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Santos

Túnel da Zona Noroeste vira 'lenda urbana' depois de décadas no papel

Nos governos Mansur (PP), Papa (MDB) e Paulo Alexandre (PSDB) o assunto foi muito debatido e pouco avançado

Carlos Ratton

Publicado em 10/01/2021 às 10:15

Atualizado em 10/01/2021 às 10:17

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O Túnel vem sendo prometido há décadas e já foi várias vezes orçado, mas continua no sonho da população da Zona Noroeste. / DIVULGAÇÃO

Há pelos menos 60 anos se fala no Túnel da Zona Noroeste, mas desde 1994, gestão do então prefeito David Capistrano (PT), ele se tornou um verdadeiro fantasma que assombra o Paço Municipal Santista. Mas foi governos Beto Mansur (PP), João Paulo Tavares Papa (MDB) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), o assunto foi bastante explorado 
eleitoralmente.

Estima-se que o maior sonho dos cerca de 120 mil habitantes da Zona Noroeste - depois do fim das enchentes - iria beneficiar cerca de um milhão de moradores da Baixada Santista, formando uma nova ligação viária entre o Marapé (Santos) e São Jorge (São Vicente), cortando o morro, desafogando o trânsito das avenidas Nossa Senhora de Fátima e Martins Fontes.

No entanto, parece que ele se tornou uma verdadeira "lenda urbana" pelos menos nos últimos 20 anos, envolvendo políticos do município, do Estado e até do Distrito Federal.

Muito já se falou a respeito dos motivos dos prefeitos empurrarem a obra com a barriga. Entre eles que a Zona Noroeste teria outras prioridades; que o custo-benefício não compensaria; que o equipamento congestionaria ainda mais a Avenida Nossa Senhora de Fátima e, até, que a elite santista torceria o nariz nas facilidades que o novo acesso permitiria à orla santista.

RÁPIDO HISTÓRICO

Em 12 de janeiro de 2002, o então prefeito Beto Mansur soltou um balão de ensaio, anunciando que o edital para o projeto executivo da obra seria publicado em 90 dias (abril). Empolgado com a aprovação dos recursos da União, Mansur até deu prazo para a entrega do empreendimento. "Quero entregar o túnel para a cidade em dois anos, ainda no meu mandato (2004)", disse à época.

Em 2003, a então bancada paulista de deputados no Congresso Nacional, formada pelas petistas Telma de Souza (hoje vereadora) e Mariângela Duarte (já falecida), além de Vicente Cascione (então no PTB), chegou a apresentar emenda de R$ 100 milhões para o projeto.

Na justificativa da emenda, a bancada informava que o túnel era prioritário depois da duplicação da Rodovia dos Imigrantes. Segundo alertavam, a segunda pista, entregue em dezembro de 2002, fez com que Santos absorvesse todo volume de tráfego de veículos leves que se destinam à Baixada Santista. A emenda também destacou que a obra seria uma alternativa para desafogar o trânsito na entrada da Cidade.

Depois das contradições do então prefeito e de muita negociação com o Governo do Estado, chegou-se a acenar para a liberação de no máximo R$ 30 milhões - um quinto do valor total da obra orçada em R$ 150 milhões. Com prazo de execução em 28 meses, a obra chegou a despertar o interesse de 73 empresas, que adquiriram os envelopes da licitação, mas tudo não saiu do papel.

PAPA E BARBOSA

Oito anos depois, em abril de 2011, no penúltimo ano da segunda gestão do Governo Papa, moradores voltaram a pedir o túnel em uma audiência pública.

Em 2013, já no Governo Paulo Alexandre Barbosa, foi lançada uma proposta para que o Governo do Estado autorizasse a Ecovias, a partir dos contratos que mantém com a concessionária do Sistema Anchieta Imigrantes (SAI), a elaborar o projeto executivo da obra.

Em setembro daquele ano, em encontro entre Barbosa e o então ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, ficou acertado que o governo federal investiria cerca de R$ 388 milhões no empreendimento.

Um ano depois, durante sua visita a Santos, o então vice-presidente da República, Michel Temer, disse, após a inauguração do Museu Pelé, que Santos e as demais cidades da Baixada Santista iriam ser beneficiados com recursos do (Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade. Entre os projetos que poderiam ser contemplados estava o túnel.

Depois a vinda de Temer, em 2015, Prefeitura anunciou o anteprojeto de engenharia para as obras do túnel, que incluiria não um, mas dois túneis de 1.352 metros, duas faixas de rolamento de 3,5m de largura em cada sentido (sendo uma preferencial para ônibus), ciclovia e passagem de pedestres.

Uma das embocaduras do túnel seria de frente para a Rua Dom Duarte Leopoldo e Silva, no Marapé. A outra deveria ficar ao lado do Conjunto Habitacional dos Estivadores, no bairro São Jorge, próximo à divisa com São Vicente.

O valor da obra subiria para R$ 456,3 milhões e teria R$ 228 milhões a fundo perdido da União e o restante financiado, sendo metade pela Prefeitura e a outra parte pelo governo estadual. Os recursos do Governo Federal seriam do então Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) - Pacto da Mobilidade Urbana.

A Prefeitura chegou a garantir que iria protocolar, junto a Cetesb, em 2016, um estudo ambiental adequado para futuramente obter as licenças necessárias para a execução da obra. Com as licenças ambientais, seria possível abrir a licitação para contratar os projetos básico, executivo e de obra.

De lá para cá, o túnel praticamente foi esquecido, como o teleférico que uniria os morros, pelas autoridades e políticos de Santos, até nas últimas eleições municipais que contaram com a participação de 16 candidatos.

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