São Vicente

'Vamos lutar todo dia por melhorias na vida do povo de São Vicente', afirma Kayo Amado

Em entrevista ao Diário do Litoral, prefeito detalha investimentos em infraestrutura, segurança, transporte e atendimento à população

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 15/06/2025 às 06:30

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Kayo Amado foi reeleito com a maior votação da história de São Vicente / Nair Bueno/DL

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Em entrevista concedida na manhã desta terça-feira (10) à redação do Diário do Litoral, o prefeito de São Vicente, Kayo Amado, anunciou que a cidade deve inaugurar até o fim do ano a nova Maternidade Municipal, além de avançar com importantes obras de infraestrutura e saúde.

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Estão previstas a pavimentação de 15 ruas em bairros como Vila Margarida e Parque São Vicente, e a reforma de mais quatro unidades básicas de saúde — somando 22 de 26 revitalizadas desde o início de sua gestão.

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Em um balanço deste primeiro semestre do segundo mandato, o prefeito também destacou investimentos em educação, como a entrega de uniformes, material escolar e notebooks para professores, além de reformas em escolas e melhora nos índices de alfabetização e no Ideb. Na saúde, citou a ampliação do número de leitos e a inauguração de novos equipamentos, como o pronto-socorro do Rio Branco e o Hospital do Vicentino.

Reeleito com a maior votação da história de São Vicente, Kayo reforçou que mantém diálogo com a Câmara e que tem buscado apoio do governo estadual para ampliar repasses à cidade, que possui a menor arrecadação per capita entre os grandes municípios paulistas.

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Também prometeu seguir investindo na revitalização de áreas turísticas como a orla do Gonzaguinha, Ilha Porchat e monumentos históricos, com o objetivo de movimentar a economia local e gerar receita para novos investimentos nas comunidades. Confira a entrevista na íntegra:

Diário do Litoral: O prefeito tentou verbas para reformar o primeiro porto do Brasil, que fica em São Vicente? A revitalização vai mesmo acontecer?

Kayo Amado: Sim, estamos avançando. Eu gosto de olhar o todo, principalmente aquela região da Avenida Tupiniquins e o entorno do Porto das Naus. Hoje, estou presidente do CONDESB, o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista, e estamos usando recursos da AGEM para refazer a ciclovia, que já é uma primeira valorização do entorno. Além disso, inscrevemos o Porto das Naus no PAC do Governo Federal para a elaboração de um projeto, e ele foi aprovado.

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DL: E o IPHAN já está envolvido nesse processo?

Amado: Está sim. Pela primeira vez, tivemos uma sinalização clara do IPHAN, que é o órgão nacional responsável pelo patrimônio histórico. Eles entenderam a importância do Porto das Naus e liberaram um recurso inicial de R$ 100 mil para desenvolver o projeto. Pode parecer pouco, mas esse valor representa algo maior: é como se tivéssemos colocado um carimbo do IPHAN no local, reconhecendo oficialmente seu valor. A partir daí, conseguimos começar um trabalho sério, com base técnica, para entender o que pode ou não pode ser feito ali.

DL: E o que a Prefeitura imagina para o futuro da região?

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Amado: Meu sonho é transformar a Tupiniquins em uma entrada turística da cidade. Eu imagino que o visitante possa chegar a São Vicente por diferentes rotas — inclusive uma rota turística histórica — e, ao passar por esse trajeto, tenha a sensação de estar entrando no Brasil do ano de 1500. Claro que isso ainda está no campo do sonho, mas a gente já começou a tornar possível com ações concretas, como a ciclovia. Depois, queremos evoluir para calçadas e, com o projeto aprovado pelo IPHAN, poderemos pensar em intervenções maiores, sempre respeitando a história e o patrimônio. Não adianta a gente aqui em São Vicente ficar gritando que a história começou aqui. Precisamos envolver os órgãos de patrimônio estaduais e federais. Precisamos que eles digam: ‘é verdade, vamos cuidar disso juntos’. Porque esse patrimônio não é só nosso. É um patrimônio do Brasil, e é isso que estamos fazendo: sensibilizando essas instituições para estarem com a gente na mesa, construindo juntos.

DL: Vamos falar agora sobre a rodoviária. As obras sofreram atrasos, mas há previsão de entrega para este ano. Em que fase está o projeto e qual a importância desse equipamento?

Amado: Primeiro, é importante lembrar como estava a situação quando cheguei, em janeiro de 2021. A rodoviária era um puxadinho dentro do antigo teatro, que nem funcionava mais como teatro. Chovia dentro, molhava a cabeça de quem esperava ônibus. A situação era crítica. As empresas de transporte começaram a avisar: ‘prefeito, vamos tirar nossos ônibus daqui’. A Cometa, a Rápido Brasil, entre outras, queriam sair. A gente tomou uma decisão difícil, mas necessária: criamos um posto rodoviário provisório na Capitão Mor Aguiar. Até hoje ele funciona muito bem. É mais simples, mas tem segurança e estrutura. Isso já corrigiu parte do problema. Depois, demos um passo maior e decidimos construir uma nova rodoviária, usando 60% da Praça Bernardino. Escolhemos aquele ponto por ser estratégico — ele conecta o terminal comercial ao centro histórico, criando uma triangulação importante para a mobilidade da cidade.

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DL: E por que as obras atrasaram?

Amado: Porque, infelizmente, a oposição tentou barrar o projeto na justiça, alegando que a praça era tombada. Criaram toda uma celeuma, e o processo ficou parado por cinco meses. Isso atrasou nosso cronograma e causou outros problemas que estamos corrigindo. Como a gente resolveu o problema da rodoviária antes, tenho certeza de que vamos resolver de novo. A nossa expectativa é entregar esse novo equipamento como presente de aniversário para a cidade em 2026.

DL: O prefeito comemorou recentemente a descoberta de petróleo na Bacia de Santos, bem próxima a São Vicente. Qual a importância disso para a cidade?

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Amado: É uma conquista muito importante. São Vicente já recebe uma parcela dos royalties de petróleo, mas, com essas novas descobertas, a gente quis se antecipar. Inclusive, no nosso mandato, conseguimos acionar judicialmente e tivemos um incremento de cerca de R$ 400 mil a mais em royalties. Isso mostra como é possível buscar receitas novas para a cidade. Assim que soubemos da nova descoberta, já buscamos mais informações. E pelo que ouvi, novas descobertas estão a caminho. Então, a gente precisa estar sempre atualizado, porque isso representa uma fatia importante de recursos que pode vir para o município. O pré-sal, por exemplo, é estratégico.

DL: E além do petróleo, como o município está buscando aumentar a arrecadação?

Amado: A gente tem apostado em três alavancas principais e uma quarta auxiliar. A primeira é o turismo. Dados da Ecovias mostram que tivemos um aumento de 50% no número de turistas nos últimos anos. Investimos muito no centro comercial, nas praias e isso gera retorno: mais consumo, mais empregos, mais receita. A segunda é a construção civil, que teve um crescimento de 60% no número de empregos em São Vicente. Para comparação, o estado cresceu cerca de 35%. Isso mostra que a cidade voltou a crescer, com novos prédios, reformas, obras acontecendo. A terceira frente é a área continental, que estamos desbloqueando para atividades portuárias, industriais e retroportuárias. É uma área com localização estratégica — tem rodovia, ferrovia, rios e está a apenas 15 minutos do Porto de Santos. É a gestão eficiente. Trabalhamos para melhorar o uso do dinheiro público, com ações como concessões, como a da loteria municipal, e também estamos estudando a securitização da dívida pública — uma cobrança que o Tribunal de Contas faz. Tudo isso para tornar a máquina pública mais eficiente e gerar mais receita.

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DL: Nós falamos sobre o centro da cidade, que sempre teve o comércio como foco. Mas, nos últimos anos, houve uma descentralização do comércio. Como a prefeitura está lidando com isso?

Amado: Hoje trabalhamos com a lógica de dois centros. O centro comercial da área insular, que recebe gente de toda a Baixada Santista — de Santos, Praia Grande, Guarujá, Cubatão, Itanhaém, Peruíbe — e o centro da área continental, na Avenida Ulisses Guimarães, que está se fortalecendo muito. Lá, temos investido em equipamentos como o pronto-socorro do Rio Branco e o Facilita São Vicente, que ajuda na qualificação profissional e geração de emprego. A Ulisses Guimarães tem recebido novas lojas que antes eram impensáveis na região — Cacau Show, Kascão, Kallan, entre outras. Isso mostra que o comércio local está se fortalecendo com uma população de 150 mil habitantes. E na área insular temos um centro mais turístico, que atende também toda a Baixada.

DL: E sobre a chegada de novas empresas? O senhor pode dar um exemplo?

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Amado: A Sigma Transportadora, uma empresa renomada no país, se instalou na Área Continental. E com uma conquista nossa junto à Receita Federal, conseguimos incluir São Vicente no raio de atuação do REDEX — um regime especial aduaneiro. Isso fez com que a Sigma decidisse construir mais 30 mil metros quadrados ali. Então, estamos virando uma cidade atraente para o investidor.

DL: A prefeitura tem feito algo para facilitar esse ambiente de negócios?

Amado: Sem dúvida. Quando assumi, o tempo médio para abrir uma empresa era de três dias. Hoje, é de menos de um dia — em torno de 22 horas. Essa desburocratização facilita muito. A cidade hoje se mostra amigável ao empresário. Organizamos a documentação, mostramos que queremos atrair empresas, gerar empregos e ocupar áreas ociosas com inteligência.

DL: Recentemente, houve também uma tratativa com a Autoridade Portuária de Santos para inserir parte da área continental na poligonal do porto. Em que pé está isso?

Amado: Está bem avançado. Estamos tratando com o Ministério de Portos e Aeroportos e com a Autoridade Portuária, representada pelo Anderson Comin. A ideia é incluir uma faixa da área continental — ali perto do Humaitá e do Parque Continental — dentro da poligonal do Porto de Santos. Isso seria uma oportunidade enorme para São Vicente. Não só pela geração de receitas e empregos, mas também porque nos permite organizar melhor o território e entender como podemos contribuir com o desenvolvimento da Baixada e do próprio porto, que é um ativo estratégico para o país.

DL: Prefeito, a Área Continental aguarda pela conclusão das obras do VLT. Em que fase está esse projeto atualmente? Há uma previsão para quando a população poderá utilizar esse meio de transporte?

Amado: O VLT está na fase 3, que vai da Estação Barreiros até o bairro Samaritá. Essa fase está dividida em duas etapas. A primeira etapa está em andamento a todo vapor — conseguimos destravar com o Governo do Estado. Acompanho cada etapa de perto, nossa equipe técnica e de trânsito monitora tudo para minimizar o impacto na vida das pessoas, principalmente no trecho da Ponte dos Barreiros, que está bem avançado. A segunda etapa, que vai da Ponte dos Barreiros até o Samaritá, está na fase final de documentação no Governo do Estado. Essa parte envolve quatro novas estações. Ontem mesmo estive com o governador Tarcísio para tratar do assunto e ele reafirmou que é prioridade. A licitação deve ser lançada em breve.

DL: Existe um cronograma definido?

Amado: O cronograma apresentado pelo Governo do Estado continua sendo o segundo semestre de 2028. A gente segue acompanhando com muito cuidado porque essa é uma obra fundamental para São Vicente, para a Baixada Santista, para o trabalhador, para o estudante — ela vai trazer mais justiça social e qualidade de vida.

DL: São Vicente também vai receber um Instituto Federal. Como está esse processo?

Amado: Está bem encaminhado. Já foi autorizado, o recurso já está previsto e já temos um diretor consignado. O Instituto Federal vai funcionar no antigo Centro de Convenções, que será reformado com um investimento de R$ 25 milhões. Vai ser uma escola moderna, com quadra, estrutura para inovação e tecnologia. Também vamos fazer uma audiência pública para definir quais cursos serão oferecidos.

DL: Um tema que sempre aparece nas conversas com os prefeitos da Baixada é segurança pública. A população sempre traz essa preocupação. Como São Vicente tem lidado com esse problema?

Amado: A situação mudou bastante. O que antes a nossa GCM levava um ano para atender em número de ocorrências, hoje atendemos em um mês. Fizemos um grande investimento: compramos rádios comunicadores, coletes à prova de balas, armamento, viaturas novas e contratamos mais profissionais. E melhoramos também a carreira da GCM. Isso refletiu diretamente no interesse das pessoas: no último concurso, tivemos três vezes mais inscritos do que no anterior, o que mostra valorização da carreira.

DL: Mas a segurança pública é responsabilidade do Estado. Como tem sido essa articulação?

Amado: Estamos em diálogo constante com o comandante do CPI-6, coronel Nery, que tem sido muito sensível à situação. Oferecemos áreas para instalação de novos batalhões da Polícia Militar em pontos estratégicos da cidade — tanto em áreas turísticas quanto em regiões mais vulneráveis. O município está fazendo sua parte e também cobrando do Estado que reforce sua presença com mais efetivo da PM e da Polícia Civil.

DL: Prefeito, como está a relação do Executivo com a Câmara neste ano? O senhor teve um índice histórico de aprovação. Isso facilita as tratativas com os vereadores?

Amado: Tive, sim, a maior votação da história de São Vicente em números absolutos — 147.382 votos. Isso foi uma sinalização clara da população: ‘prefeito, a gente acredita em você’. E eu sigo trabalhando para honrar essa confiança. Sempre busquei o diálogo com a Câmara. São 15 vereadores, cada um com seu pensamento, e é natural que haja divergências. Mas eu acredito em pontes. Já construí diálogo até com quem foi adversário, porque, no fim, o foco é melhorar a cidade. Quando alguém age com injustiça ou má-fé, claro que a gente percebe. Mas eu acredito muito que Deus tira da frente quem não quer ajudar, e sigo focado no trabalho. Não fico olhando para fumaça. Faço a minha parte.

DL: A oposição costuma criticar as áreas de saúde e educação. O que o governo tem feito nessas frentes?

Amado: Os números mostram o avanço. Pegamos uma taxa de crianças alfabetizadas na idade certa de 44%, e hoje estamos em 66%. Reformamos 28 escolas e 15 quadras, entregamos uniforme e material escolar para todas as crianças, valorizamos os professores com notebook, plano de carreira, e ainda equipamos as salas com multimídia, retroprojetores, som. Compramos bola, bambolê... coisas básicas que não eram compradas há 10, 15 anos. Já estamos colhendo frutos. Subimos no IDEB, deixamos de ser o último da Baixada nos anos iniciais e hoje somos o sexto entre nove municípios. Isso mostra que investir em educação dá retorno. Esse é o caminho.

DL: E na saúde?

Amado: Temos muitos desafios, principalmente financeiros. São Vicente é o 42º entre os 42 maiores municípios do estado em arrecadação per capita. Ou seja, temos menos dinheiro por habitante do que qualquer outro grande município. Mesmo assim, fizemos muito: tiramos uma unidade hospitalar de dentro do CREI, construímos a nova UPA do Samaritá, abrimos o pronto-socorro do Rio Branco, reformamos 18 das 26 UBSs, criamos uma Unidade de Referência da Mulher, dobramos os leitos de UTI — de 9 para 18 — e aumentamos os de enfermaria de 60 para 100. Mostrei tudo isso para o governador. Disse: “A gente faz muito com pouco, mas precisa de ajuda”. Ele se comprometeu a melhorar o repasse para a maternidade e o Hospital Vicentino. Acredito que nos próximos meses teremos boas novidades. Eu sou do tipo que trabalha e resolve. Quem só reclama, acaba falando sozinho.

DL: Tem algo em andamento na cidade que a população ainda nem imagina, mas que o senhor destacaria como positivo?

Amado: Muita coisa boa vem aí. Estamos com 15 ruas em licitação para asfalto em bairros como Vila Margarida, Jóquei, Vila Mateo Bei, Parque São Vicente. Mais quatro UBSs serão reformadas — vamos chegar a 22 de 26 unidades revitalizadas. E, se Deus quiser, até o fim do ano, vamos inaugurar a Maternidade Municipal, o Hospital Materno-Infantil da Mamãe e do Bebê, uma obra linda em parceria com a Fundação Luzia.

DL: Recentemente, os casamentos na praia viraram tradição em São Vicente. Há alguma ação voltada a esse lado mais turístico e econômico?

Amado: Com certeza. O programa "São Vicente de Cara Nova" segue a todo vapor. Revitalizamos a praia do Gonzaguinha, onde muitos começaram a casar. Agora vamos estender a calçada até o Milionários, com uma praça pet e uma base da PM e GCM. Também vamos revitalizar o acesso à Ilha Porchat, fazer o deck de pesca até a ponte, concluir a ciclovia da Pequenos, além das praças da Bíblia, Biquinha, Barão e 22 de Janeiro, e do Monumento dos 500 anos. Investir no eixo centro-praia gera retorno financeiro para a cidade, que nos permite investir nas comunidades. Tem gente que critica sem entender isso. Estamos tornando a cidade mais agradável, e isso atrai investidores e melhora a autoestima do cidadão. É uma cidade viva, com credibilidade, onde as pessoas querem morar, investir e viver bem.

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