O parque aquático da Xuxa no litoral de SP foi de sonho a pesadelo / Imagem ilustrativa / Imagem gerada por IA/DL
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A apresentadora Xuxa Meneghel quase ganhou um megaempreendimento com seu nome no litoral sul de São Paulo. O Xuxa Water Park, previsto para Itanhaém, prometia investimento milionário, milhares de empregos e um novo ícone turístico para a região. Em pouco tempo, porém, o projeto virou caso de Justiça, alvo de ambientalistas e símbolo de frustração para moradores que sonhavam com desenvolvimento rápido.
O Xuxa Water Park foi anunciado em 1998 como um grande parque aquático temático numa área conhecida como Chácara Cibratel, em Itanhaém, litoral sul paulista. A promessa era gerar milhares de empregos fixos e atrair turistas o ano todo, não apenas na alta temporada. O investimento estimado girava em torno de centenas de milhões de reais, com expectativa de milhares de empregos diretos e indiretos — números que ajudaram a empolgar comerciantes e parte da classe política regional.
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Relatos de época descrevem um complexo de cerca de centenas de milhares de metros quadrados, com montanha-russa aquática, piscinas de ondas, áreas infantis, praça de shows, lojas e praça de alimentação, funcionando como um grande centro de lazer associado à imagem da apresentadora.
Para sair do papel, o empreendimento dependia de licenças ambientais estaduais e federais. Reportagens de 1998 explicavam que o projeto previa a derrubada de uma área significativa de Mata Atlântica e poderia afetar espécies animais ameaçadas de extinção na região. Técnicos ambientais apontavam risco relevante ao ecossistema local, que inclui áreas de restinga e a base da Serra do Mar.
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Ao mesmo tempo, autoridades municipais viam o parque como chance de reposicionar Itanhaém no mapa do turismo de massa, o que aumentou a pressão política para que o licenciamento avançasse. A mobilização incluía comerciantes, moradores e fãs da apresentadora, que enxergavam no parque uma oportunidade rara de desenvolvimento e geração de emprego.
A virada veio quando o Ibama decidiu suspender a licença ambiental. Documentos e notícias da época registram que, ainda em 1998, uma decisão liminar determinou a suspensão do Xuxa Water Park após questionamentos sobre o impacto na Mata Atlântica e na fauna local. O empreendimento foi considerado incompatível com a preservação da área, e o processo de licenciamento travou.
Poucos meses depois do anúncio, com passaportes e ingressos já divulgados e até vendidos em campanhas promocionais, o projeto acabou embargado definitivamente. Na prática, o parque nunca saiu do papel e foi sendo, aos poucos, engavetado pelos investidores.
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O embargo acendeu um conflito clássico entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Entidades ambientalistas já criticavam a ocupação intensiva do litoral sul e viam o Xuxa Water Park como um avanço perigoso sobre uma das últimas faixas contínuas de Mata Atlântica do estado. Do outro lado, empresários e parte da população defendiam que Itanhaém precisava de um investimento desse porte para gerar empregos e impulsionar o turismo.
Depoimentos e reportagens mostram que o projeto tinha grande apelo popular, com campanhas de divulgação e venda antecipada de ingressos, o que aumentou a frustração quando as obras foram paralisadas. Para muitos moradores, o parque simbolizava a chance de “virar a página” do município no turismo.
Com o passar dos anos, o Xuxa Water Park virou caso de estudo sobre como grandes projetos turísticos podem naufragar na fase de licenciamento. Registros biográficos e históricos sobre Xuxa e sobre Itanhaém apontam que, após o embargo, o parque nunca mais foi retomado, e nenhum outro investimento de escala semelhante foi adiante na cidade. A área voltou ao debate em discussões posteriores sobre zoneamento ecológico e outros empreendimentos, mas sempre sob o fantasma do projeto que levou o nome da apresentadora.
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