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Jovens cansam das redes, largam celulares e seguem na solidão

Pesquisas mostram que jovens adultos estariam "cansados" da vida digital e dando preferência à vida anônima; a psicologia apoia a vida real

Giovanna Camiotto

Publicado em 08/10/2025 às 11:11

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Pesquisas mostram que jovens adultos estão abandonando as redes sociais / Freepik

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O celular, para muita gente, é uma forma de se conectar com o mundo enquanto, ao mesmo tempo e por meio das interações, busca-se superar a necessidade por conexões com outras pessoas. 

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Esse formato de socialização também pode virar uma espécie de prisão invisível: as notificações constantes, a necessidade de estar sempre disponível e o medo de “ficar por fora” chegaram a transformar o que antes era liberdade em dependência.

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Essa situação parece estar mudando e o uso das redes sociais no mundo parece ter atingido o limite. De acordo com uma pesquisa feita com 250 mil adultos em mais de 50 países, o tempo médio gasto em aplicativos e plataformas digitais atingiu o pico em 2022, mas vem diminuindo desde então.

Em 2024, usuários de países desenvolvidos passaram cerca de 2 horas e 20 minutos por dia conectados — quase 10% a menos do que há dois anos. O dado chama atenção pelo perfil de quem está abandonando as telas: jovens de 16 a 24 anos, justamente o grupo que transformou o “estar online” em estilo de vida. Agora, parecem simplesmente cansados.

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O fenômeno vai além da redução no tempo de uso. Especialistas apontam uma mudança de propósito: as redes, antes espaços de conexão entre pessoas, se tornaram vitrines de conteúdo e consumo rápido de dopamina. Com a saturação, muitos usuários têm migrado para ambientes menores e mais íntimos, como fóruns, comunidades privadas e newsletters.

Pausas são necessárias

Segundo a psicologa e coordenadora da equoterapia Cafarnaum, Verônica Diegues, é necessário "sentir na pele, experimentar o desafio e o triunfo por nós mesmos". Ela explica que o corpo precisa ter sensações externas para retomar a atenção total aos sentidos.

"Me parece chegar uma hora que apenas observar não basta. [...] Desejamos e encorajamos a diminuição do consumo para que as horas possam ser aplicadas em contextos não digitais. Na equoterapia, a gente vê isso acontecer o tempo todo. Quando o praticante se afasta um pouco das telas e entra em contato com o cavalo, o tempo muda. O ritmo muda. A atenção e a interação voltam."

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"É como se o corpo dissesse: 'agora sim, estou aqui'. Por isso, a proposta não é desligar o celular, é ligar a vida. É olhar pra fora, pro outro, pro agora. Cada minuto longe da tela pode ser um minuto perto de algo transformador", completou Verônica.

Além dela, o Dr. Drauzio Varella também ressalta a importância da socialização em um vídeo de seu canal no You Tube. Assista abaixo:

Atualmente, o tempo médio global de permanência nas redes é de 2h21 por dia — uma queda de dez minutos em relação a 2022. Saiba mais na galeria abaixo:

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A queda do tempo online reflete cansaço e saturação, especialmente entre quem transformou o celular em estilo de vida/Freepik
A queda do tempo online reflete cansaço e saturação, especialmente entre quem transformou o celular em estilo de vida/Freepik
Muitos jovens buscam agora fóruns, comunidades privadas e newsletters em vez das grandes plataformas/Freepik
Muitos jovens buscam agora fóruns, comunidades privadas e newsletters em vez das grandes plataformas/Freepik
Redes sociais migraram de espaços de conexão para vitrines de consumo rápido de dopamina/Freepik
Redes sociais migraram de espaços de conexão para vitrines de consumo rápido de dopamina/Freepik
Jovens de 16 a 24 anos passam, em média, 2h20 por dia nas redes sociais em 2024, quase 10% menos que em 2022/Freepik
Jovens de 16 a 24 anos passam, em média, 2h20 por dia nas redes sociais em 2024, quase 10% menos que em 2022/Freepik
Jovens LGBTQ+ enfrentam saúde mental pior, com taxa de problemas quase três vezes maior que outros grupos/Freepik
Jovens LGBTQ+ enfrentam saúde mental pior, com taxa de problemas quase três vezes maior que outros grupos/Freepik
 

Vida limitada

Mas se o celular passa menos tempo nas mãos, o vazio parece continuar. Uma pesquisa recente feita nos Estados Unidos com jovens de 13 a 24 anos mostra que metade deles relata sentir solidão, número próximo ao dos que afirmam enfrentar problemas familiares.

Os dados indicam um cenário desigual: jovens LGBTQ+ classificam sua saúde mental como ruim em uma taxa quase três vezes maior que a dos demais. O mesmo ocorre entre aqueles com dificuldade de pagar despesas básicas, em comparação com jovens de maior renda.

Entre os principais fatores que afetam a saúde emocional, estão a solidão, as tensões familiares, a sensação de falta de propósito (45,1%) e a pressão escolar (33,8%).

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As conclusões dialogam com relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam que uma em cada seis pessoas no mundo sofre com a solidão — índice que chega a superar 20% entre as gerações mais jovens.

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