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Saúde - HIV 40 anos: como está o combate ao vírus

Desde a sua descoberta, em 1981, a ciência vem travando uma guerra para encontrar a cura para a Aids; mas com os tratamentos disponíveis hoje, o prognóstico é muito mais animador

Gazeta de S. Paulo

Publicado em 25/12/2020 às 10:10

Atualizado em 25/12/2020 às 12:08

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Desde 1980, foram diagnosticados 1.011.617 casos de aids no Brasil - e a boa notícia é que o número de casos de aids vem caindo desde 2013 / Jcomp/Freepik

Por Vanessa Zampronho

O vírus HIV, que causa a imunodeficiência humana, neutraliza a atividade do sistema imunológico. É uma infecção que acontece lentamente, e geralmente não apresenta sintomas no máximo, no começo, uma febre ou mal-estar. Ao longo dos anos, os soldados de defesa do corpo não conseguem mais fazer seu papel e o organismo vira presa fácil para doenças como pneumonia, tuberculose, hepatite e até alguns tipos de câncer. É quando se instala a Aids.

Esse era o cenário da época do descobrimento do HIV, em 1981, quando não havia medicamentos eficazes para barrar o avanço da doença. Felizmente hoje, a situação é bem diferente. "Hoje observamos que os medicamentos novos são melhores, mais cômodos, mais fáceis de tomar e causam menos efeitos colaterais de curto e longo prazo", explica o infectologista Valdez Madruga, da SBI Sociedade Brasileira de Infectologia.

O tratamento atual para controlar o HIV é composto por três remédios, que evitam a multiplicação do vírus dentro do corpo. Isso leva os portadores do vírus a viverem muito mais mas não somente devido a este controle. "As pessoas que vivem com HIV se cuidam mais, vão ao médico com frequência e, com tudo isso, as doenças do envelhecimento são diagnosticadas e tratadas mais precocemente", diz.

Desde 1980, foram diagnosticados 1.011.617 casos de aids no Brasil - e a boa notícia é que o número de casos de aids vem caindo desde 2013, de acordo com o último Boletim Epidemiológico HIV-Aids do Ministério da Saúde, de dezembro de 2020. Em 2019 foram diagnosticados 37.308 casos, ante 43.368 de 2013.

Ainda falando em números, em 2019 a parcela mais afetada da população pelo HIV foram os homens entre 25 e 39 anos: 52,1% dos casos. Outra faixa etária que vem apresentando aumento no número de casos é entre as pessoas acima de 60 anos. Em 2019, 3,9% dos casos foram diagnosticados nessa faixa etária em 2018, foram 3,7%. "Onde ocorre mais é entre os mais jovens, que são mais afoitos, mais destemidos, se expõem mais. Mas especialmente entre as mulheres acima de 60 anos, vem crescendo também. É muito importante lembrar as mais idosas, que se separaram, vão conhecer parceiros, e precisam se cuidar", avisa.

Mesmo com os avanços da medicina, ainda não se pode falar em cura da doença: o vírus fica 'adormecido', e impossível de ser detectado pelos medicamentos atuais. "Ele fica escondido em células do cérebro, no sistema linfático, na mucosa do intestino, locais onde os medicamentos que usamos para tratar não conseguem chegar e tirar todos de lá", explica Madruga. Mas nem tudo está perdido: há diversas pesquisas em andamento para 'acordar' o HIV para, enfim, serem eliminados de vez. Além disso, o Brasil faz parte de um estudo que está desenvolvendo uma vacina contra a doença. Voluntários brasileiros fazem parte da fase 3 (a última antes da aprovação) da pesquisa e receberão doses do imunizante.

E é sempre importante lembrar da prevenção ainda é a melhor forma de evitar a doença.

"Precisamos ter a cultura de sempre falar em prevenção. A geração mais jovem não tem a consciência da gravidade que é uma infecção pelo HIV, e os mais velhos não têm a cultura de usar preservativo. Mesmo com o tratamento avançado hoje, dá para viver bem com o HIV, mas é bem melhor viver sem", completa.

Remédios para prevenção

Há mais duas terapias que vêm fazendo a diferença contra o HIV. Uma delas é a PrEP, ou Profilaxia Pré-Exposição, voltada aos mais vulneráveis ao contágio, como os trabalhadores do sexo, gays e pessoas transgênero, que tomam medicamentos para impedir o vírus de infectar o organismo. A outra é a PEP, Profilaxia Pós-Exposição, voltada para quem teve contato com o vírus, como vítimas de violência sexual, relações sexuais sem o uso de preservativos, ou acidente ocupacional, quando a pessoa se machuca com instrumentes tais como agulhas ou bisturis.

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