Sindical e Previdência

Delegados de São Paulo iniciam 2021 com o pior salário do Brasil, diz sindicato

Levantamento feito pelo Sindpesp aponta que o Estado mais rico paga a menor remuneração do país para seus delegados

Da Reportagem

Publicado em 04/01/2021 às 16:30

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Raquel Kobashi Gallinati é a presidente do Sindpesp / Divulgação

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O delegado de polícia que inicia 2021 no Estado de São Paulo vai receber o pior salário entre os profissionais de todo o Brasil. A remuneração dos delegados paulistas é de R$ 10.382,48, segundo levantamento feito pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. Como comparação, no Mato Grosso, que paga o melhor salário do país, o valor é de R$ 24.451,11.

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O resultado do levantamento, concluído no final de dezembro de 2020, aponta a desvalorização da Segurança Pública paulista, em um desmonte que ocorre há mais de anos por parte do Governo do Estado, mas se acentuou de forma vertiginosa na gestão Doria, de acordo com o Sindpesp.

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“No mesmo mês em que o Sindpesp chegou ao lamentável resultado que colocou os delegados paulistas na lanterna dos salários, o Governo do Estado mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de orçamento de R$ 246,3 bilhões para 2021, que coloca São Paulo disparado como o estado mais rico do Brasil”, apontou Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sindpesp. O segundo estado com mais recursos, Minas Gerais, prevê gastos de R$ 121,9 bilhões, menos da metade do valor paulista.

Os salários de investigadores e escrivães, levantados pelo Sindpesp, também colocam São Paulo entre os piores salários da federação. Com valor inicial de 3,931,18, estão à frente apenas de Pernambuco, Santa Catarina, Alagoas e Ceará.

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Segundo o Sindpesp, a desvalorização salarial é um dos fatores que comprovam o sucateamento da Polícia Civil paulista, que junto com o deficit de policiais e a falta de estrutura apontam a ausência de investimento do Governo na segurança da população.

A Polícia Civil paulista tem previsão de 41.912 cargos. Atualmente, 27.464 estão ocupados, o que representa somente 65,5%. “Faltam 14.448 policiais civis em São Paulo. Ou seja, trabalhamos com recursos humanos 34,5% abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança pública para o povo paulista”, explica Raquel Gallinati.

Os dados salariais foram levantados em todos os estados da federação, com informações de portais da transparência, setores de recursos humanos das secretarias de segurança e diários oficiais.

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Dados de Pernambuco apontam que o salário inicial do delegado efetivo é de R$ 19,793,57. Durante o estágio probatório, o valor é de 9.069,81, passando para o salário inicial assim que o profissional é efetivado.

Desde 2017, o Sindpesp faz o levantamento dos recursos humanos da Polícia Civil paulista. Os dados podem ser acompanhados mensalmente no site www.sindpesp.org.br, no Defasômetro.

O Sindpesp alega que, durante sua campanha eleitoral, o governador João Doria prometeu que os policiais paulistas estariam entre os mais bem remunerados do País.

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Em seu primeiro ano à frente do Estado, não houve alteração nos salários. Em janeiro de 2020, foi oferecida uma recomposição salarial de 5%, mas que na realidade resultou em perda salarial, em função do aumento da alíquota da Previdência estadual.

“Com o início da pandemia, o governador passou a justificar que não poderia conceder reposição salarial, apesar dos policiais estarem trabalhando na linha de frente, nas ruas, enfrentando os riscos inerentes da profissão e o Covid-19”, explicou a presidente do Sindpesp. “Pelo descaso do Governo, a população do Estado de São Paulo está à mercê da criminalidade, apesar dos esforços do efetivo da Polícia Civil. Não temos condições para fazer o trabalho que a população de São Paulo merece, que é um trabalho de excelência”, completou Gallinati.

 

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