O sucesso estrondoso da trama se deve, em grande parte, ao carisma de Francisco Cuoco / João Miguel Júnior/TV Globo
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Pouco antes de morrer, Francisco Cuoco foi homenageado no especial Tributo, onde teve toda a sua trajetória profissional e pessoal revisitada.
Um dos entrevistados foi Mauro Alencar, consultor e doutor em teledramaturgia pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro A Hollywood Brasileira - Panorama da Telenovela no Brasil, entre outros títulos. Ele comentou sobre os trabalhos marcantes do ator Francisco Cuoco, falecido na última quinta-feira (19).
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De acordo com sua irmã, Grácia Cuoco, Francisco enfrentava complicações de saúde relacionadas à idade e a uma infecção decorrente de um ferimento.
No depoimento de Alencar ao programa, ele relembrou a força de Redenção, novela exibida pela TV Excelsior entre 1966 e 1968, considerada a mais longa da história da teledramaturgia brasileira, com 596 capítulos.
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Segundo ele, o sucesso estrondoso da trama se deve, em grande parte, ao carisma de Francisco Cuoco, que viveu o médico Dr. Fernando, protagonista da história.
“Foi a primeira cidade cenográfica da televisão. A novela se esticou todo esse tempo primeiro pelo magnetismo de Francisco Cuoco, que fazia um médico, e também porque o patrocinador exigia audiência alta”, explicou Alencar. A cada novo recorde de audiência, o patrocinador pedia: “Estica mais 100 capítulos”.
O autor, Raimundo Lopes, chegou a tomar decisões ousadas para manter o interesse do público. Em janeiro de 1968, por exemplo, decidiu matar Dona Marocas, a maior fofoqueira da fictícia cidade de Redenção – o que resultou em uma queda abrupta na audiência. Para reverter a situação, o autor surpreendeu ao incorporar um tema real à trama: “Ele resolveu fazer com que o Dr. Fernando realizasse o primeiro transplante de coração com êxito no Brasil”, disse Alencar.
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Foi assim que Marocas “ressuscitou” graças à ficção inspirada em avanços da medicina. “O que era realidade, o que era ator, o que era personagem… era tudo junto e misturado”, concluiu o pesquisador, destacando como Redenção marcou o início de uma forte ligação emocional do público com as telenovelas brasileiras.
Além do depoimento de Alencar, o especial revisitou os personagens e a trajetória de Cuoco, em entrevistas com colegas de trabalhos como atores, atrizes e diretores.
No programa, que fica marcado na história como a última entrevista de Cuoco para uma emissora de televisão, ele refletiu, de forma lúcida e emocionado, sobre sua extensa trajetória de mais de 50 anos de carreira.
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"Eu não senti a passagem do tempo, porque eu sempre trabalhei muito, sempre trabalhando muito, muito, muito. Era teatro, era televisão, eram uns comerciais. Foi muita coisa que eu não percebi, sinceramente, os 60, os 70, os 80. E agora aos 90, eu recebo novamente a TV na minha casa, lindamente, e fico contente em rever esse ambiente", declarou no programa.