Sindical e Previdência

Presidente do TST apoia fim de imposto sindical compulsório

Questão é polêmica e está sendo debatida na reforma trabalhista que tramita na Câmara Federal

Da Reportagem

Publicado em 08/04/2017 às 11:00

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O fim do imposto sindical, tema que consta na reforma trabalhista, ainda divide o governo Michel Temer, mas tem o apoio do presidente do TST, Ives Gandra Filho / Divulgação

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Com informações do Estadão Conteúdo

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A proposta do relator da reforma trabalhista, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), de acabar com a obrigatoriedade do imposto sindical ainda divide o governo do presidente Michel Temer, mas conta com o ­respaldo de ­representantes da Justiça do Trabalho. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Filho, defendeu o fim do imposto sindical compulsório da forma como é hoje.

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A questão é polêmica e os sindicatos acreditam que vão perder força na representação dos trabalhadores. Hoje, todo cidadão empregado com carteira assinada paga o tributo, independentemente de ser filiado a uma entidade de classe.

O valor é equivalente a um dia de trabalho por ano. Gandra defende um novo modelo de contribuição aos sindicatos, que não seja obrigatório. O trabalhador teria a opção de, dez dias antes da data estipulada para o desconto, ser contrário ao pagamento da taxa, que estaria atrelada à negociação coletiva e seria equivalente a, no ­máximo, um dia de trabalho.

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Ele também propõe acabar com a chamada unicidade sindical, ou seja, a existência de um único sindicato numa determinada base geográfica para cada categoria de trabalhadores. “Ou seja, os sindicatos só poderiam defender os associados. Quem não for associado não poderia se beneficiar de uma decisão favorável movida pelos sindicatos, o que estimularia a associação”, explica.

A pluralidade sindical, prevista na Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho, de 1948, vigora em mais de 150 países O pluralismo sindical e o fim do imposto sindicalforam duas bandeiras históricas do PT e do ex-presidente Lula antes de o partido chegar ao poder, em 2003.

A questão da unicidade sindical não entrará na reforma trabalhista porque seria preciso mudar a Constituição, diz Marinho. Mas já está certo que ele colocará o fim do impostosindical e da contribuição sindical patronal, que é recolhida das empresas de acordo com o capital.

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“Na hora que esse financiamento deixar de ser compulsório, os sindicatos que têm representatividade vão se fortalecer porque os associados vão se sentir compelidos a contribuir para o bem deles mesmo”, afirma. “Não há lógica em ser compulsório. Os sindicatos recebem uma monta de dinheiro e não prestam contas a ninguém.”

Receitas

Secretário de ­Finanças da CUT, Quintino Severo, diz que o ­imposto sindical representa em torno de um quarto a um terço das receitas dos sindicatos. A contribuição assistencial - que foi considerada ­ilegal ­quando cobrada de não associados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - é responsável por outros 40% das receitas­.

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A mensalidade, portanto, representa pouco em termos de receitas porque, segundo Severo, há grande dificuldade de sindicalização. No setor público, os sindicalizados representam de 80% a 90% dos servidores que têm estabilidade de emprego. No setor privado, varia de 12% a 15% no caso do comércio e chega a 70% entre metalúrgicos, bancários e ­petroleiros.

Secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirma que a obrigatoriedade do imposto sindical se deve ao modelo brasileiro em que os sindicatos não representam apenas associados. “Quem defende o fim está defendendo um novo tipo de associação, cujas ­experiências foram nefastas na América ­Latina”, afirma.

“Se colocar de forma voluntária, ninguém vai querer pagar”, resume Ricardo Patah, presidente da UGT. Segundo ele, o movimento sindical vai lutar até o fim para a manutenção da obrigatoriedade sindical.

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Além de sindicatos, federações e centrais sindicais, parte do dinheiro vai também para o Ministério do Trabalho e Emprego.

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