Saúde

‘Melhor agir do que se omitir’, diz médico sobre o crack

Psiquiatra forense defende internação compulsória de usuários da droga.

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 12/02/2013 às 18:06

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A internação compulsória dos usuários de crack já gerou muito polêmica este ano. O tema voltou a debate no Brasil em janeiro, quando o Governo de São Paulo fez uma parceria com a Justiça para agilizar a internação forçada de casos extremos de dependentes da droga.

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Na última semana, quem se pronunciou sobre o assunto foram especialistas da ONU e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo eles, a internação compulsória de dependentes de crack não é a maneira mais eficiente de se lidar com o problema do vício.

Para o médico psiquiatra forense, Dr. Hewdy Lobo, ação é melhor do que a omissão. “A ação para buscar o indivíduo portador de dependência química tem pertinência e alguns erros podem ocorrer pela falta de experiência prévia deste tipo de abordagem. Muito melhor tomar ações efetivas do que permanecer na omissão”, defende.

Para ele, o modelo adotado merece muito mais elogio do que crítica. “Muitos não entendem esta busca ativa do paciente portador de dependência química, enquanto pessoas com outras doenças buscam por vontade própria o tratamento para suas doenças. A explicação é simples, a dependência de drogas e especialmente o crack tem consequências cerebrais e logo mentais que prejudicam a capacidade independente de expressar opinião de forma apropriada. Desta forma, a internação compulsória, que é determinada pelo juiz, tem pertinência sim contando com a avaliação médica concomitante”, explica.

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O Governo paulista iniciou em parceria com um plantão jurídico em uma clínica especializada no tratamento de dependentes químicos no centro da Capital. A medida gerou polêmica e atraiu críticas de ativistas de direitos humanos, contrários à internação forçada e que temiam o uso da polícia para levar viciados para tratamento. Até agora, nenhum paciente foi internado por ordem judicial e menos de 10 foram internados involuntariamente (a pedido da família, mas sem ordem da Justiça), segundo Elias.

A cada dia tem uma nova cracolândia em Santos (Foto: Luiz Torres/DL)

Cuidados

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Segundo o psiquiatra, o mais importante é ter serviço de dependência química aberto 24 horas por dia, sete dias por semana. “Os dependentes de drogas tem como uma das consequências comportamentais expressarem o desejo de tratamento instável e por isso em alguns momentos desejam e em outros recusam. Então, estando o serviço disponível a oportunidade de tratamento do momento que desejam facilitar o início da abordagem terapêutica”, completa.

Lobo explica ainda que o papel da família é fundamental na hora da internação e do tratamento do usuário. “A família pode ajudar reconhecendo que não tem uso seguro de drogas, que dependência química é doença e precisa de avaliação médica com necessidade de tratamento em equipe multidisciplinar incluindo junto com o médico, também, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, nutricionistas, educadores físicos, conselheiros e muitos outros profissionais. Logo, familiares devem levar pessoas que usam drogas em diferentes quantias para avaliação médica com ou sem a aprovação da pessoa que está usando”, aconselha.

Santos

Santos vai aderir ao programa ‘Crack é Possível Vencer’, do Governo Federal, apresentado na última semana, por videoconferência, a representantes da Prefeitura e dos municípios de São Vicente, Praia Grande e Guarujá, no Banco do Brasil - Agência Estilo (Gonzaga).

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O objetivo da exposição, feita pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e por secretários nacionais, foi explicar a metodologia e aplicação da iniciativa nas cidades.

A partir de agora será constituído um comitê gestor intersetorial de articulação do programa, para fazer um planejamento baseado em indicadores de ações e metas, a ser encaminhado ao Governo Federal entre os dias 14 deste mês e 15 de março. O Ministério terá um mês para análise e, em abril, iniciam as assinaturas dos termos de adesão.

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