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Saúde

Pico de Covid-19 na Baixada pode ser em junho, segundo estudo da Unicamp

Dados mostram o avanço da doença em cidades da Região e do interior

Da Reportagem

Publicado em 18/05/2020 às 15:20

Atualizado em 18/05/2020 às 17:09

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Pico de Covid-19 no interior e litoral de SP pode ser em junho, segundo departamento da Unicamp / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

São Paulo está apresentando um crescimento tardio nos números de mortes e contaminados pelo novo coronavírus. Neste domingo (17), o Estado atingiu 62.345 casos confirmados 4.782 óbitos pela doença.

Uma equipe de pesquisadores do Departamento de Estatística da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) monitora a evolução do vírus na Baixada Santista e no interior de São Paulo e na região metropolitana de Campinas. A escalada deve acontecer aos reflexos das primeiras medidas de flexibilização de isolamento social e pela mudança do clima – o inverno começa no dia 20 de junho, e nesta estação o ar fica mais seco, sobrecarregando os hospitais com problemas respiratórios.

“Não se sabe como o vírus vai se comportar no inverno do Brasil. O que sabemos é que se não tivesse acontecendo nada, não estivéssemos em uma pandemia, os leitos já estariam comprometidos, porque é assim todo junho”, diz o coordenador do departamento, o professor Benilton de Sá Carvalho.

“Na região de Campinas, as estimativas que temos neste momento é que o pico venha para o fim do mês, começo de junho”, acrescenta o coordenador.

O médico diz que estão trabalhando em possíveis picos no Interior. “O que me assusta nisso é que estaremos em uma fase em que o número de casos e o número de óbitos estão subindo de uma maneira acelerada”, informa Carvalho.

Mesmo com o volume concentrado na Grande São Paulo, em abril e na primeira quinzena de maio, os números de infectados e de mortos cresceram rapidamente no Interior e no Litoral. “Nos primeiros 11 dias de maio, as mortes na região da Grande São Paulo aumentaram 63%, enquanto no resto do Estado o aumento foi de 68%”, afirma o secretário de Saúde do Estado, José Henrique Germann.

LITORAL E INTERIOR.

A região da Baixada Santista (DRS-4) e de Campinas (DRS-7) são as maiores afetadas pela doença. “As curvas de crescimentos que vemos até agora chegam a um ponto em que fazem o que chamamos de ponto de inflexão, que coincide com a metade de toda desgraça que vamos enxergar pela frente”, informou o estatístico da Unicamp.

Depois da Grande São Paulo, a região da Baixada Santista é a mais afetada. Até a sexta-feira (15), a DRS-4 registrava 8,9 óbitos para 100 mil habitantes. A região possuía 167 mortes causadas pela Covid-19.

No Interior, “o total de casos da Covid-19 dobrou: saltou de 4,3 mil para 8,7 mil”, informou o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi. Ele se referiu a números do dia 30 de abril a 11 de maio.

Na última sexta-feira (15), eram 11.161 casos confirmados e 653 mortos no Interior. Os óbitos por Covid-19 atingiram 209 cidades do Estado, 172 no Interior e Litoral e 37 na Grande São Paulo.

A Secretaria Estadual da Saúde divide São Paulo em 17 áreas, considerando polos urbanos regionais, grandes cidades e as sedes dos Departamentos Regionais de Saúde (DRSs).

“Quando abril começou, 16 cidades do Estado registravam mortes por Covid-19”, revelou Vinholi. Quinze dias depois, 78 cidades tinham registrados um ou mais mortes pela doença, 50 deles no Litoral ou Interior e o restante na Grande São Paulo (área DRS-1, que engloba 38 cidades e a Capital).

A região de Bauru (DSR-6) possuía 44 mortes por Covid-19, uma taxa de 2,44 para cada 100 mil habitantes.

PICO.

No País, a taxa de transmissão do novo coronavírus calculada é de 2,8% - a taxa mede quantas pessoas um infectado pode contaminar.

“Vão começar a trabalhar a flexibilização, e as métricas que temos visto de número de contágio, aqui no Brasil, está na faixa de 2,8 por pessoa infectada, quando seria ideal que a gente começasse a ver esse número abaixo de 1”, afirmou Carvalho. “Então, digamos que se flexibilizarmos o isolamento agora e uma pessoa contaminada vai para a rua, no mercado, no trabalho, ela terá contaminado outras três, cada uma dessas três, na sua nova rotina de flexibilização, estará contaminando mais três, já são nove. Depois disso, vai para 27, depois para 81, depois 243, e vai subindo”, acrescentou o coordenador.

Para o médico, os lugares que atingirem uma taxa de 0,5 terão passado pelo pico da pandemia, pois “precisaríamos de duas pessoas para contaminar uma”.

O objetivo do departamento é reunir e monitorar o avanço da doença e estabelecer o melhor momento para a flexibilização da quarentena.

“Querem iniciar a flexibilização das regras de isolamento social nas cidades do interior, porque elas têm pouquíssimos casos de contaminados e de mortes. Mas o que os dados nos mostram é que nesses locais há poucos casos, porque ainda está começando o aumento, não porque o pico já passou”, afirmou Carvalho ao falar de um avanço tardio.

Ao analisar dados de Campinas, o professor disse acreditar que a flexibilização não deve acontecer agora. “Para mim, pessoalmente, é assustador pensar em flexibilização agora, pelos seguintes fatores: olhando a curva de Campinas, por exemplo, estamos chegando em duas mortes para cada 100 mil habitantes, com essa curva em subida”.

Em cidades do Interior e do Litoral, alguns moradores não respeitam o isolamento social e a doença é vista com desconfiança, sendo um risco, segundo o médico. “O que me assusta é que teremos nessas cidades do Interior e no Litoral, em que em várias delas houve resistência maior ao isolamento e a vida continuou normalmente, pessoas que estão infectadas e nem sabem que estão, e contaminarão outras pessoas”.

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