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Saúde

Teste de coronavírus fica mais acessível

Metodologia inovadora desenvolvida pelo hospital Albert Einstein é capaz de processar mais de 1500 amostras simultaneamente e resultado é 100% preciso

Da Reportagem

Publicado em 03/06/2020 às 10:48

Atualizado em 03/06/2020 às 10:51

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O equipamento que analisa as amostras permite processar até 1.536 exames ao mesmo tempo / Einstein Foto Divulgação

Saber o quanto o coronavírus se espalha em uma população é informação essencial para os governantes monitorarem o grau de disseminação do agente infeccioso: assim, é possível ter ações mais efetivas para evitar que outras pessoas se contaminem, como ações de isolamento social mais ou menos restritivas, e ampliar a rede de atendimento hospitalar de determinada região, se necessário.

Infelizmente não é essa a realidade brasileira atual. A capacidade de processamento dos testes para a Covid-19 é limitada, o que impossibilita a testagem em massa. Mas há boas notícias. O Hospital Albert Einstein desenvolveu um teste genético que amplia em até 16 vezes a capacidade de processamento de amostras, detecta o vírus no primeiro dia da infecção e com precisão absoluta. "É necessário termos exames de larga escala para sabermos como a doença avança", afirma o médico João Renato Rebello Pinho, coordenador do laboratório de técnicas especiais do Einstein.

O teste usa o método genético já utilizado no diagnóstico de câncer, o sequenciamento de nova geração. Ele faz uma leitura de pequenas partes de DNA (o material genético das células) que identifica mutações genéticas. O que os pesquisadores do Einstein fizeram foi adaptar a metodologia para encontrar RNA (material genético encontrado em vírus, como o coronavírus) nas amostras. A técnica tem a mesma precisão do teste RT-PCR, utilizado atualmente no Brasil, considerada 100% precisa (não apresenta resultados falso-positivos) e o maquinário pode processar até mais de 1500 amostras simultaneamente, 16 vezes mais que a técnica atual. "Essa técnica é útil para todo o Brasil, porque resolve o problema de se detectar o coronavírus em uma grande população", explica.

A forma de coletar as amostras é a mesma do exame RT-PCR: por meio de um swab (uma espécie de haste flexível de algodão) que é colocado na área nasal. A coleta das amostras precisa de uma equipe treinada para que os materiais possam ser adequadamente recolhidos. O material deve ser mantido a uma temperatura de 4°C por dois dias, e a -80°C por até mais de um mês, até ser avaliado.

O equipamento necessário para processar as amostras é o mesmo que realiza esse sequenciamento genético e, embora não esteja presente em todos os laboratórios, os que existem e estão ociosos podem ser utilizados para também processarem as amostras de coronavírus - e auxiliar no diagnóstico. Essa técnica estará disponível para uso a partir de junho, e os trâmites para disponibilizá-la para a rede pública de saúde estão em fase final.

O valor de cada um desses testes é semelhante ao do RT-PCR, e pode ser inclusive mais baixo, dependendo da quantidade a ser processada. E mesmo depois que o pico da pandemia passar, o exame poderá ser utilizado para monitorar os casos.

"Pode ser utilizado como controle epidemiológico para saber como está a infecção pelo coronavírus", completa Pinho.

Tipos de teste

Há alguns tipos de testes já aprovados para uso na população, e vários em desenvolvimento, que procuram ser mais rápidos, precisos e baratos. A ideia é aumentar a velocidade e a quantidade de testes, de forma a ter um panorama de quantas pessoas se infectaram e como o coronavírus se espalha. Veja abaixo alguns deles.

RT-PCR: É o mais preciso em uso atualmente, e o que está à disposição nos hospitais públicos e particulares. Retira-se material do nariz, que é colocado em um equipamento para retirar e analisar o material genético - e descobrir se é ou não coronavírus. Pode ser usado a partir do 3º dia depois do início dos sintomas. O resultado sai em até três dias.

Teste rápido: Ele sai em pelo menos uma hora depois de realizado. Uma amostra de sangue é retirada do paciente, e nele é analisada a quantidade de anticorpos produzidos pelo corpo em resposta à infecção pelo coronavírus. Para ser mais eficaz, ele deve ser feito pelo menos duas semanas depois dos primeiros sintomas, mas mesmo assim ainda oferece 30% de resultados falso-negativos.

CRISPR: É uma técnica genética que usa uma gota de sangue, colocada em uma fita especial, que detecta com 100% de precisão a presença do coronavírus. O resultado sai em até 20 minutos, e pode inclusive identificar se o agente patogênico passou por mutações. O teste já funciona com eficácia para detectar HIV e ebola.

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