Dercy começou aos 15 anos, nos palcos de teatro de revista, e jamais interrompeu sua trajetória artística, mesmo com idade avançada / Divulgação
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O nome de Dercy Gonçalves segue ecoando muito além das telas e dos palcos. Ícone absoluto do humor brasileiro, a artista está oficialmente registrada no Guinness World Records como a atriz com a carreira mais longa e ininterrupta da história, um feito extraordinário que marcou definitivamente o entretenimento mundial.
Foram 86 anos seguidos de atuação, entre 1922 e 2008 — um recorde difícil de imaginar e ainda mais difícil de alcançar.
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Dercy começou aos 15 anos, nos palcos de teatro de revista, e jamais interrompeu sua trajetória artística, mesmo com idade avançada. Sua última participação no audiovisual ocorreu quando tinha 100 anos, no filme Nossa Vida Não Cabe Num Opala, garantindo outro marco único no cinema mundial: a única atriz a atuar profissionalmente nessa idade.
Nascida em Santa Maria Madalena, no interior do Rio de Janeiro, Dercy enfrentou pobreza, abandono e preconceitos para escrever uma história artística que atravessou o século 20 e chegou ao início do 21. Fugiu de casa na adolescência, integrou trupes itinerantes e, a partir daí, nunca mais deixou os palcos.
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Aos poucos, conquistou o rádio, brilhou no cinema nacional e se tornou presença constante na televisão — sempre com o improviso rápido, o humor ácido e a autenticidade que eram sua marca registrada.
O Guinness reconheceu em 2008, ano da morte da artista, que Dercy exerceu sua profissão por 86 anos consecutivos, tornando-se a pessoa com a maior carreira artística contínua do planeta.
O recorde impressiona não apenas pela longevidade, mas pela vitalidade: mesmo centenária, ela seguia participando de programas, dando entrevistas e atuando com energia que surpreendia colegas de profissão.
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Dercy também protagonizou momentos marcantes que reforçam o tamanho de sua personalidade.
Teve programa censurado durante o AI-5, desfilou no Carnaval com os seios à mostra aos 84 anos e fez do palavrão uma assinatura artística que desafiava o moralismo da época.
Essa ousadia ajudou a pavimentar o caminho para outras mulheres em espaços ainda dominados por homens, transformando-a em símbolo de resistência cultural e liberdade de expressão.
Dercy morreu em 19 de julho de 2008, aos 101 anos, e foi enterrada em pé, dentro de uma pirâmide de cristal — construção idealizada por ela própria, como último gesto de irreverência e teatralidade.
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Seu centenário, celebrado no ano anterior, reuniu multidões em sua cidade natal. Com humor intacto, ela declarou:
'Eu vou sentir falta de vocês. Mas vocês também vão sentir a minha.'
O recorde mundial não é apenas um título: é a consagração de uma mulher que mudou a história do humor no Brasil e deixou um exemplo de força, autenticidade, longevidade e paixão pela arte.