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Automotor

Fiat 500e: antiga sedução, nova atitude

Coube ao pequeno 500, com seu indefectível charme "vintage", ser o primeiro carro 100% elétrico da Fiat

Daniel Dias - AutoMotrix

Publicado em 10/12/2023 às 08:02

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A potência de 118 cavalos e os 22,4 kgfm de torque são mais do que suficientes para empurrar o 500 elétrico com desenvoltura / Daniel Dias/AutoMotrix

O fato de o 500 ter sido o primeiro carro 100% elétrico da Fiat – e único até o momento – não deixa de ser, no mínimo, curioso. Afinal, o simpático “carrinho” surgiu em 1957, tendo a primeira versão produzida até 1975. Voltaria em sua segunda geração já nos anos 2000, chegando ao Brasil em 2009 e ficando por aqui até 2017. E, quando muitos acreditavam que o menor carro da Fiat tinha chegado ao final de sua trilha, ele faria seu retorno triunfal em 2020, na sua terceira geração. Chegou 61 centímetros mais longo, 56 centímetros mais largo e totalmente elétrico – e desembarcou no mercado brasileiro no ano seguinte. Pode-se dizer que o 500, agora denominado de 500e, vive seu auge em sofisticação, personalidade e tecnologia na moderníssima configuração elétrica. Embora permaneça sendo um carro de imagem – do tipo no qual o volume de vendas não é tão relevante –, o 500 carregável em tomadas elétricas busca valer cada real de seu preço no Brasil. Apesar do estilo lúdico e do aspecto de brinquedo retrô, o preço é de gente grande: R$ 224.990.

Desde sempre produzido em Mirafiori, em Turim, a “capital” da Fiat, o 500 é o mais antigo automóvel ainda em linha na fábrica mais antiga da marca italiana, existente desde 1939. Nos quase dez anos em que esteve à venda no Brasil com motor a combustão, o “Cinquecento” vinha da Itália e do México. Já a produção da variante 100% elétrica fica toda concentrada em Turim. Para 2027, está prevista a chegada da segunda geração do 500e – o logo da versão elétrica, com a parte horizontal do meio do “e” “rasgando” o último zero, remete ao estilo do botão que normalmente liga os laptops.

Apesar de ter crescido em comparação aos seus tempos de motor a combustão, o 500e permanece sendo um carro pequeno. Com 3,63 metros de comprimento, 1,68 metro de largura, 1,52 metro de altura e 2,32 metros de distância de entre-eixos, o elétrico da Fiat é um “foguetinho” graças a sua relação peso/potência, embora os seus 1.352 quilos não sejam tão pouco assim, pois a bateria dos elétricos sempre “engorda” o veículo. O motor de tração dianteira entrega 118 cavalos de potência e 22,4 kgfm de torque instantâneo. A autonomia declarada pelo ciclo WLTP é de 320 quilômetros, porém, na “vida real”, ela não chega a 250 quilômetros.

A bateria de íons de lítio de 42 kWh – localizada sob o assoalho – pode ser reabastecida em casa por meio de cabos que acompanham o veículo. Nas estações com carregadores rápidos, a bateria pode ser reabastecida até 80% em 35 minutos. O 500e também se recarrega sozinho nas frenagens, por conta da regeneração de energia. O subcompacto conta com três modos de condução – “Normal”, “Range”, o equivalente ao “one pedal” do elétrico italiano, e o “Sherpa”. O termo vem dos habitantes da Cordilheira do Himalaia, no Nepal, que acompanham as expedições de alpinistas que escalam os picos mais altos do mundo, principalmente o Everest, e são fundamentais para eles, pois são um povo reconhecido pela enorme resistência física.

Tão estiloso quanto o concorrente inglês Mini Cooper, o 500e herda alguma coisa do design do antigo “Cinquecento” e muito de sua segunda geração. O conjunto óptico dianteiro é o maior charme do carrinho, pois as luzes de circulação diurnas (DRL) foram separadas dos faróis principais, dando um “olhar de sedutor” (ou de pervertido, diriam os mais radicais) ao modelo. Todas as luzes externas do 500e são em leds e, em conjunto com o efeito “Infinity Mirror” (espécie de espelho infinito), conferem uma assinatura única para o carro. As caixas de rodas cresceram para receber a nova roda de liga leve de 16 polegadas. 

Experiência a bordo
Requinte e funcionalidade

A cabine do 500e é repleta de detalhes e requinte, com o painel frontal em plástico branco duro e brilhante, uma característica do modelo desde outras eras. O carro comporta quatro pessoas, com muita dificuldade de alguém alto se ajeitar no banco traseiro. O acesso à parte de trás é facilitado pelo aumento das portas e um dispositivo que “desnuca” o encosto dos bancos dianteiro e faz os dois assentos correrem para a frente. O teto panorâmico tem vidro fixo (só a cortina se abre) e dá a sensação de maior espaço interno, “inundando” o ambiente com a luz do dia. O interior é todo claro, com cobertura dos bancos em couro ecológico. Para se familiarizar ao 500e, é bom o pessoal esquecer das maçanetas tradicionais de porta. O chamado sistema E-Latch permite abrir as portas por meio de um botão localizado junto ao puxador da porta. Para isso, basta alguém estar com a “wearable key” (controle/chave) por perto.

O 500e é muito bem servido de painel de controle e sistema de multimídia. O cluster full-digital de 7 polegadas – atrás do volante multifuncional com acabamento bicolor – traz o quadro de instrumentos redondo ao estilo do 500 original. O painel é digital, personalizável e preenche o espaço com cor e tecnologia. Nele, o motorista tem as principais informações do veículo na tela multifuncional. A central multimídia com tela de 10,25 polegadas de alta resolução é a protagonista da cabine e dá a impressão de ser maior do que ela já é, na comparação com as próprias dimensões externa e internas do carro. A central pode ser personalizada nas funções e no controle por voz e tem espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio. A parte do centro do painel é composta por “andares”, com a multimídia em cima, as saídas de ar e os controles do ar-condicionado, um compartimento para carregamento de smartphones sem cabo e o painel de funções do veículo. Com a sensação de vestir o carro (por seu tamanho diminuto), o motorista tem uma boa ergonomia para dirigir.


Impressões ao dirigir
Manhas e manias

Como em todo o automóvel 100% elétrico, dirigir o 500e é uma diversão em termos dinâmicos, mas é difícil escapar da preocupação com a autonomia. A brincadeira já se inicia pelo bem-bolado e inusitado painel de controle de funções do carro na forma horizontal, abaixo do carregador de smartphones – com o “P” (parking), o “R” (ré), o “N” (neutro) e o “D” (driving) dispostos da esquerda para a direita. No lugar do seletor de funções no console central, estão os comandos de modos de condução, o volume do rádio do multimídia e o acionador eletrônico do freio de estacionamento.

Para um carro tão pequeno e razoavelmente leve, os 118 cavalos de potência e os 22,4 kgfm de torque são mais do que suficientes para garantir a festa. O 500e embala com desenvoltura e silenciosamente. Apenas um ouvido mais atento pode perceber um leve zumbido do motor elétrico, especialmente quando o carro desacelera. Para andar sem problemas, vale para o 500e a mesma “velha” e boa receita da hora e do lugar corretos para o uso dos três modos de condução. Na cidade, o melhor é colocar no modo “Range”, o “one pedal” do 500e. Com ele, o motorista dirige com apenas o pedal da direita. Se tirar o pé do acelerador, o veículo freia e ainda recupera energia. Em caso de uma emergência à frente, é só apertar o pedal de freio, como em qualquer outro tipo de carro.

Dinamicamente, para quem gosta de pressionar sem muita moderação o pedal da direita, o 500e “toma emprestado” a sensação de dirigir um kart, tradicionalmente ligada ao Mini Cooper. Com um senão importante: apesar de não ter traseira (até o porta-malas é embutido na carroceria), é bom o motorista não abusar da velocidade em curvas mais fechadas, porque a traseira “vai embora”. Isso se explica, em parte, pelo carro ser muito estreito. E nem o aerofólio (integrado à carroceria) consegue eliminar as saídas de traseira nas curvas mais aceleradas. Com o tempo, o motorista se habitua à “irreverência dinâmica” do 500e.

Para a estrada, se quiser continuar recuperando ou mantendo a energia, o indicado é o modo “Sherpa”. E no “Normal”, o condutor tem o 500e como um carro a combustão, com bom desempenho e ágil nas manobras. A autonomia de 250 quilômetros é mais do que suficiente para a média de deslocamentos diários. Se não quiser procurar estações de carga rápida, basta o motorista deixar o 500e “pernoitando” na garagem. Nas tomadas domésticas, ele recarrega totalmente em vinte e quatro horas, partindo de uma carga quase zerada. 


Ficha Técnica
Fiat 500e

Motor: dianteiro transversal, assíncrono trifásico
Potência: 118 cavalos a 4.200 rpm
Torque: 22,4 kgfm
Bateria: íons de lítio, 42 kWh
Autonomia: 320 quilômetros pelo ciclo WLTP
Tração: dianteira
Direção: assistência elétrica
Carroceria: monobloco em aço, hatch, 2 portas, 4 lugares
Suspensão: dianteira independente, MacPherson, molas helicoidais, amortecedor pressurizado, barra antirrolagem, traseira eixo de torção, molas helicoidais, amortecedor pressurizado
Sistema de freio: ABS, EBD, discos ventilados na dianteira, tambor na traseira
Rodas e pneus: liga leve multi-raiadas, 16 polegadas, pneus 195/55 R16
Dimensões: 3,63 metros de comprimento, 1,68 metro de largura, 1,52 metro de altura, 2,32 metros de entre-eixos
Altura mínima em relação ao solo: 14,7 centímetros
Peso: 1.352 quilos
Porta-malas: 185 litros
Aceleração de zero a 100 km/h: 9 segundos
Velocidade máxima: 150 km/h
Preço: R$ 224.990

Leia esta matéria também na Gazeta de S. Paulo

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