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Saúde

Especialistas já comparam o vício em celular ao das drogas

Pesquisa internacional da consultoria Deloitte sobre o uso de dispositivos móveis (Global Mobile Consumer Survey), de 2018, mostra que o celular é o meio mais popular de acesso à internet (95%), bem à frente do computador (64%).

Folhapress

Publicado em 27/04/2019 às 19:10

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Brasil é 5º país em ranking de uso diário de celulares no mundo. / Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Que não dá mais para desapegar do celular, isso todos já sabem. Porém, especialistas alertam que o vício em celular pode ser comparado a outros tipos de dependência, como em drogas. Por isso, é preciso estar atento para não se prejudicar.

Pesquisa internacional da consultoria Deloitte sobre o uso de dispositivos móveis (Global Mobile Consumer Survey), de 2018, mostra que o celular é o meio mais popular de acesso à internet (95%), bem à frente do computador (64%). 

Também revela que mais de 60% dos 2.000 entrevistados no Brasil usam o smartphone para fins profissionais fora do horário de trabalho. Além disso, a distração com o aparelho durante o expediente ocorre com alguma ou muita frequência para 43% dos participantes, e 30% deles disseram não conseguir dormir no horário pretendido.

Para Nelson Destro Fragoso, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a pesquisa indica um cenário preocupante no Brasil conectado.

"Todo vício pode reduzir o raciocínio e provocar irritabilidade, agressividade. É igual em todos os casos de dependência. As características são semelhantes, a diferença é que a sociedade tolera [o celular]. É preciso se cuidar."

Mario Louzã, psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), dá mais detalhes e traça paralelos entre o comportamento de quem usa drogas e o daqueles que não largam o celular.

"O princípio de qualquer dependência é muito parecido, seja químico ou comportamental. Você tem desejo intenso de buscar aquilo. O segundo aspecto é a síndrome de abstinência. E o terceiro ponto é a tolerância. O uso contínuo faz a pessoa querer aumentar a dose para ter o mesmo efeito", explica.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) também entrou no assunto. Nesta semana, o órgão emitiu nota em que recomenda que crianças de até cinco anos não fiquem mais de uma hora por dia em frente às telas.

Para Wilton Neto, palestrante e mentor da área de desenvolvimento humano, o distanciamento social é outro sintoma das pessoas muito apegadas ao telefone.

"É ruim se isolar e olhar o mundo lá fora através do aparelho. Pior ainda é quando a comunicação de uma pessoa se resume ao celular, mesmo que ela e outra estejam no mesmo ambiente. Isso é perigoso, pois há um rompimento de relações", analisa o especialista.

Ele conta que observou de perto um exemplo desse isolamento e suas consequências. "Uma mãe descobriu que a filha de 16 anos, que sofria bullying no colégio, procurou refúgio na internet para poder conversar sem ser julgada. Mas isso fez com que ela conhecesse um homem maior de idade que tentou convencê-la a fugir."

Hiperconectada, a modelo e empresária Renata Spallicci, 37, trabalha com o celular e resolve tudo pelo aparelho -segundo ela, 80% das pendências do dia a dia são resolvidas por meio do WhatsApp. Ela se lembra da única vez em que teve de desapegar do "melhor amigo". "Meu celular, uma vez, foi atropelado, mas sobreviveu. Em outra, uma onda quase o levou. Na terceira, vez ele caiu e apagou. Foi naquele dia que eu fiquei incomunicável."

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