Viajando a uma velocidade inimaginável, o objeto confirma um medo da ciência previsto há 50 anos. / NASA, ESA, Leah Hustak/STScI
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Astrônomos identificaram um buraco negro supermassivo em fuga, viajando pelo espaço a quase mil quilômetros por segundo.
A descoberta foi feita com o instrumento NIRSpec, do Telescópio Espacial James Webb (JWST), e pode representar a primeira evidência direta de um fenômeno previsto pela ciência há cerca de 50 anos: a expulsão violenta de buracos negros do centro de suas galáxias após grandes colisões cósmicas.
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O objeto, batizado de RBH-1, tem massa estimada em cerca de 10 milhões de vezes a do Sol. Ele foi observado atravessando o espaço interestelar e deixando para trás sinais claros de sua passagem, como uma onda de choque provocada pela interação com o gás cósmico.
Os dados indicam uma variação brusca de velocidade, de aproximadamente 600 quilômetros por segundo em um curto trecho, compatível com o deslocamento de um corpo extremamente massivo em alta velocidade.
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Segundo os pesquisadores, a explicação mais provável para a fuga do RBH-1 envolve um cenário extremo conhecido na teoria como interação gravitacional de três corpos.
Quando duas galáxias colidem, seus buracos negros centrais podem entrar em órbita um do outro. Se um terceiro buraco negro, geralmente menor, se aproxima do sistema, a interação se torna instável.
Nesse tipo de encontro, um dos buracos negros pode ser arremessado para fora da galáxia, enquanto os outros dois acabam se fundindo no núcleo do novo sistema galáctico.
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Nesse contexto, o RBH-1 teria sido o “expulso” da disputa gravitacional, passando a vagar sozinho pelo espaço intergaláctico.
Os autores do estudo afirmam que esta pode ser a primeira confirmação observacional de uma fuga desse tipo envolvendo um buraco negro supermassivo.
A pesquisa, divulgada inicialmente no repositório científico arXiv, ainda aguarda revisão por pares, mas já chama atenção por preencher uma lacuna importante na astrofísica.
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O achado também ajuda a explicar por que algumas galáxias parecem não ter um buraco negro supermassivo em seu centro, algo que até hoje intrigava os cientistas.
Os pesquisadores destacam que novas observações serão necessárias para confirmar definitivamente o fenômeno, acompanhar a trajetória do RBH-1 e buscar outros casos semelhantes. Mesmo assim, a descoberta já reforça modelos teóricos sobre a formação e a evolução das galáxias.
Se confirmada, a fuga do RBH-1 mostra como os eventos mais violentos do universo podem expulsar até mesmo os maiores objetos conhecidos, transformando antigos “senhores” de galáxias em viajantes solitários do cosmos.
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