Pessoas em situação de rua se tornaram problema grave na cidade de Santos e número tem apenas aumentado nos últimos anos / Nair Bueno/Diário do Litoral
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A cidade de Santos possui uma população em situação de rua e que dorme desabrigada maior do que 30 das 32 subprefeituras da cidade de São Paulo. De acordo com dados divulgados pela Prefeitura caiçara e um censo registrado na Capital no começo deste ano, apenas as regiões da Sé e Mooca possuem mais pessoas morando em condições paupérrimas.
O levantamento realizado entre Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Campus Baixada Santista teve seu resultado parcial divulgado durante o começo da última quinzena de 2020. O relatório apontou que Santos tem um total de 868 pessoas em situação de rua, sendo 761 vivendo nas ruas, a maioria na Região Central, orla e Porto/Macuco, e 107 nos serviços municipais de acolhimento.
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O total corresponde a 0,2% da população da Cidade, que é de 433.311 habitantes, segundo estimativa de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o 4º censo realizado no Município - o último, em 2013, constatou 797 pessoas vivendo nas ruas, o que representa elevação de 8,9%. Os dados completos podem ser conferidos no portal Novo Olhar, em Projeto Integrado de Pesquisa e Extensão.
Apesar dos números apontarem, de fato, um aumento inferior à média nacional no período de dez anos, eles ainda são maiores do que grandes regiões e distritos da Capital São Paulo. Estatísticas divulgadas ainda em janeiro deste ano pelo Centro de Pesquisa e Memória Técnica (CPMT) do Censo da População em Situação de Rua de São Paulo até dezembro de 2019 apontam que ao menos 30, das 32 subprefeituras da Capital, possuem menos pessoas morando nas ruas do que Santos.
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Ao todo, o município de São Paulo possui 24.344 pessoas em situação de rua. Destas, 11.693 estão acolhidas, ou seja, moram em albergues e outras instituições similares, enquanto 12.651 dormem desabrigadas. Ao se dividir as estatísticas de cada distrito paulistano, Santos ficaria pelo menos entre as cinco regiões com mais população em situação de rua.
Em números totais, as 868 pessoas que não possuem residência própria de Santos ficam à frente das subprefeituras/regiões de Santo Amaro, Vila Mariana, São Mateus, Pinheiros, Penha, Cachoeirinha, Vila Maria, Aricanduva, Itaquera, Guaianases e outros 18 distritos.
Quando se trata, entretanto, de separar as pessoas que vivem atualmente em albergues das que moram apenas nas ruas, a principal cidade da Baixada Santista possui 797 pessoas nestas condições e esse número coloca Santos em terceiro ao ser comparado com São Paulo. O município litorâneo fica atrás apenas de Sé, que tem 7.593 pessoas sem um teto para dormir, e da Mooca, que contabiliza 835 pessoas nestas condições.
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A pesquisa efetuada pela Prefeitura e Unifesp se trata da primeira apresentação pública dos dados coletados na noite de 24 de outubro de 2019, em toda a cidade, conforme mapeamento de pontos previamente identificados. A pesquisa censitária, que servirá para abastecer a Prefeitura de Santos de informações fundamentais para traçar políticas públicas a essas pessoas, teve articulação do poder público, universidade, sociedade civil e pessoas que vivem nas ruas.
Em Santos, atualmente, há 21 unidades de acolhimento, sendo nove governamentais e 12 não-governamentais, que fazem parte da Rede Socioassistencial do Município, atendendo população em situação de rua, crianças, adolescentes, adultos e idosos, mulheres vítimas de violência e pessoas com paralisia cerebral. Atualmente, foi ampliada para 100 vagas a capacidade de atendimento nesses serviços, incluindo os recém-criados Abrigo de Emergência e Casa de Passagem - Casa Êxodo.