Marcha em Brasília, no último dia 24 de maio, mostrou ao Governo do presidente Temer que trabalhadores estão contra as reformas do trabalho e da previdência / Divulgação
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Para garantir a aprovação da reforma trabalhista (PLC 38/2017) no Congresso Nacional, que deve ser votada no final deste mês ou início de julho, o presidente Michel Temer deverá vetar o artigo que acaba com a contribuição sindical obrigatória e mantê-la por mais um período.
Para isso o presidente reativou o Conselho Nacional do Trabalho, que será o responsável por sugerir vetos ao projeto que deverá ser aprovado pelo Senado.
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A informação é do vice-líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), e foi divulgada pela Rádio Senado. Segundo o parlamentar, a medida teria como objetivo reduzir as resistências dos sindicalistas à proposta.
Já, o relator do texto no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES) também entrevistado, defendeu o fim da contribuição sindical de uma vez.
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Segundo ele, é preciso dar liberdade e autonomia para que as pessoas possam decidir e autorizar a contribuição. A reforma trabalhista se encontra em debate na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e depois segue para a Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
Reação
Sindicalistas da Baixada Santista reagiram de pronto à essa informação com críticas ao presidente Michel Temer. “Ele quer desestabilizar o movimento sindical e enfraquecer nossa luta contras as reformas nocivas aos trabalhadores. Isso não foi negociado com as centrais”, disse Herbert Passos Filho, vice-presidente da Força Sindical de São Paulo.
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“O presidente Temer usa o vice-líder do Governo para passar essa informação, sendo mais uma tentativa desesperada em tentar desviar o foco da nossa luta contra as reformas. Ele está tentando jogar os trabalhadores contra seus sindicatos. Nossa luta é para enterrar essas reformas”, disse Fábio Pimentel, diretor da NCST de São Paulo.
Imposto sindical foi criado por Getúlio Vargas
Entre 1943 e 2008, o imposto sindical foi recolhido pelo governo federal e repartido com sindicatos (que ficam com 60%), federações (15%) e confederações (5%). O restante, 20%, ficava na Conta Especial Emprego e Salário - CEES, administrada pelo Ministério do Trabalho que custeou programas de seguro-desemprego, abono salarial e financiamento de ações para geração de emprego.
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O imposto sindical foi criado por Getúlio Vargas para financiar os sindicatos: ele é recolhido nos meses de janeiro (empresas), fevereiro (autônomos e profissionais liberais) e abril (empregados), todos os anos, de empresas, trabalhadores autônomos e profissionais liberais bem como de todos os trabalhadores com carteira assinada no Brasil.
Desde 2008, a lei 11.648/2008 autorizou o repasse de 10% para as centrais sindicais. Todas as entidades continuaram com suas parcelas, mas o Ministério do Trabalho viu sua parcela ser dividida pela metade. De lá pra cá, mais de R$ 1 bilhão já foi repassado às centrais.
Em 2016, a Central Única dos Trabalhadores (CUT)foi a entidade que mais recebeu recursos: R$ 59,8 milhões. A maior central do País tem 70% dos sindicatos e 77,6% dos trabalhadores associados.
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Veja íntegra do texto da entrevista na rádio Senado
Temer deve vetar artigo da reforma trabalhista que acaba com contribuição sindical obrigatória.
Em busca de apoio à Reforma Trabalhista, o presidente Michel Temer reativou o Conselho Nacional do Trabalho. Criado há 20 anos, o colegiado contará com a participação de 30 integrantes, sendo 10 representantes do governo, dez dos trabalhadores e dez dos empresários. Esse Conselho será responsável por sugerir vetos ao projeto que deverá ser aprovado pelo Senado. Segundo o vice-líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho, do PSB de Pernambuco, para reduzir as resistências dos sindicalistas à Reforma, Temer estaria disposto a manter a contribuição sindical obrigatória por um período.
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(Fernando Bezerra) No sentido de que haja o veto ao fim da contribuição compulsória, mas haja o encaminhamento de uma nova proposta que possa permitir o fim da consolidada através de uma graduação.
Ou seja, haveria uma redução naquilo que é pago hoje mas dando um tempo para que os sindicatos e centrais sindicais possam se organizar para esse novo momento que é o fim da compulsoriedade.
(Repórter) Mas o relator da Reforma Trabalhista, senador Ricardo Ferraço, do PSDB do Espírito Santo, defende o fim da contribuição sindical de uma vez.
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(Ricardo Ferraço) Qualquer caminho diferente de tornar a contribuição sindical opcional ou facultativa é um retrocesso. Penso que nós precisamos dar liberdade e autonomia para que as pessoas possam decidir e autorizar a contribuição. Isso não pode ser imposto, não pode ser obrigatório. Isso é uma coisa absurda.
(Repórter) Apesar de manter o projeto da Câmara dos Deputados, Ferraço defende alguns vetos, a exemplo da permissão de grávidas ou lactantes atuarem em locais insalubres, e mudanças que sairão por medida provisória, como a que regulamentará o trabalho intermitente.