Cidade badalada dos Estados Unidos registra baixa e implora por turistas

Las Vegas, a capital do entretenimento dos Estados Unidos, enfrenta um declínio significativo no número de visitantes, refletindo uma tendência que se espalha por todo o país. Em julho, a cidade registrou 3,2 milhões de turistas, uma queda de 12% em relação ao ano anterior, marcando o sétimo mês consecutivo de redução anual, segundo dados da Las Vegas Convention and Visitors Authority (LVCVA).

O impacto é visível em toda a economia local. Cerca de um em cada quatro empregos em Las Vegas e metade do orçamento de Nevada dependem do setor de lazer e hospitalidade. A taxa de ocupação hoteleira, embora ainda acima da média nacional, caiu vários pontos percentuais, e o Aeroporto Internacional Harry Reid recebeu 287 mil passageiros a menos em julho, uma redução de 5,7% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, a queda nas chegadas domésticas e internacionais é de 4,4%.

Especialistas apontam que o declínio do turismo canadense, principal público estrangeiro da cidade, está ligado às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump e à retórica política voltada ao Canadá. Dados da consultoria Tourism Economics indicam que, nos primeiros sete meses do ano, o número de passageiros canadenses caiu de forma significativa, enquanto os turistas mexicanos apresentam uma ligeira recuperação, com aumento de 9% em julho.

O panorama nacional também mostra sinais de desaquecimento: entre janeiro e maio de 2025, o número de visitantes internacionais nos Estados Unidos caiu 2,4% em relação ao mesmo período de 2024. Pesquisas do Conselho Mundial de Viagens e Turismo estimam que os gastos de visitantes internacionais no país diminuirão em cerca de 12 bilhões de dólares neste ano, refletindo o cenário de retração global do turismo.

O aumento de preços em hotéis, alimentação e atrações é apontado como outro fator que afasta visitantes. O modelo à la carte adotado por muitos cassinos e resorts, junto com anos de inflação, contribuiu para a percepção de que Las Vegas se tornou um destino caro, mesmo em comparação com outros locais turísticos populares nos EUA, como Havaí e Flórida.

Especialistas ressaltam que, historicamente, Las Vegas funciona como um termômetro do turismo e do consumo do país. “O que acontece aqui reflete, em certa medida, o desempenho da economia nacional, porque Las Vegas depende muito de gastos discricionários”, afirma Andrew Woods, economista da Universidade de Nevada.

Diante do cenário, a prefeita Shelley Berkley tem feito apelos públicos para atrair turistas de volta à cidade. Embora reconheça que o verão tende a ter menor fluxo de visitantes, ela alerta que a combinação de preços mais altos, incerteza econômica e políticas de imigração restritivas tem afastado tanto visitantes domésticos quanto estrangeiros.