O dono do trailer já consultou um advogado e possui um abaixo assinado com 1.500 nomes / Nair Bueno/DL
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Centenas de caminhoneiros que frequentam o cais santista, especificamente o trailer Lacoste, atualmente situado à Avenida Augusto Barata, ao lado da entrada da Ultragáz, em frente ao gate (portão) da Brasil Terminal Portuário (BTP), poderão perder a única fonte de alimentação, tão necessária durante horas de espera para carregar e descarregar no Porto de Santos.
Há 15 anos no local e funcionando 24 horas, o proprietário do trailer Paulo de Tarso Fidelis foi notificado pela Superintendência da Guarda Portuária que terá que remover o equipamento do local, responsável, segundo Fidelis, pelo atendimento de 300 caminhoneiros por dia.
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O dono do trailer já consultou um advogado e possui um abaixo assinado com 1.500 nomes pedindo que a Autoridade Portuária volte atrás em sua decisão. “Eu dependo desse trailer para sustentar a minha e mais quatro famílias. Me proponho a construir, num prazo estipulado, até uma cantina com um banheiro próximo daqui, num espaço cedido pela Autoridade Portuária. Mas a remoção se consolidar, será meu fim”, lamenta Fidelis.
Segundo conta, a tentativa atual de remoção será a segunda investida contra seu trabalho. “Nós ficávamos a 250 metros daqui e tivemos que sair por conta que o espaço foi cedido para retroporto de uma empresa chinesa. Agora, a Guarda Portuária quer que eu saia de novo e faz pressão diárias. Contratei um advogado e venho me mantendo. Mas já cheguei a ter que jogar comida fora por conta do deslocamento”, explica.
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Paulo de Tarso lembra que, há três anos, houve uma conversa com a Guarda Portuária sobre uma possível legalização com a implantação de uma cantina com banheiro dar apoio aos motoristas. Para que eles tomem até um banho. “Não estou aqui somente para trabalhar e manter o meu sustento, mas para somar no Porto e ajudar os próprios motoristas”.
Segundo Tarso, a última investida aconteceu envolvendo sua esposa, Djalnice Fidelis, que ficou bastante abalada com a maneira que foi abordada. Dois guardas teriam a abordado mandando remover o trailer. Também queriam proibir de estacionar o carro utilizado para abastecimento de mercadoria.
“Chegaram gritando meu nome. Mandando ela me chamar. Ela ficou em choque. Tive que ligar e eles voltaram para se desculpar. Mas é quase sempre assim. Além de comida, nós servimos de base para que os motoristas guardem documentos. Mais de 100 empresas deixam documentos para serem entregues aos motoristas. Então, damos também apoio logístico. Minha vida está toda aqui. Tudo que eu possuo. Eu e mais quatro famílias dependemos disso aqui”.
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Durante o depoimento Tarso, o motorista André Luiz Lima, que estava comendo um lanche, fez questão de falar também com a Reportagem. “Eu sou motorista e estou aqui, frequento aqui. É importante que a gente mantenha esse aqui aberto para poder comer, pois não há outro local próximo. Só ele fornece alimentação para todos os motoristas aqui. Se ele sair, a gente vais passar fome”, afirma.
A Reportagem pediu uma posição à Autoridade Portuária de Santos (APS) sobre o destino de Paulo de Tarso e a atuação da Guarda Portuária. Até às 16 horas, limite de fechamento da edição, nenhuma resposta foi encaminhada.