O ofício começou a passos mansos, restaurando cadeiras. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL
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Talvez você não tenha visto o trabalho do seu Raimundo em uma das exposições da qual ele participa, mas é muito provável que você tenha ao menos trocado olhares com suas obras durante uma caminhada pelo seu segundo lugar favorito para expor suas peças: as ruas da Baixada Santista. E se você deu mais sorte ainda, talvez tenha até ficado confortável em uma das criações dele.
Original do município de Governador Valadares, em Minas Gerais, Raimundo Pereira de Souza chegou ao litoral paulista ainda durante os anos 80. O que era para ser uma pequena visita para conhecer a região da qual ele tanto ouvia falar acabou se tornando uma estadia que duraria o restante de sua vida.
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"É muito sossegado aqui e quando percebi isso, decidi ficar. Eu não queria mais voltar para São Paulo, que é onde eu estava antes", afirma.
E foi exatamente aqui na Baixada Santista onde seu Raimundo começou a ficar famoso com seu trabalho de artesão. O ofício começou a passos mansos, no início, ele se focou em confeccionar e restaurar cadeiras de palha e com o tempo percebeu que poderia ir além na produção de suas peças.
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"É um dom que veio comigo desde sempre. Uns tempos atrás eu só fazia cadeiras de palha e depois me veio a ideia sem mais nem menos: Vou fazer uma luminária. Foi muito por acaso.Depois disso fiz uma cadeira em miniatura, como se fosse um brinquedo para criança e aumentei o tamanho das luminárias".
Os resultados da 'brincadeira' de seu Raimundo podem ser vistos em praticamente todos os locais de sua casa. A entrada da residência, localizada no Itararé, em São Vicente, é repleta de cadeiras reformadas ou que ainda aguardam consertos. As mais confortáveis ficam à disposição de sua cadelinha Mel para deitar e dormir sempre que o sol bate no quintal da casa.
Ao se aventurar pela sala dele, inúmeras luminárias completamente feitas de bambu e itens de decoração, como birutas que se movem junto com o vento, ficam espalhadas pelo local. Caso você faça uma pequena curva à esquerda da entrada da sala, dará de cara com um atelier organizado com todas as ferramentas disponíveis e necessárias para que Raimundo possa criar sem ser incomodado.
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"Eu trabalhava em uma banca de jornal, mas decidi fechá-la. Já trabalho com cadeiras há 25 anos, mas passei para o artesanato há dois anos e não quis mais voltar a fazer nada que não fosse isso", diz.
Atualmente, os itens mais vendidos são as cadeiras de palha, mas ele também realiza restauração geral de mobília em palha para quem precisa. Ele explica que tem muita procura enquanto expõe as peças que produz em feiras, especialmente na praia de Pitangueiras, em Guarujá, e também quando leva seus itens paras as ruas de Santos, como por exemplo no bairro do Gonzaga.
"Se me verem por aí com as cadeiras à exposição pode até se acomodar numa delas pra testar. Mas essa ideia veio num dia que pensei: 'se ficar aqui parado, ninguém vai ver minhas peças'. Às vezes a fiscalização embaça e teve até gente que me falou que eu deveria sair do país, assim como meu genro, porque dizem que provavelmente eles valorizariam o que faço bastante", afirma.
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Seu Raimundo afirma que aprendeu todo seu ofício por conta própria e hoje trabalha com palha natural e materiais sintéticos. Ele diz que pretende expandir o seu negócio para a internet e atualmente já conta com uma página no Facebook chamada de 'Cadeira de Palha LR', mas ele almeja criar um perfil no Instagram e também um site até o fim de julho para expor todas as suas peças.
"O pessoal gosta quando mostro minhas peças, elas chamam muita atenção. Eu fazia muita exposição de peças na praia de Pitangueiras e lá tem mais alcance, divulga mais. Tem gente que elogia e disse que nunca tinha visto algo parecido como minhas obras antes, até mesmo muitos turistas estrangeiros fazem encomenda e levam pra fora do país".
E quem quer conferir o trabalho de Raimundo pode ir até a casa dele no Itararé ou visitar a página no Facebook que conta com telefone para contato. E se por um acaso você topar com o artista e alguma de suas criações por aí, pode chegar mais, conversar e até mesmo se acomodar em uma cadeira para descansar. Quem sabe? Talvez você termine a conversa até com umas compras debaixo do braço.
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