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Saúde

Veterinária explica sobre a Leishmaniose

Doença é transmitida por mosquito-palha e pode infectar tanto humanos quanto cães, mas é mais grave em animais.

Vanessa Pimentel

Publicado em 28/04/2019 às 05:02

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A veterinária Denise Salgado atua no My Pet HomeCare, em São Vicente. / Nair Bueno/DL

Santos começou a registrar casos de leishmaniose em 2015. De lá para cá, a cidade tem tomado providências para evitar um possível surto da doença, transmitida por um mosquito conhecido popularmente como mosquito-palha. No ano passado foram registrados na cidade 29 casos, todos em cães. Não há registro de munícipes infectados nos últimos anos.

Os cães são mais afetados pela doença do que os humanos porque o sistema imunológico deles é menos desenvolvido. Os felinos também poder ser infectados, mas a probabilidade é menor. Os cães são considerados reservatórios da doença e fonte de infecção para o vetor (inseto). Ou seja, a doença não passa de cão para cão, nem de cão para pessoa, somente pela picada do mosquito transmissor infectado.

Diversas ações são realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde para coibir a transmissão da doença. Entre elas, a criação de uma Comissão de Investigação, Prevenção e Controle da Leishmaniose, que reúne representantes de diversos setores da Administração, autoridades de saúde pública e ligadas à preservação da vida animal. Também é feita capacitação periódica dos agentes de controle de endemias e demais profissionais de saúde.

Para tirar as dúvidas sobre a Leishmaniose, confira a entrevista exclusiva com a veterinária Denise Salgado, que atua no My Pet HomeCare, em São Vicente.

DL - Existe vacina para animais específica para Leishmaniose?

Denise - Existe uma vacina específica para cães. Mas antes de vaciná-lo é preciso fazer um exame sorológico para ver se ele tem anticorpos contra a leishmaniose. Se der negativo, ele pode ser vacinado. Se der positivo, significa que ele tem anticorpo e não pode ser vacinado porque já entrou em contato com o agente. A vacina fica em torno de R$200. Se for a primeira vez que o cão for tomar, são necessárias três doses, com intervalo de 21 dias entre elas. A vacina ainda está em fase de testes e não há garantia que realmente funcione, mas todos os testes feitos até hoje indicam que ela protege o animal.

DL - Existem colares com repelente que protegem o animal do contato com o mosquito, mas alguns cães têm alergia. Como proceder nestes casos?

Denise - Essas reações são individuais, depende de cada animal. Não tem como saber antes, então se a pessoa quiser colocar a coleira deve observar se o cachorro se adapta bem ou não. Em caso de alergia, basta levar ao veterinário para ver se será necessária alguma pomada que alivie a área afetada.

DL - Existem três tipos de leishmaniose (cutânea, mucocutânea e visceral). Qual a diferença entre elas? Qual é mais grave?

Denise - Estes três tipos de leishmaniose são em humanos. Em animais são apenas dois: a cutânea e a visceral. A mais grave é a visceral porque ela vai pelos vasos sanguíneos até o fígado e baço e se espalha pelo organismo, inclusive na medula óssea. A cutânea só fica a nível de pele, não entra no corpo, é menos grave e é mais comum no Nordeste. Em felinos a leishmaniose é mais rara.

DL - A doença não tem cura, então o animal que a contrai está fadado a morte?

Denise - Não tem cura, mas tem tratamento. A doença permanece, mas é controlada. O animal que contrai a doença precisa fazer um acompanhamento sorológico mensal e se o dono se comprometer a tratá-lo, o animal não estará fadado a morte. Para que o cão viva bem, é preciso fortalecer o sistema imunológico dele.

DL- Quais são os sintomas?

Denise - A doença tem três apresentações clínicas. Uma delas é assintomática, ou seja, não tem sintoma nenhum, mesmo que o animal tenha leishmaniose. Isso acontece quando o sistema imunológico do cachorro é bom. O segundo é oligossintomático, ou seja, com poucos sintomas. Nestes casos, o cão tem caspa ou um gânglio inchado. E há os sintomáticos, quando o sistema imunológico não responde a doença e aí a leishmaniose se prolifera mais rápido. Ou seja, não é a doença que demora para aparecer, é o sistema imunológico de cada cachorro, da raça, entre outros.

DL - E para os humanos, quais os riscos?

Denise - O risco para o humano é o mesmo do cão. Qualquer um dos dois pode ser picado pelo mosquito. O homem tem uma vantagem porque o sistema imunológico é mais forte. Os mais predispostos são crianças até 10 anos ou idosos, e pessoas com imunodeficiência. Vale sempre lembrar que os cachorros não passam a doença, então podem ser abraçados, beijados. Quem transmite é sempre o mosquito.

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