achava correto utilizar a morte como castigo simbólico.
Em conversa com Ziraldo no programa "O Papo", a estrela analisou a repercussão da aclamada cena criminal. “O Brasil inteiro está aceitando o assassinato, porque se alguém comete um crime, esse crime tem que ser julgado, ela teria que ser acusada dos crimes que ela cometeu. Teria que ser presa pelos crimes que cometeu, ir a julgamento e condenada”, explicou.
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A artista ainda criticou a ideia de justificar o assassinato de Odete como forma de catarse nacional: “Ela ser assassinada é um grande castigo, a catarse nacional. Nós estamos admitindo a pena de morte e nós estamos admitindo o esquadrão da morte, os justiceiros.”
Na mesma entrevista, Beatriz explicou que a situação era uma medida drástica que fugia de seu entendimento moral do que era justo para qualquer personagem, mesmo para uma vilã tão emblemática.
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Ela defendeu que, se alguém comete erros ou crimes dentro de uma trama, isso deveria também ser tratado com a legalidade, com responsabilização, julgamento e condenação, e não execução extrajudicial ou justiça popular antecipada.
Em outro momento, Beatriz comentou que se sentia "marcada" pela personagem, e que ficar sendo indagada repetidamente sobre o assunto era "cansativo" e "muito chato". Ela chegou a dizer que, apesar do sucesso da novela, não tinha saudades do papel emblemático.
Beatriz Segall faleceu aos 92 anos em setembro de 2018, vítima de problemas respiratórios. Ela também tinha Alzheimer de início tardio, quadro que não havia sido revelado na época.
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Assista a entrevista na íntegra.