História, natureza e sabores únicos se encontram no coração da Serra do Espinhaço / Reprodução/Wikimedia Commons
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Visitar Serro é como fazer uma viagem no tempo, conhecer a história passando pelos casarões e pelas igrejas coloniais. Mas a cidade não esconde apenas uma rica história.
Ela também é morada de paisagens serranas, rios, cachoeiras, com seu povo simpático e acolhedor, suas festas ricas em cultura e uma culinária deliciosa, com destaque para o ilustre Queijo do Serro, Patrimônio Imaterial do Brasil.
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Serro fica no centro-nordeste de Minas Gerais, a cerca de 90 km de Diamantina, em meio à Serra do Espinhaço. Uma região serrana com clima característico. O primeiro nome dado para a cidade, com origem tupi-guarani, “Ivituruí”, significa “vento do morro frio”, e faz referência ao clima do local.
Mesmo no verão, as noites por lá são geladas. Nas proximidades, estão os distritos de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, com casinhas charmosas e capelas centenárias.
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A história de Serro começa em 1702, quando bandeirantes em busca de pedras preciosas fundaram um arraial – vilarejo temporário – que, em pouco tempo, se tornou uma das vilas mais importantes do norte de Minas.
A cidade fazia parte do Caminho dos Diamantes e da Estrada Real, rota por onde os minérios do interior de Minas eram escoados até o litoral do Rio de Janeiro, de onde seguiam para a Europa.
Minas Gerais ainda guarda outro tesouro: a menor cidade do Brasil fica no interior do estado e surpreende pela qualidade de vida.
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Com o declínio da mineração, a economia de Serro se voltou para a pecuária e a agricultura de subsistência. A geografia da região ainda dificultou a integração de Serro aos novos padrões de transporte e desenvolvimento do século XIX.
Esse isolamento, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contribuiu para a preservação do patrimônio histórico da cidade, tombada desde 1938.
Atualmente, Serro, com seus 21 mil habitantes, se dedica principalmente à agricultura familiar e à produção de queijo. O modo de preparo do famoso Queijo do Serro é reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil, um dos mais aclamados pratos típicos de Minas Gerais.
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Outro destaque cultural é a Festa do Rosário e o Congado do Serro, que preservam tradições de religiões de matriz africana e mobilizam com orgulho moradores de todas as idades.
A maneira mais cômoda de chegar a Serro é de carro, tanto pelo trajeto até a cidade quanto pelo deslocamento no local. As ladeiras são bastante íngremes, há vários passeios pela área rural, e estar de carro facilita explorar a região.
De Belo Horizonte até Serro são 227 km pela rodovia MG-010. Saindo de Diamantina, a distância é de 90 km, pelas rodovias BR-367 e BR-259.
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Outra opção é viajar de ônibus, partindo de Belo Horizonte com a companhia Viação Serro. Há mais de uma saída por dia, com viagens que duram cerca de 6 horas e custam entre R$ 120 e R$ 170. Já saindo de Diamantina, são cerca de 2 horas e meia, com a empresa Pássaro Verde, e os valores entre R$ 30 e R$ 36.
A escadaria que liga a entrada da Igreja de Santa Rita ao centro histórico de Serro é um dos pontos mais icônicos da cidade.
Com um charme que remete a um cenário de interior, seus 57 degraus largos de pedra, ladeados por arbustos bem cuidados e casarões coloniais, conduzem o olhar até o alto da ladeira, perfeitamente alinhada à torre com relógio da igreja.
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Datada do século XVIII, a igreja passou por intervenções no século XIX que deram à fachada o formato que vemos hoje. Por dentro, exibe entalhes em madeira e pintura com efeito marmorizado. Do topo da escadaria, é possível avistar o Pico do Itambé, um dos marcos naturais mais imponentes da região.
O parque é um tesouro natural, com nascentes e cabeceiras que alimentam os rios das bacias do Jequitinhonha e Doce. Suas inúmeras quedas d’água e cursos de rio renderam-lhe o apelido de “caixa d’água” da região.
Ali está o Pico do Itambé, com 2.052 metros de altitude, ponto mais elevado da Serra do Espinhaço e um dos mais altos de Minas. O termo “Itambé”, de origem tupi, significa “pedra afiada”.
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A cerca de 26 km de Serro, o acesso é gratuito e permitido de quarta a segunda-feira, das 8h às 17h. É possível agendar a subida ao pico, com autorização no próprio parque, ou ainda pernoitar no local em um abrigo para até 15 pessoas. Trilhas e mirantes compõem o passeio para quem busca algo mais rápido. Mais detalhes estão no site oficial.
Para os que buscam aventura, Serro é um ótimo ponto de partida. A geografia local forma diversas cachoeiras, algumas em propriedades privadas que cobram uma taxa de preservação em torno de R$ 10. Entre as opções estão:
O interior de Minas ainda tem praias de água doce perfeitas e paisagens de tirar o fôlego.
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Reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil, o Queijo do Serro é um dos símbolos da culinária mineira. Produzido com leite integral, pingo (fermento natural) e sal, passa por uma maturação mínima de 17 dias. Muitas fazendas locais recebem visitantes para mostrar o processo e oferecer degustações, sempre com agendamento prévio.
Visitamos a Fazenda Engenho da Serra, uma das mais antigas, que mantém um pequeno museu dedicado ao queijo. O proprietário, Jorge Simões, compartilha a tradição e ressalta que o modo artesanal e o ambiente da região são essenciais para o sabor. Na cidade, também há lojas especializadas na iguaria.
E quando o assunto é queijo, Minas Gerais é famosa pelos pães de queijo e a cidade de Paracatu conquistou reconhecimento nacional após produzir 500 mil pães de queijo por mês.
A cidade de Serro, aliás, é famosa por causa da sua produção de queijo. O canal Por onde andei, de Fernanda Götz, fez uma visita à cidade.
No alto da Serra da Carola, a 18 km de Serro, fica uma vila de casas vazias erguida em torno da Capela de Nossa Senhora das Dores. O templo foi construído em agradecimento pelas graças alcançadas por fiéis que subiam o morro. No mês de julho, durante o jubileu, moradores e visitantes se hospedam ali para celebrar a santa.
Para chegar, segue-se pela rodovia MG-10 até Conceição do Mato Dentro. Após 15 km, placas indicam o caminho para o distrito de Deputado Augusto Clementino. De lá, uma estrada de terra leva ao topo do Morro da Carola, 3 km adiante. A vista panorâmica e o silêncio recompensam a subida.
O Museu Casa dos Ottoni está em um casarão do século XVIII e abriga mais de 500 peças entre utensílios, móveis e obras de arte, além de mostras temporárias. A entrada é gratuita, de terça a sábado, das 10h às 18h, e aos domingos, das 8h às 12h.
Por sua preservação arquitetônica, todo o conjunto urbano e paisagístico de Serro foi tombado pelo Iphan em 1938. Igrejas e casarões revelam o auge do ciclo do ouro na região.
Entre eles estão a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja de Bom Jesus de Matozinhos e a Casa dos Ottoni. Um passeio pela Praça João Pinheiro permite admirar esse cenário.
Uma das maiores expressões culturais de Serro, a Festa do Rosário mistura fé, música e dança. O Congado, com raízes africanas mescladas a tradições europeias, é formado por três grupos: Catopês (negros), Caboclos (indígenas) e Marujos (portugueses).
Realizada em julho, a festa colore as ruas e reúne a comunidade. Antes do evento, é possível acompanhar os ensaios, repletos de música e energia, mantendo viva uma tradição do século XVIII.
A 25 km e 32 km de Serro, respectivamente, esses distritos convidam ao descanso. O som da água dos córregos e o canto dos pássaros embalam o clima pacato. Restaurantes com comida mineira completam a experiência. Em Milho Verde, o restaurante Angu Duro, além de pratos saborosos, oferece vista privilegiada para a serra.