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Turismo

História e fé nas montanhas de Santa Catarina

Nova Trento fica a 80 quilômetros de Florianópolis e conserva a cultura dos imigrantes principalmente na gastronomia e na produção de vinho artesanal

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 28/12/2013 às 15:28

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Nas montanhas do Estado de Santa Catarina, pertinho do Balneário de Camboriu, e de algumas das mais belas praias do Brasil, está Nova Trento.
Á medida em que o visitante vai subindo a montanha, tem a impressão de que o tempo vai parando. A paisagem é magnífica e pontilhada de pequenas propriedades rurais, quase todas dedicadas ao cultivo da uva.

Ao longo da estrada, multiplicam-se os restaurantes e vinícolas que oferecem o melhor da culinária italiana, produtos coloniais tais como queijos, salames, doces, geleias e o vinho colonial, além de suco de uva produzido de maneira artesanal, cujo sabor é inigualável.

A região foi colonizada por italianos que ali se estabeleceram a partir da segunda metade do Século XIX e ganhou notoriedade nacional quando o Vaticano canonizou Madre Paulina homenageada com um magnífico santuário erigido no ponto mais alto de Nova Trento, no Bairro de Vígolo, e que recebe milhares de visitantes ao longo do ano, a maioria em peregrinação religiosa.

Não importa qual é o motivo da visita à Nova Trento, o turista pode fartar-se livremente, como manda a tradição trentina, e ainda levar produtos coloniais de qualidade como queijos, salames, vinhos, licores, bolachas e toda espécie de geleias e frutas em compotas.

Na estrada de Vígolo, que liga Nova Trento ao Santuário, os investimentos não param. A cada mês surgem novos locais de cafés-coloniais, lojas com souvenires e imagens da Santa. A maioria dos turistas leva lembranças pequenas, que custam barato e fazem pouco volume. Entre elas, porcelanas, chaveiros, medalhas, escapulários, terços e tudo o que lembre Santa Paulina.

O santuário também é acessível através de uma rampa. Além de facilitar caminhada, a rampa oferece uma vista sem igual da paisagem do Bairro de Vígolo (Foto: GB Imagem)

Digno de nota é o macarrão vendido por lá. De fabricação artesanal, o sabor da massa é diferenciado. Tanto pode ser saboreado nos vários restaurantes típicos italianos, acompanhado de frango com molho e polenta na chapa e de vinho, é claro, como pode ser levado para casa.

Próximo ao santuário, o visitante pode ainda ter contato com a cultura italiana visitando o Museu que conta com mais de cinco mil peças que contam a história da imigração naquela região e tem ainda uma réplica da moradia daquela época.

Cada vez mais, a cidade especializa-se em receber bem. Os visitantes possuem ótimas opções em gastronomia e encontram vagas nos diversos hotéis. A atual infraestrutura existente atende basicamente toda a demanda, Nova Trento conta, ainda, com rede hoteleira de apoio nas cidades de Brusque (25 quilômetros) e Balneário Camboriú (55 quilômetros), que ao todo somam mais de 25 mil leitos. Além disso, empresas de transportes rodoviários de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, já chegam ao município com linhas diárias ou semanais.

Sem dúvida alguma, tudo gira em torno de Santa Paulina. Filha de Antônio Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer, Amábile nasceu em 16 de dezembro de 1865 em Vígolo Vattaro, Trento, norte da Itália, a segunda filha do casal, entre 14 irmãos.

Como outras meninas pobres da localidade, já aos oito anos Amábile ajudava os pais no trabalho da filanda (fábrica de sedas), atividade comum na região trentina, e também tomava conta da avó doente.

Em 25 de setembro de 1875, a família Napoleone Visintainer imigrou para o Brasil com cinco filhos, entre eles Amábile, então com nove anos de idade, vindo a instalar-se a seis quilômetros de Nova Trento, no bairro de Vígolo. Ali, a família recebeu uma área de terra, onde algum tempo depois, junto com Francesco Nicolodi, construiu um moinho com tração animal destinado moer milho e descascar o arroz. A menina Amábile tinha doze anos, aprendeu a ler e entrosou-se na vida religiosa do bairro; juntamente com a amiga Virgínia Rosa Nicolodi, passou a dedicar-se ao ensino do catecismo às crianças e a visitas aos doentes.

Em 1890, o missionário Padre Marcello Rocchi transferiu a assistência aos doentes em domicílio a uma espécie de hospital. Dentro dos limites do possível, Amábile e Virgínia assumiram a difícil tarefa, transferindo-se para o casebre, já batizado pelo povo de “hospitalzinho” e onde foi recolhida Ângela Lucia Viviani, que sofria de câncer em fase terminal.

Nesse mesmo ano elas fundaram a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Hoje a Ordem concentra a fé de mais de 600 religiosas e se espalha por todos os cantos do Brasil, atingindo também seis países latino-americanos e outros três africanos. Madre Paulina adquiriu fama de santidade ainda em vida. Mas foi após sua morte, em 9 de julho de 1942, aos 77 anos, que vários episódios de cura de doentes começaram a ser atribuídos à imigrante italiana.

Madre Paulina foi canonizada no dia 19 de maio de 2002, pelo Papa João Paulo II. Todos os anos, nesta data, Nova Trento realiza uma grande festa a fim de comemorar e relembrar a trajetória da mulher que dedicou sua vida a Deus e ao serviço da humanidade.

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