A Trilha do Funicular, na Serra do Mar, é linda, proibida e mortal / Imagem gerada por IA
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A Trilha Funicular de Paranapiacaba, no alto da Serra do Mar, segue interditada e é considerada uma das travessias mais perigosas de São Paulo: o acesso ocorre em área de conservação ambiental e propriedades privadas, com fiscalização frequente da Prefeitura de Santo André e de órgãos estaduais, e já houve mortes registradas ao longo do percurso.
A rota clandestina acompanha os trilhos e pontes metálicas de uma antiga ferrovia — hoje patrimônio histórico — e, apesar do apelo visual, a recomendação das autoridades é clara: não entre.
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A proibição se ampara na legislação ambiental. Como boa parte do traçado atravessa o Parque Estadual da Serra do Mar e zonas de amortecimento, quem ingressa ali sem autorização incorre em infração administrativa prevista no Decreto Federal 6.514/2008 (artigo 90), com multa que pode variar de R$ 500 a R$ 10 mil, a depender do caso.
A própria administração municipal e a imprensa regional explicam que o acesso também costuma se dar por propriedades particulares — o que configura invasão — e que operações já flagraram milhares de pessoas tentando burlar as barreiras.
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Os riscos são concretos e não se restringem ao crime ambiental. O traçado passa por túneis escuros, trechos em ruína e pontes com vãos abertos e dormentes podres, muitas vezes a dezenas de metros do chão, sem qualquer equipamento de segurança.
Reportagens recentes mostraram grupos se arriscando para fazer fotos e relataram ao menos duas mortes associadas à travessia; fatores como neblina, chuva, deslizamentos, vegetação fechada e presença de animais peçonhentos tornam resgates difíceis e demorados.
Por que tanta gente insiste? A resposta está no cenário: ao longo do antigo caminho de ferro — construído originalmente no século XIX e peça-chave da ligação entre o planalto e o Porto de Santos — surgem janelas naturais para a Mata Atlântica, o vale íngreme que desce em direção a Cubatão e as estruturas históricas do sistema funicular, como casas de máquinas e viadutos. É um “vistão” de serra, pontes e copas de árvores, frequentemente envolto por neblina, que ajuda a explicar o fascínio — mas não justifica atravessar uma área fechada e perigosa.
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Enquanto o circuito clandestino permanece proibido, Santo André e o Estado indicam trilhas oficiais e monitoradas no Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba e em núcleos do Parque Estadual, onde a visitação é permitida com regras e acompanhamento — alternativa segura para conhecer a mesma paisagem sem colocar a vida em risco nem infringir a lei.
Fontes pesquisadas: Prefeitura de Santo André (fiscalizações em trilhas clandestinas), Decreto Federal 6.514/2008 (art. 90); reportagem do“Fantástico”/TV Globo sobre a travessia proibida; reportagem do Metrópoles sobre acidentes na Funicular e CONDEPHAAT