As primeiras DT 180 eram equipadas com motor de um cilindro, dois tempos, refrigerado a ar, com 16,5 cavalos / Pastore Car Colection
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Quando a Yamaha DT 180 foi apresentada ao mercado brasileiro, em 1981, nenhuma outra motocicleta tinha feito tanto “barulho” para os ávidos praticantes de Motocross e Enduro – e também para quem queria desfilar pelas ruas montado em um veículo imponente na sua silhueta e no porte. Antes dela, o pessoal tinha de se virar com o que tinha – e o que tinha era apenas a Yamaha DT 125 e a Honda FS 125, motos muito limitadas e originadas dos modelos urbanos (street), equipadas, inclusive, com dois amortecedores traseiros, um “sacrilégio” paras as autênticas motos de trilhas. Inicialmente apenas montada no Brasil, a DT 180 começou a ser produzida na Zona Franca de Manaus (AM) em 1986. Herdando o estilo das motos de trilha japonesas do começo dos anos 70, a DT 180 “brasileira” saía de fábrica pronta para provas de Enduro e quase lá para o Motocross, com quadro, monomola na traseira e roda dianteira de 21 polegadas e atrás de 18 polegadas com pneus de uso misto Pirelli. Saltava que era uma beleza, com o ganho de ter um comportamento bem equilibrado para as ruas e estradas.
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A DT 180 vinha tão pronta que entusiasmou o carioca João Mendes, agora com 69 anos. Na época um jovem motociclista, ele assombrou muitas plateias por sua habilidade nas trilhas e no Motocross. Jornalista há 46 anos especializado em veículos, Mendes foi pioneiro na TV brasileira com programas de motociclismo, kart e off-road, e produziu durante uma década o “Espaço Motor” para a Rede CNT. Atualmente, produz conteúdo para o site “Memória Motor”, o “Jornal de Hoje”, da Baixada Fluminense, e Cidade da Barra e ainda apresenta o programa “Espaço Motor” na Positividade FM, do Rio. “Minha primeira moto foi uma Yamaha AT3 trail de 125 cilindradas. Participava de provas amadoras com aquela motocicleta, em 75, 76 e 77. Depois, comprei motos street, mas sempre gostei do ambiente do Motocross, sempre convivi com isso. Quando lançaram a DT 180, vi que ela era muito melhor que a AT3. Ela tinha uma suspensão maior na frente e mono atrás, era maior em tamanho e vi nela uma moto ótima para ser a minha de rua, no dia a dia, e também nas provas e trilhas por diversão”, recorda Mendes.
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A DT 180 original tinha motor de dois tempos refrigerado a ar, de 176 cm3, similar ao da estradeira RX 180 mas com novo desenho do cilindro para se adaptar às características de trail. A moto tinha 16,5 cavalos de potência e 1,74 kgfm de torque a 6.500 rotações por minuto, associado ao câmbio de 5 marchas, com a última mais curta. Com isso, ela perdia em velocidade final (mal chegava aos 110 km/h), porém, ganhava em agilidade no trânsito e nas trilhas, seu principal propósito. Para que a DT 180 tivesse mais força em baixas rotações – essencial para as trilhas, o Enduro e o Motocross –, o motor tinha tecnologias já usadas em outros modelos da marca japonesa, como o Torque Induction – uma válvula do tipo palheta para evitar o refluxo da mistura para o carburador – e o Yamaha Energy Induction System, que utilizava um reservatório de expansão entre o carburador e o motor para armazenar a mistura e evitar a interrupção completa do fluxo, deixando o propulsor mais maleável.
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A revolucionária moto da Yamaha também era equipada com o sistema Autolube, para fazer uma mistura automática do óleo de dois tempos, eliminando a necessidade de adicionar óleo diretamente ao tanque de gasolina cada vez que a moto era reabastecida. “A DT era tão pronta que comecei a fazer trilha com ela, transformando-a em uma moto de Motocross para participar da temporada do Rio de Janeiro de 1984. Participei de várias provas com ela, como o Hollywood Motocross, em Belo Horizonte, o Torneio de Niterói e o Campeonato do Rio, sempre competindo em paralelo no Enduro de Velocidade, que gostava muito de fazer”, revela Mendes, com a inconfundível veia do “trilheiro”. Em 1985, a DT 180 teve sua primeira grande mudança, que levaria o modelo até sua aposentadoria, em 1997, com um total de 132.317 unidades vendidas. Recebendo o nome de DT 180N, o design seguiu a tendência das linhas mais retas – comum naqueles tempos nas motos e nos carros –, farol retangular, painel trapezoidal e tanque mais elevado na altura do bocal de reabastecimento, chamado popularmente de “vulcão”, com o tanque ganhando três litros, totalizando 13 litros.
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A Yamaha lançaria ainda a TDR 180, com uso prioritário para as ruas e estradas, com carenagem frontal, roda dianteira de 18 polegadas e com 18 cavalos de potência. No entanto, não agradou ao público e saiu de linha em 1993. Dois anos antes, a DT passou a contar com disco de freio ventilado, sendo lançada a DT 200, com um projeto inteiramente novo e mais moderno, refrigeração líquida e válvula YPVS para controlar o fluxo de saída de gases, com o intuito de suceder a DT 180. Entretanto, o preço muito maior da nova moto acabaria dando uma sobrevida para a DT 180 até 1997. A DT 200R foi a última moto com motor de dois tempos da Yamaha produzida no Brasil, em 2000.
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Leia esta matéria também na Gazeta de S. Paulo.