Goiás Velha simboliza um Brasil que resiste à pressa moderna, onde viver devagar é um privilégio / Marco Antônio Galvão/Reprodução IPHAN
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No coração de Goiás, existe um lugar onde os dias parecem passar em câmera lenta. A antiga capital do estado, hoje conhecida como Goiás Velha, conserva uma atmosfera que transporta seus visitantes diretamente para meados do século XX.
Entre morros e margens do Rio Vermelho, a cidade exibe um cenário que parece saído de um filme antigo: ruas de pedra tortuosa, casarões coloniais pintados em tons vivos e o costume encantador de deixar as portas abertas para a conversa da tarde.
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Fundada no século XVIII, durante o ciclo do ouro, Goiás mantém viva sua herança histórica e afetiva.
O centro histórico, protegido como Patrimônio Mundial pela Unesco, é uma verdadeira cápsula do tempo.
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Suas construções de adobe e pau a pique permanecem firmes, contando silenciosamente a história de um Brasil que cresceu sem perder a delicadeza das pequenas coisas.
Por ali, o visitante é recebido com sorrisos, café fresco e histórias que se repetem de geração em geração.
Em Goiás Velha, o som mais comum não é o das notificações do celular, mas o das badaladas dos sinos, das feiras animadas e das conversas ecoando nas calçadas.
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O comércio ainda é feito no olhar e na confiança. As feiras semanais são mais que mercados, são encontros da comunidade, onde se trocam produtos, receitas e notícias.
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O tempo parece correr diferente, e talvez seja justamente isso o que torna o lugar tão fascinante.
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A cidade conserva rituais e sabores que quase desapareceram nas metrópoles: o empadão goiano fumegante, os doces de tacho, e os picolés artesanais de frutas do cerrado, vendidos em carrinhos que atravessam as ladeiras com o mesmo ritmo de décadas atrás.
Entre os pontos mais visitados está a Casa de Cora Coralina, hoje transformada em museu. Ali, o visitante encontra o universo da poetisa tal como ela deixou o cheiro do livro antigo, o fogão de lenha, os objetos simples que inspiraram sua obra e que revelam a alma da cidade.
Outro momento emblemático do ano é a Procissão do Fogaréu, uma celebração noturna da Semana Santa em que tochas iluminam as ruas de pedra e o silêncio é quebrado por cânticos e passos compassados.
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É uma experiência que combina fé, arte e memória, e emociona moradores e turistas.
Em tempos de correria e tecnologia, Goiás Velha é um lembrete de que há outros modos de viver, mais lentos, mais humanos e, talvez, mais felizes.