Praia e sorvete. Duas coisas que caminham de mãos dadas e refletem bem o que é a Sorveteria Royal. / Isabella Fernandes/DL
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Praia e sorvete. Duas coisas que caminham de mãos dadas e refletem bem o que é a Sorveteria Royal. Localizada na Avenida Senador Pinheiro Machado, a um quarteirão da praia, o estabelecimento completa 70 anos em 2025 e segue como um dos pontos mais tradicionais de Santos. Desde 1955, diversas gerações já passaram por ali: avós que levaram os filhos, que depois levaram os netos. Todos em busca de uma casquinha, uma cestinha generosa ou de algum sabor especial.
A casa é comandada pela família Soares há três gerações. O negócio começou com o avô, José Soares, passou para o filho, José Vilela Soares, e hoje segue nas mãos dos netos, que mantêm vivo o legado da produção artesanal.
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O Diário do Litoral foi até a Royal para conversar com Fábio Ferreira Soares, 47 anos, que cresceu dentro da sorveteria, entre máquinas e frutas frescas, e que hoje divide a responsabilidade de tocar o estabelecimento que faz parte da memória afetiva da cidade.
A Royal nasceu antes de chegar a Santos. A sorveteria ficava na Rua 11 de Julho, em São Vicente, e, em 1966, mudou-se para o ponto onde funciona até hoje.
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O avô de Fábio voltou para Portugal ainda nos primeiros anos da sorveteria, deixando o negócio nas mãos de José Villela Soares, hoje com 80 anos.
“Ele vive aqui desde sempre. É a vida dele. Ainda hoje está sempre acompanhando tudo o que fazemos”, afirma Fábio.
A própria história da família está entrelaçada à da sorveteria. Foi ali ao lado, onde hoje funciona uma casa lotérica, que José conheceu a esposa.
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“Minha mãe trabalhava no bazar do meu outro avô, que vendia produtos de praia. Eles se conheceram ali e começaram a namorar”, conta o filho.
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Quando se casaram, Lenice Regina Ferreira passou a trabalhar na Royal. José era encarregado de fabricar o sorvete, enquanto ela atendia o público.
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Hoje, ela já não atua no balcão, mas ainda ajuda em casa na preparação das frutas e das caldas.
Fábio é o terceiro dos quatro irmãos e, como ele mesmo diz, “cresceu dentro da Royal”. Trabalhou por anos na área de TI em São Paulo, até que uma tragédia pessoal mudou seus planos.
“Meu irmão que tocava o negócio com meu pai teve um problema de saúde e faleceu. Então voltei para assumir junto com meu pai e irmãs.”
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Os três irmãos, Fábio, Júlia e Kátia, estão todos envolvidos de alguma forma com a rotina da sorveteria.
Com 70 anos de funcionamento, a Royal acumula histórias, e algumas delas nem mesmo Fábio conhecia.
“Tem clientes que lembram de sabores que existiam quando eram crianças e que eu, que cresci aqui, nunca vi. Falavam de creme russo, por exemplo. Só fui conhecer depois.”
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Essa relação próxima é marca registrada do lugar.
“Os clientes conversam, perguntam como está meu pai, meu irmão. São amigos. Minha mãe sempre prezou por esse tipo de atendimento.”
Tudo ali é feito na própria sorveteria: são 30 sabores normais e 10 sabores diet, sem açúcar. Há também opções à base de água, sem leite, como limão, abacaxi, maracujá, cupuaçu, uva e açaí, atraindo quem busca alternativas mais leves.
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Os campeões de vendas são clássicos: brigadeiro, doce de leite, nozes, pistache e, claro, as famosas casquinhas e cestinhas, estas últimas conhecidas pela porção generosa.
Em tempos em que comércios fecham com poucos meses de funcionamento, a Royal se mantém firme há sete décadas.
Para Fábio, não há mistério: “Sempre foi a qualidade do sorvete e o atendimento. Minha mãe sempre foi muito próxima dos clientes, sempre conversava, fazia amizade. Isso fez a diferença.”
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Chegar aos 70 anos é motivo de orgulho para a família.
“É uma satisfação enorme. Espero levar até os 100. E que meus sobrinhos e filhos continuem por muitos anos. É muito orgulho.”