Tudo caminhava para um entendimento que, principalmente, beneficiaria a população vicentina. Mas o caldo, literalmente, entornou. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Vicente (SindServSV) anunciou ontem a possibilidade de caos na saúde, colocando os servidores da área em estado de alerta.
Segundo os sindicalistas, todas as possibilidades de negociação com a Prefeitura de São Vicente em torno dos acordos firmados, nos últimos dias, que previa pagamento de horas extras aos funcionários da área, não foram cumpridos pelo secretário de Saúde e da Fazenda, Cláudio França, irmão do deputado federal licenciado e secretário de Turismo do Estado, Marcio França (PSB).
Conforme a direção do Sindicato, as horas extras trabalhadas até o dia 11 de outubro não foram pagas e quando os servidores ligam para o Departamento de Recursos Humanos são informados que não existe previsão para o pagamento, o que leva o Sindicato a acreditar que não existe garantia nenhuma que as 4.800 horas disponibilizadas pela Administração Municipal sejam pagas no prazo acordado.
No último dia 9, a presidente do Sindicato, Mara Valéria Giangiulio, expôs o caso ao prefeito Tércio Garcia. O prefeito informou, na ocasião, que a ordem (pagamento das horas) já havia sido dada. Porém, segundo Mara Valéria, não foram cumpridas pelo secretário. “Tentamos entrar em contato com o Sr. Cláudio, mas, até o momento, não obtivemos êxito”, revela.
Mara Valéria afirma que se o pagamento das horas extras não for efetuado até a próxima quinta-feira (22), haverá uma assembleia, às 19 horas do mesmo dia, com os servidores, para deliberar as ações que serão tomadas.
Conforme os sindicalistas, a falta de comprometimento do secretário está colocando em risco não só os servidores da saúde, que já trabalham dobrado para suprir a falta de funcionários nos setores, mas também toda a população, que depende de atendimento no Município e está a mercê de erros de profissionais cansados.
Problema velho
Conforme matéria publicada no DL no fim de outubro, o sistema de saúde de São Vicente já estava frágil, forçando uma reunião de portas fechadas entre a direção do Sindicato e o Governo Municipal. Além da falta de pessoal, os problemas são relacionados à material de trabalho e equipamentos, sendo o CREI e o SAMU, os que estariam mais afetados.
No Hospital São José, por exemplo, os sindicalistas alertavam sobre a falta de pessoal. No plantão de 12 horas, onde deveriam trabalhar seis funcionários, estariam trabalhando apenas dois. No SAMU, as denúncias davam conta de ambulâncias paradas no pátio por falta de equipes de atendimento. Segundo informam os funcionários, o Município contava com apenas duas equipes de atendimento básico de emergência e uma de atendimento avançado para atender a área insular e continental. Os sindicalistas explicam que a situação chegou ao caos por problemas administrativos. Eles contam que dois concursos foram realizados, em 2008 e em 2011, abrindo 40 vagas para técnico de enfermagem. Os aprovados não foram contratados.
De acordo com o sindicato, desde o último dia 1º, por ordem da Secretaria de Administração, as horas extras não seriam pagas e as que fossem feitas a partir da data deveriam compor um banco de horas, o que foi rechaçado, na ocasião, pelo funcionalismo.O Sindicato havia revelado que os trabalhadores estavam sofrendo pressão psicológica, com informe de cancelamento de férias e licenças prêmio, além de troca de folgas em dias previamente marcados.
Semana passada, Mara Valéria já havia garantido que conseguiu do prefeito a garantia de uma folha suplementar para garantir as horas extras trabalhadas. “Mas é preciso urgentemente solucionar o problema de falta de funcionários, principalmente nos postos em que são realizados serviços de pronto atendimento”, revelava.
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