São Vicente

Alemão, o sergipano que há 24 anos ‘fideliza’ amigos na praia

Telmo José dos Santos, de 41 anos, é um dos ambulantes mais antigos do trecho próximo à Ilha Porchat

Publicado em 10/01/2017 às 10:00

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Telmo José dos Santos, o Alemão, de 41 anos, há 24 anos atua na Praia do Itararé como ambulante. Ele é um dos 116 profissionais que trabalham neste trecho da orla vicentina / Rodrigo Montaldi/DL

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Foi por causa de um amor que o sergipano Telmo José dos Santos, de 41 anos, saiu da sua terra natal, Lagarto, com destino a São Vicente aos 18 anos. Popularmente conhecido como Alemão Guerreiro nas areias da praia do Itararé, foi nelas onde viu o filho Victor, o Alemãozinho, crescer e montou o seu próprio negócio há 24 anos. A irreverência no atendimento fez do ambulante um dos mais conhecidos no trecho próximo à Ilha Porchat. Além de clientes e histórias, nas mais de duas décadas, ele coleciona amigos.

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“Não tive mais tempo de voltar para minha cidade. Meu sonho é voltar lá e ficar uns três meses. Já faz uns 10 ou 12 anos que não volto. Esse ano eu vou. Vim atrás de um amor e por causa da esposa fiquei em São Vicente. Não estamos mais juntos. Por incentivo dos meus irmãos que já estavam na praia fiquei aqui também. Sempre trabalhando”, disse Alemão, enquanto preparava uma batida de maracujá. 

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O ambulante inicia suas atividades na Praia do Itararé por volta das 9 horas. O sol e o forte calor das últimas semanas têm feito desta uma boa temporada de verão, período em que os trabalhadores da praia aproveitam para lucrar. A correria é grande. Clientes, a maioria antigos, chegam a todo momento. Ele o filho Victor, de 20 anos, se revezam no atendimento. Além do bom humor, eles oferecem aos clientes cadeiras e guarda-sóis sem cobrar um valor fixo de consumação. É uma cortesia. 

“O segredo é dar atenção para todos. Tem hora que a gente fica nervoso e dá vontade de jogar tudo para o alto. Mas mesmo assim todo dia é bom sendo até ruim. O ­importante é ter saúde e paz. Devagar o Homem (Deus) dá o pão para todos nós”, ressaltou Alemão em meio à correria. Na barraca dele, a água de coco e as batidas são as iguarias mais pedidas. Os irmãos do ­ambulante também ganham o sustento na praia e mantêm carrinhos próximos­. 

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A Reportagem conversou com Alemãozinho, o filho de Alemão, enquanto ele preparava um pastel. O alimento foi introduzido recentemente no cardápio da barraca. “Eu gosto de cozinhar e o pessoal pedia muito. O pessoal gostou bastante do Romeu e Julieta, que é queijo com goiabada. Eu capricho”, disse o jovem orgulhoso. Ele cresceu nas areias do Itararé ­empinando pipa, ­jogando bola e ajudando o pai a tocar o ­negócio. “Meu pai é tudo para mim”.

Clientes

A Reportagem chama atenção dos clientes da barraca do Alemão. A maioria turistas que frequenta o local há mais de 15 anos e criou vínculo com o ambulante. Questionados sobre o diferencial do sergipano, eles foram unânimes: a simplicidade. 

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“O Alemão é uma figura. Ele é parceiro. O diferencial dele é a ­simplicidade. Ele preza a clientela e o pessoal volta porque aqui se sente bem. Tenho apartamento em Santos, mas ­gosto de ficar aqui. Já sou  ­cliente dele há mais de 15 anos. Ele é mais que um amigo, é como se fosse da nossa família”, ­afirmou Shirlei Peixinho, moradora de São Paulo. 

O pedagogo Edison Ferreira Duarte, de Campinas, também frequenta o Alemão há mais de 15 anos. “Vimos o filho dele crescer. Ele criou o filho aqui. Conhecemos a barraca por meio de amigos e voltamos. Virou uma referência. Ele respeita muito a diversidade. Trata todo mundo igual. Não estipula valor para usar as cadeiras. Ele faz questão que o cliente se sinta bem. É um amigo”, afirmou.

Ambulantes

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Alemão é um dos 116 ambulantes que mantêm ponto-fixo na Praia do Itararé, segundo a Prefeitura de São Vicente. Na Praia do Gonzaguinha são 51 com a mesma permissão. Em toda a orla vicentina, 28 profissionais estão cadastrados para atuar de forma ambulante­. 

O ambulante do Itararé fez um pedido à Prefeitura. “Já falei na secretaria que seria bom eles ampliarem o horário até as 21h no horário de verão. É o período que a gente ganha mais. O dia ainda está claro e muita gente fica na praia. ­Temos autorização para ficar até as 19h. Um dia desses ­passou um ­pouco e tomei uma multa. Acho que esse é o maior problema nosso hoje na praia”, afirmou Alemão. 

O Diário do Litoral questionou a Prefeitura de São Vicente sobre a possibilidade de ampliação de horário e melhorias dos serviços aos banhista e de condições de trabalho aos profissionais que atuam nas praias, mas a Administração Municipal informou que ainda não há respostas.

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